ENCHANTED - KNJ + PJM

01

Mais uma sexta-feira à noite em que meus amigos me arrastam para o pub, o mesmo pub que vamos há quase cinco anos. Mesmo lugar chato, mesmas pessoas chatas.

Não que eu odeie o pub ou meus amigos, o que acontece é que as coisas são sempre iguais na minha vida. Eu estou exausto da minha rotina e de tudo ser exatamente igual. Sei que ficar em casa não mudaria em nada minha situação, mas pelo menos lá eu não precisaria fingir que estava feliz com a minha vida patética e deprimente. No conforto da minha casa eu podia ligar uma musica alta e chorar sem que me julgassem por isso.

Enquanto meus amigos tagarelam sobre qualquer coisa em que eu não estava interessado, bebia minha cerveja tentando me desligar daquele lugar. Nada contra meus amigos, afinal eles são minha família, meu porto seguro, mas faz um tempo que faltava algo, eu me sento tão vazio e só de pensar nisso um nó se forma em minha garganta.

Dou um longo suspiro enquanto Hoseok faz alguma pergunta para mim, mas como não estava concentrado no assunto não soube responder, então ele rolou os olhos e voltou-se para o resto da mesa. Eles nem se dão mais ao trabalho de tentar me incluir nas conversas, ultimamente minha cabeça estava em outro lugar, um lugar que eu nem sabia onde ficava.

Olho ao meu redor e tudo que eu vejo são vários olhares tão vazios quanto os meus. Todas aquelas pessoas em sua eterna procura por algo que nunca encontrariam. Se observasse atentamente cada uma daquelas pessoas, podia dizer quais eram suas frustrações e medos, porque eu também os sentia. Suspiro novamente, derrotado. Como queria estar em casa ouvindo uma musica boa e talvez tomando uma taça de vinho sem todo aquele barulho ao meu redor.

Levanto-me devagar e ando na direção do bar, estou cansado de ignorar a conversa em minha mesa. Iria ignorar o garçom, ele já estava acostumado com minhas crises existenciais.

– Péssima noite, senhor Park? – Perguntou Jooheon, meu garçom favorito.

– Péssima, terrível, horrorosa – Eu respondo exagerando e ele sorri baixinho, duas covinhas adoráveis surgindo em suas bochechas.

– O especial da casa para você – Ele me entrega a cerveja barata que eu adorava tomar para afogar minhas magoas toda sexta-feira à noite – Por minha conta.

Jooheon sabia que em noites como aquela não devia falar comigo, apenas enchia meu copo quando ele estava vazio e me mandava embora quando já havia bebido demais. Ele sim era um bom amigo e não me obrigava a ir para lugares que não queria ou fingir estar interessado em qualquer conversa que não me atraia de forma nenhuma.

Mas eu não esvaziei meu copo aquela noite, enquanto eu observava as pessoas ao meu redor, um olhar em especial fez com que todo o mau humor que eu estava naquela sexta-feira fosse embora de repente.

Foi um rapaz alto, de cabelos loiros cuidadosamente bagunçados – o que lhe dava um ar despojado – que aguçou meus sentidos. Ele usa um jeans surrado, uma blusa branca do ramones e uma jaqueta de couro preta, mas não são suas roupas ou seu rosto perfeito que me faz sorrir feito bobo, há vários caras lindos aqui, mas nenhum temaquele sorriso.

Acho que fiquei olhando tempo demais para ele, pois o rapaz começa a andar na minha direção. Tento parecer distraído enquanto ele se aproxima de mim com seu sorriso lindo, mas sinto minhas mãos suarem, como se eu fosse um adolescente em um encontro as cegas pela primeira vez. Enquanto eu olho para meu copo tentando parecer alheio aquela situação, seu perfume invade o lugar me deixando inebriado, é um perfume amadeirado que combina perfeitamente com a imagem de bad boy que ele tenta passar, mas algo me diz que ele não é tão mal assim.

– Boa noite – Ele diz passando os dedos entre os fios loiros, covinhas parecidas com a de Jooheon aparecem em suas bochechas enquanto ele sorri. Jooheon que me desculpe, mas elas são ridiculamente lindas, as mais lindas que já vi em toda minha vida.