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 Como diz o ditado: quem é vivo sempre aparece!

Valentina Zenere

— Bom dia, senhorita Zenere! — Meu motorista diz abrindo a porta do carro e sorrio para ele.

— Bom dia, Pablo. Já disse para me chamar de Valentina! — Brinco com um sorriso ao entrar no carro preto de vidros fumê. Pablo entra no mesmo com um sorriso e o liga.

— Aonde iremos?

— Até a casa de Marcos. — Digo e coloco meus óculos escuros que antes estavam em minhas mãos.

O caminho dura bons 15 minutos e aproveito para ouvir algumas músicas em uma playlist aleatória do spotify. Quando chegamos ao prédio onde mora Marcos, peço a Pablo que me espere aqui em baixo e vou até o hall de entrada. O porteiro já me conhece, então libera minha subida sem enrolar. Vou até o elevador e logo estou em sua porta, dou algumas batidinhas e logo um moreno sorridente aparece. Seu sorriso quase some ao me ver, mas noto o esforço do mesmo para manter a pose.

— Valu! Que bom te ver. O que faz aqui? — Ele pergunta me dando espaço para entrar e o faço. Tiro meus óculos e sento-me no sofá. Ele se senta numa poltrona em minha frente.

— O que foi aquela cena? Ontem, no restaurante. — Sou direta e ele franze o cenho. Ergo uma sobrancelha aguardando a resposta, mas o que vem é uma risada irônica do Depietri. — Do que está rindo?

— Eu queria confirmar minhas suspeitas, por isso aquela cena. Agora está mais que confirmado!

— O que está confirmado? Você me deixa confusa. — Murmuro a última frase.

— Simples, Valu. Você e Michael se gostam.

Uma risada completamente descontrolada e nervosa sai de mim e eu tenho a certeza de que estou vermelha.

— De onde tirou isso, Marcos? Está louco?

— Está tão na cara! Bom, acho que ele ainda não percebeu, já que está namorando aquela ruivinha, mas tenho certeza que vai perceber logo. — Ele diz com expressão tranquila e eu não poderia estar mais confusa.

— Pare com isso. — Digo, agora envergonhada.

— Valentina, eu te conheço tão, tão bem. Você podia ter me contado, eu não iria forçar você a seguir com essa mentira se não sente nada por mim.

— Eu gosto do que temos. — Falo brevemente.

— Mas não está sendo verdadeira consigo mesma. Olha, eu sugiro que aproveite a turnê, dê o seu melhor e caso não esteja namorando Michael quando voltar, nós conversamos de novo e resolvemos o que fazer.

— Não! Marcos, não existe "eu e Michael namorando". Nós somos colegas de trabalho e ele é namorado da minha amiga.

— Mas você o viu primeiro. Eu não sou idiota, Valu, sei que vocês já tiveram algo no começo da série. — Nego com a cabeça e reviro os olhos. É verdade, mas eu e Mike juramos esquecer isso.

— Marcos...

— Está tudo bem. Conversamos quando você voltar.

— Okay. — É só o que consigo dizer antes de sair da casa dele, sem nem me dar o trabalho de me despedir.

Marcos nunca havia soado tão tranqüilo e isso tinha um efeito estranho sobre mim. Não sem o que fazer ou aonde ir, então peço a Pablo para me deixar novamente no hotel.

Quando chego em meu quarto me surpreendo com o fato de Gio não estar no mesmo, mas ao ver um bilhete em cima da minha cama entendo o porquê. No bilhete Giovanna dizia ter saído com Lino e não ter hora pra voltar.

Reviro os olhos ao terminar de ler e pego meu celular, logo discando o número de Malena — que sei de cor — e indo direto para a caixa postal. Bufo e me jogo na cama. Logo agora as únicas com quem eu poderia desabafar sumiram.

Repenso minhas outras opções: Jorge havia comentado ontem que sairia com Ana e Ruggero postou em seu instagram mais cedo que estava ensaiando. Gastón nunca está com seu celular, então nem tentarei falar com o mesmo. Karol não é uma opção plausível e Michael... Bom, é o Michael!

Passo cerca de dez minutos encarando o teto, até que uma melodia irritante ecoa do meu celular. Pego o mesmo e fico surpresa. Duas mensagens de Mike. Esse garoto não coopera mesmo!

Mike: Valen, como está?

Mike: Queria conversar contigo

Penso na resposta e na verdade não estou nada bem. Será que Michael é a pessoa certa para eu conversar?

Não, ele obviamente não é!

Mas o fato dele ser o único disponível para conversas no momento, me deixa com certa vontade de falar com ele. Eu respondo sua mensagem pedindo que venha até meu quarto e logo em seguida me arrependo. Penso em apagar a mesma, mas já era tarde, Mike disse um simples "Ok" e em poucos minutos escutei batidinhas na porta do quarto. Suspiro e grito um "Entre!".

— Oi, tudo bem, bonita? — Michael diz quando entra no quarto e me sento na cama, o encarando.

Seria tão mais fácil admitir o que sinto por ele, levar um fora e superar, mas eu sempre preferi os caminhos difíceis e dessa vez não seria diferente.

— Tudo! — Minto com um sorriso no rosto. — Sobre o que queria conversar?

— Então... Queria saber se algo irá mudar entre a gente agora que estamos em turnê e... Bom...

— Quer saber se te beijar vai me deixar apaixonada por você, Mike? — Brinco com ironia, mas ele não ri. — Claro que não! Está louco?

— Ana está insegura...

— Ana confia em você e em mim. Não iremos decepcioná-la, certo? — Pergunto mais para mim que para ele, mas moreno prontamente assente e solta um sorriso forçado.

— Sobre o que aconteceu no quarto ontem... Ou o que quase aconteceu. Podemos esquecer?

— Não aconteceu nada, Michael, mas você me pede pra esquecer muitas coisas, não acha?

— Desculpe.

— Está tudo bem, só... Deixa pra lá!

— Eu não quero estragar a nossa amizade, Valen. — Respiro fundo, sem saber o que falar.

— Você não vai, Mike. Nada vai. — Novamente afirmo mais para mim mesma. — Não vamos misturar as coisas. Você está com Ana, eu com Marcos e vamos continuar assim. — Odiava mentir para Mike, mas usar Marcos como desculpa foi a primeira ideia que tive.

— Tudo bem, então. Eu vou... vou...— Ele parecia buscar uma desculpa para sair dali.

— Okay, pode ir. Até mais tarde! 

— Até! — É a última coisa que ele diz antes de deixar o quarto.

Suspiro e pego meu computador na escrivaninha, ligo e entro na netflix. Me deito novamente na cama e começo a assistir The Vampire Diaries — pela milésima vez.

Behind The Concerts [Michaentina]Onde histórias criam vida. Descubra agora