Era Cinza - A Extinção

Capítulo 3

Pov Sanli

Eu estava de pé, à poucos metros da rainha. Mérida estava no campo, sentada à mesa branca, na companhia do sábio Lilupse, rei entre os Pnouns. Tentava ouvir o que eles diziam, porém era quase impossível, pois balbuciavam.

Havia horas que os dois estavam ali, conversando; já era o entardecer e para nós, Feiticeiras da Luz, a hora em que tínhamos que entrar em nossos aposentos e não sair do mesmo até o amanhecer.

Finalmente eles se levantam e se curvam um perante ao outro, depois caminham para até onde eu estava, logo assento:

–Minha senhora, meu senhor. - os dois me olham, e assentam mutualmente.

E após eles passarem, eu logo vou atrás, os seguindo até a sala do trono. Achava engraçada a diferença de tamanho entre os dois. Os Pnouns eram muito pequenos, não alcançavam oitenta centímetros de cumprimento.

E chegamos a enorme e clara, sala do trono. Lilupse se despediu de Mérida, beijando suas mãos, tendo como apoio as suas pequenas mãos um pouco sujas, por conta de morarem em buracos na terra. As soldadas abrem caminho para ele, o qual segue para a Terra de Prounst.

Pouco depois, a rainha me chama:

–Sanli, venha até aqui por favor querida? - ela pede gentilmente.

–Minha senhora. - me curvo.

–Boas novas! - indaga animada. - Um encontro inesperado irá acontecer, e poderá mudar tudo! - exclama. - Você seguirá para o Bosque de Cogumelos Gigantes em breve! - diz com brilho nos olhos.

~~*~~

Pov Gabriel

Não aguentava mais o barulho estridente que jazia ao afiar minha espada. Eu estava sentado num banco de galhos retorcidos, em frente à maior árvore da Floresta Cinzenta, a qual ficava ao norte de Castelo. Gostava de me sentar ali, para pensar, e esclarecer ideias. Até que num susto, Montlow interrompe meus pensamentos:

–Te achei garoto travesso! - indaga dando tapas em meu ombro, e se sentando ao meu lado. Normalmente, era Seelow que me chamava por esse nome, quando eu era apenas um garoto, e ela estava viva.

–Não acho que sou mais um garoto querido Montlow. - digo sorrindo.

–Ora Gabriel! - ele sorri. - Sempre será um garoto para mim. - continua com um sorriso gentil. E se pronuncia, após uma longa pausa. - Te admiro muito Gabriel. - olha em meus olhos.

–Grato, também te admiro muito senhor. - volto meu olhar para a árvore.

–Você salvou minha vida! Por isso lhe devo a minha! - exclama sorridente. - Sei que és forte, valente a corajoso!

–Agradeço os elogios; porém estou certo de que não sou merecedor de tamanha honra. - olho para seus olhos negros novamente.

–Pelo contrário querido amigo! - ele exclama. - Estou velho, e pelo o que sei da vida, o garoto daria um bom sucessor!

–Isto é sério senhor? - questiono surpreso.

–Mais do que sério! Você partirá amanhã mesmo, até o Reino Branco de Ólien! E com a minha benção!

~~*~~

Eu não podia acreditar no que acabara de ouvir! Tanto tempo de espera, porém, agora eu recompensaria todo esforço e recepção que as Criaturas deram a mim, quando precisei! Voltarei vitorioso desta jornada! É uma promessa!

~~*~~

Pov Tiena

Não acredito que estou mesmo fazendo isso. Mas preciso; preciso viver minhas próprias aventuras, eu nunca atravessara a Fronteira do Muro de Espinhos. Tia Malin, e tia Unim irão entender, eu sei disso.

Estou saindo pela lateral esquerda da caverna; como aqui é muito úmido, pequenas ondulações apareciam no chão, até eu chegar à porta. Uma pequena porta de madeira úmida; eu desço um degrau, tentando não escorregar; o único degrau que lá existia, já que a porta se encontrava mais abaixo. Tento abri-la o mais lentamente possível; porém é totalmente impossível não ouvir o seu ranger. Fecho os meus olhos, os apertando com força enquanto continuo a abrir a porta, torcendo para não ser descoberta.

Nisso um barulho. Abro os olhos rapidamente num susto. Havia algo se mexendo do lado de fora; eu logo penso em fechar a porta, porém acabo abrindo-a de uma vez. E chegando ao outro lado, era ela, Shin, da raça das pequenas fadas; ela vivia no Bosque do Cogumelos Gigantes, para onde estava me levando. Eu logo exclamo:

–Céus! Desejas me matar de susto? - pergunto exaltada.

–Me desculpe Tiena, não fora minha intenção. - diz Shin se curvando perante mim.

–Está bem Shin, não é necessário penitências. - digo me acalmando. - Podemos ir?

–Claro alteza. - ela indaga sorrindo, mostrando seus inúmeros e pequeninos dentes; e eu sorrio de volta sem muita vontade, porém tentando demonstrar educação.

Conheci Shin aos onze anos, quando saia para brincar no Rio Figim; qual existe da lateral direita da caverna. Naquele dia, era o início da primavera, e as Pequenas Fadas faziam sua famosa viagem por toda a Terra de Auyen. Como Shin era a mais travessa, logo veio brincar comigo. Lembro-me deste dia como se fosse ontem.

~~*~~

Nós então seguíamos para O Bosque de Cogumelos Gigantes, passávamos agora pelo longo muro de espinhos, o qual envolvia as extremidades de toda a caverna. E esse era o inicio, de minha outra nova vida.

~~*~~

Pov Sanli

–Ah sim! - exclama Mérida. - E não se esqueça de trazer-me um pouco do brilho das fadas! São um tanto especiais. - indaga sorridente.

–Eu trarei minha rainha. - digo me curvando.

–Faça uma boa viagem querida Sanli! - exclama com um belo sorriso, e pronta para acenar.

–Sim, o farei. - respondo animada, porém não demonstrando tanto.

–Ajude-a Breta. - ordena Mérida, pedindo para que Breta me ajudasse com algumas malas.

–Sim senhora. - indaga Breta se curvando.

Então eu saio de lá, dou uma última reverencia à rainha, e logo saio em direção à enorme porta de cristal. Breta ma acompanhou até a saída do castelo; de lá nos despedimos e eu segui sozinha.

~~*~~

Mérida me escolheu para tamanha tarefa, pois eu e minha mãe éramos as únicas da raça das Feiticeiras da Luz que já ultrapassara a Fronteira, ou saiu da Floresta de Neve. Mas será que estava realmente pronta?

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