friday night and the lights are low

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- Ai Thalia, tu é muito chata, não sei como eu te aguento.
Uma das duas jovens que caminhavam pela rua escura, brincando com a amiga, a abraçou de lado enquanto dizia isso.
- Mel, só aceita, tu me ama. - Retrucou a jovem de cabelos cacheados, Thalia.
- Amo mesmo. Se não fosse por você, a gente nunca estaria aqui. - Comentou Mel, abraçando forte a amiga.
Alguns meses antes, Thalia cismou com a ideia de viajar para a Coreia do Sul num intercâmbio, nem que fosse de um mês apenas. E não parou de insistir nisso ate conseguir o que queria. Não foi tão difícil como ela acho que iria ser, o que mais deu problema foi convencer Mel a ir com ela.
- Thalia, eu não sou rica, aí tu me vem com uma ideia dessas e me deixa só na vontade! - Disse Mel.
- Vai me dizer que tu não quer? - Respondeu Tatá, quase implorando de joelhos pra ter a companhia da melhor amiga.
- Mas é claro que eu quero e vou, nem que eu fique endividada até minha quarta geração! - As duas explodiram em risadas.
E seu sonho se tornou realidade. Logo as duas garotas de São Luís estavam em um avião rumo à Seoul, onde iriam passar um mês de "férias", estudando o idioma.
Mas uma das primeiras coisas que elas fizeram foi gastar grande parte do dinheiro comprando goodies de grupos de kpop, principalmente do NCT. Podia-se dizer que a mala de Thalia era um santuário de Nakamoto Yuta, de tantas as fotos dele que tinham lá.
Numa certa sexta-feira, Mel resolveu que ir para uma balada era a melhor opção. Ela iria com ou sem Thalia, que acabou indo com medo da amiga enlouquecer na festa e sair cantando Cherry Bomb por aí.
As duas estavam brincando uma com a outra no caminho, até chegarem em um lugar relativamente escondido. Tinha uma pequena fila, mas nada que matasse alguém de chatice de tanto esperar. Enquanto as amigas comentavam sobre como as coreanas só usavam roupas tumblr e o quanto cada uma estava louca pra dançar bastante, a fila ia andando, até que puderam entrar no local.
O som alto, o local escuro, a grande quantidade de pessoas. Esses pontos incomodam iniciantes de baladas, mas as maiorias nctzens do Brasil se jogaram no meio da multidão e dançaram como se não houvesse amanhã.
Algum tempo depois, Thalia cansou de tanto dançar e resolveu pegar uma bebida. Mel já estava de rolo com um garoto que parecia familiar a ambas, embora não soubessem dizer porque. Os dois conversavam em um coreano bem enrolado. Enquanto isso, Tatá estava no bar, pedindo sua segunda dose de soju.
- Doeu quando você caiu do céu?
A garota olhou desconfiada para o lado, onde se encontrava um garoto com um rosto extremamente familiar, embora a ausência de uma boa luminosidade a impedisse de descobrir quem era. Ele usava uma máscara, como se estivesse doente, deixando apenas seus -lindos- olhos visíveis. Thalia se perdeu neles por um momento, mas logo recobrou a atenção e ponderou se deveria dar bola pra ele. Poderia ser um sequestrador, um estuprador, um assassino de aluguel. Vai saber! Mas os olhos dele eram tão fofinhos que ela decidiu dar uma chance e o respondeu com seu coreano básico.
- Porque eu sou um anjo?
- Eu diria que é uma deusa. - Falou o garoto, piscando um dos olhos para ela, que se derreteu toda. - O que uma estrangeira bonita como você faz por essas bandas?
Thalia teve que respirar fundo algumas vezes, já que estava bem nervosa por conversar com um garoto tão bonitinho- bem, pelo menos seus olhos.
- Vim dançar um pouco com a minha amiga. - Respondeu, sorrindo de canto.
- De onde uma beldade dessas vem? - Disse o garoto, com os olhos brilhando.
- Do Brasil. - Tatá deu de ombros, pois já imaginava como ele iria reagir. "Brasil? Carnaval, samba, praia!".
- Brasil? Que legal! Eu sou louco pra visitar seu país. - Descontraídamente, ele colocou a mão sobre a dela, que corou na hora. - Poderia agraciar minha audição com o seu nome?
- É Thalia. E o seu? - Teve que pegar um guardanapo e começar a abanar discretamente o rosto. O garoto dos seus sonhos estava na sua frente! Bem, depois de Yuta, claro.
- Pode me chamar de Y. - Ele pareceu meio nervoso ao responder, mas a menina resolveu deixar quieto.
Depois de passarem alguns minutos conversando, Thalia pediu licença para ir ao banheiro. Chegando lá, encontrou Mel dançando valsa imaginaria em frente aos espelhos.
- Então... Tudo bom? Tudo bem contigo? - A morena abraçou a amiga, que parecia já estar bêbada.
- Ai Tatá, eu não sei se é todo o soju que eu tomei mas aquele gatinho que tá me paquerando parece o Winwin. - Mel estava com um sorriso enorme no rosto. Definitivamente a primeira opção.
- Eu acho que tu devia pegar um táxi e voltar pra casa agora. - A sóbria do rolê jogou um pouco de água na cara da amiga, tentando trazê-la de volta ao normal.
- Só eu? E tu fica aí paquerando aquele gato? Pensa que eu não vi né???? Da tua melhor amiga nada escapa. - Mel ria a cada frase, embora parecesse estar um pouquinho mais sóbria. - Eu não to bêbada, tá?
- E eu não to na Coreia do Sul. Anda, vaza. Liga pro táxi que eu vou atrás do meu príncipe encantado. - Thalia sorriu e saiu saltitando do banheiro, voltando para seu lugar no bar.
O garoto continuava ali, conversando com o barman. Parecia estar pagando a conta, como se já fosse sair. Tatá quase correu pra alcançá-lo lá, com medo de que ele fosse embora.
- Já quer sair?
Ele virou para ela e sorriu com os olhos.
- Essas luzes me deixam com dor de cabeça. Só aguentei porque nossa conversa estava interessante demais para perder. - Thalia não parava de imaginar como o sorriso de Y deveria ser lindo.
Contas pagas, os dois saíram da boate e ficaram do lado de fora, em um silêncio nem tão constrangedor. Logo, Y o quebrou.
- Quer dar uma volta? - Disse, estendendo sua mão.
As engrenagens da cabeça de Thalia voltaram a funcionar nesse momento. A hipótese de que ele poderia ser um sequestrador ou assassino ainda estavam de pé, não importa o quão fofo ele fosse. Ela então tomou a decisão mais responsável.
- Bem, minha amiga já deve ter ido embora, então... Pode ser. - Aceitou a mão de Y e se dirigiram ao seu carro.
Assim que os dois entraram, a partida não foi dada. O coração de Thalia acelerou, não porque ela ficou com medo, mas sim porque a mão dele foi de encontro a dela.
- Thalia, eu gostei muito de ter te conhecido essa noite. E, caso eu só vá te deixar em casa agora, gostaria de pedir uma coisa. - Seus olhos estavam tão fofos nesse momento que Tatá quase disse que ele poderia pedir o que quisesse que ela faria. Mas apenas acenou com a cabeça em afirmação. - Você me permite beija-lá?
A alma de Thalia viajou ao céu, passou pelo inferno bem rapidinho porque voltou com muita força e retornou a si, enquanto a mão de Y se aproximava de seu rosto, fechando seus olhos. Ela ouviu o barulho de tecido, e logo suas bocas se uniram como se fossem feitas uma para a outra.
O beijo não foi longo, e logo Thalia pode abrir os olhos, feliz por ter decidido vir à balada com Mel hoje. A máscara estava de volta ao rosto de Y, mas ela pode sentir que ele estava sorrindo que nem ela. Dando partida no carro, eles passearam por Seoul, observando a vida noturna da cidade, e, toda vez que precisavam parar no sinal, beijando um pouquinho aqui e ali.
E esses beijos levaram a algo mais. Ao chegarem em um prédio residencial, Y levou Thalia à um apartamento pequeno e aconchegante. Parecia ser um local para dois, e barulhos podiam ser ouvidos de uma das portas. Tatá não ficou muito curiosa pra descobrir o que tinha ali.
Mas nem teve tempo de raciocinar demais. Quando se virou para o garoto dos olhos perfeitos, ele estava sem a máscara, mas estava escuro demais para ver seu rosto. Ela se aproximou, e ele avançou rápido nela, beijando-a com mais paixão e intensidade.
Conseguiram chegar até o quarto de Y, fechando a porta e fazendo cherry bomb a noite toda.
Na manhã seguinte, Thalia, sendo a garota estudiosa que é e acostumada a acordar cedo, se viu abrindo os olhos pouco depois do nascer do sol. As memórias da noite passada não saiam de sua cabeça, assim como o sorriso que grudou em sua face.
Sem conseguir esperar um instante, virou o rosto para Y e reprimiu um grito.
Y era, ninguém mais ninguém menos, Nakamoto Yuta, mais conhecido como o amor da vida de Tatá. Seu cérebro parou de funcionar, sua alma viajou o mundo e seu sorriso cresceu até doer os músculos.
Ela não podia acreditar que tinha passado a noite com o ídolo que sempre amou, desde que conheceu NCT.
Seu coração pulou uma batida quanto percebeu que ele estava abrindo os olhos, e não teve tempo de fingir que ainda estava dormindo.
- Parece que você descobriu a minha identidade, não é mesmo? - Ver o seu perfeito sorriso de perto e escutar sua voz matinal rouca era demais para Thalia, que explodiu em perguntas em inglês, português e coreano. Yuta apenas ria dela, e a calou com um beijo.
Isso foi o bastante para Tatá ficar feliz pelo resto da vida. Ele se levantou para fazer o café da manhã, enquanto ela ligava para Mel querendo contar o ocorrido. Porém, começou a escutar um toque conhecido naquele quarto com sons estranhos na noite passada....
Ao entrar lá, encontrou a amiga dormindo com, sim, Winwin! Novamente, Thalia segurou o grito, e Mel segurou o riso. Ela aparentava estar acordada há um tempo, tirando inúmeras fotos de Sicheng dormindo.
Logo, Yuta chamou Thalia, que foi comer o delicioso café da manhã preparado por seu ultimate bias. Ela ainda achava que era tudo um sonho, quando logo foram acompanhados por Mel e Winwin, que havia acabado de acordar.
Aquela manhã foi tão mágica quanto à noite anterior, pois -sim, eles são ninfomaníacos e fizeram cherry bomb de novo- Thalia teve a confirmação de que tudo era realidade.
Mas tudo que é bom dura pouco, e logo as duas amigas tiveram que ir embora. Mas não sem antes de tirar varias fotos e dos meninos salvarem o número delas. Eles prometeram que logo entrariam em contato com elas, e fizeram questão de as deixarem em casa.
- Thalia, me belisca que eu to sonhando ainda. - Disse Mel, já largada em sua cama.
- Mulher, nem eu to acreditando nisso. - Tatá respondeu, largada em cima de Mel.
- Vai demorar um tempo até eu aceitar que isso realmente aconteceu.
- É, pra mim também.

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alguns meses depois...

Thalia havia acabado de sair da aula. A faculdade não estava fácil. Depois de voltar do intercâmbio, ficou completamente nos estudos para poder mostrar a mãe que a filha dela era extremamente responsável e que ela poderia a deixar viajar assim mais vezes.
Seu dia não estava tão bom, já que ainda não havia visto a melhor amiga que ainda estava em aula e nem sinal de seu almoço. Mas ficou 300% melhor quando pegou o celular e viu a mensagem que tinha.

desconhecido: sinto sua falta. Se prepare pra me ver logo.
desconhecido: - Y

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