Capítulo único

94 22 17
                                    

Notas iniciais

Conto escrito para o desafio do dia dos pais do ink

........................................................................

Todo mundo conhecia o professor Eri.

O professor de biologia que todos os alunos amavam. Meio pirado, que vivia com a blusa suja de giz e os óculos escorregando no nariz. Aquele mesmo que sempre andava com uma caneca do Darth Vader cheinha de café, e ameaçava dar spoilers de seriados para quem não ficasse quieto.

Os professores conheciam o colega Eri, que havia se vestido de mitocôndria para a festa do colégio, e junto com os alunos do sétimo ano haviam feito uma briga com pistolas de água e acabado molhando o diretor.

Minha mãe conhecia o marido Eri, que mesmo depois de 18 anos ainda vinha como as mesmas cantadas nerds de quando eram adolescentes, que fazia o café favorito dela nos domingos e que havia bebido no natal passado e perguntando se minha mãe era casada, e quando ela disse que sim, ele chorou de forma copiosa.

Mas só eu conhecia o pai Eri.

Que me acordava toda manhã cantando a mesma música, que me chamava de jubinha e cantava a música do Caetano leãozinho quando eu chegava em casa.

E que tinha as famosas...piadas pontuais.

-Paaaai, socorro!

-O que foi Jubinha?

-Tinha uma aranha no meu sapato! Quase calço com ela dentro.

-Você quase calça o sapato que a coitada estava usando? Que rude.

Chegando em casa

-Paaaai, fome.

-Oi Fome, sou o pai.

Me buscando no shopping.

-Jubinha, na frase é proibido estacionar, onde está o sujeito?

-Pai...

-Sujeito a guincho.

Assistindo crepúsculo.

-Sabe qual o cereal favorito do vampiro?

-Não...

-Aveia.

Esperando minha mãe se arrumar.

-Que demora.

-Tenha paciência, pai.

-Eu sou paciente, sua mãe não.

-Pai...

-Ela é médica.

Chegando na casa do vovô.

-Sabe o que sua tia Odette aprontou?

-Não gosto de fofocas.

-E eu não gosto de babaleias. Sabe o que sua tia aprontou?

-Meu Deus...

Ele nunca perdia a piada.

Ele nunca deixava de tentar me fazer sorrir.

-Gosto muito de te ver, leãozinho.

-Eu também te amo, pai.

-Eu já te contei aquela de...

-Vai dormir, pai.

-Sem graça.

O professor EriWhere stories live. Discover now