Capítulo 1: Junho

63 5 0
                                    


Alexandra Stan- Mr. Saxobeat

Esta música é muito boa, eu adoro quando ela começa a tocar nas festas, eu sentia vontade de rodopiar pela pista de dança enquanto segurava uma boa garrafa de catuaba toda vez que eu a escutava. Para ser bem sincera, eu estava fazendo exatamente isso há vinte minutos, no centro de uma roda de amigas bêbadas, já que este será meu último fim de semana do penúltimo semestre da faculdade. Faltava pouco para a tão sonhada férias de Julho.

Por escolha do destino, senti vontade de ir ao banheiro e me deparei com um par de olhos cor de mel no caminho. E quando eu reparei estava no andar de cima da boate, dentro de uma sala restrita para funcionários, agarrada em um corpo masculino.

– Ei– ele parou o beijo, deixando-me irritada– Qual é o seu nome, moça?

– Viviane– Mentira, meu nome é Luna. Mas Viviane é meu nome falso, muito utilizado em situações como essa.

­– Prazer, o meu é...

O beijei novamente, enfiando minha mão sorrateiramente embaixo da calça do rapaz. Não me interessava o nome dele, eu sempre evitava me apegar com homens que eu conhecia em festa, pois nunca acabava bem. E mesmo que ele me dissesse o nome, estou bêbada demais para recordar.

Meu celular vibrou dentro da minha bolsa pela quinta vez, mas tive que ignorá-lo novamente. Eu tinha certeza que era Sophia ligando; eu iria voltar de carona com ela.

– Luna!– alguém gritou do além no mesmo instante. Minha mente de bêbada pensou que fosse o celular falando comigo, então eu parei o beijo e catei o celular da bolsa.

– Luna, onde você está?– Sophia berrou de algum lugar.

Encarei o celular, extremamente confusa.

– Vivi, acho que sua amiga está lá fora te procurando– disse o rapaz. Como assim eu já ganhei um apelido? Estou perplexa.

– Verdade, tenho que ir viu– beijei a bochecha dele num gesto extremamente esquisito e sai correndo de dentro da sala.

O segundo andar estava mais vazio, não encontrei minha amiga lá. Desci as escadas correndo e quase tropecei no último degrau. Sophia estava na porta do banheiro feminino, com uma cara de preocupação estampada no rosto.

– Luna! Eu te procurei por todo canto! Gabriela está passando mal no banheiro, a brigadista já está com ela. Acho melhor a gente ir embora.

– Coitada! Deixa eu entrar aí­– Furei a fila do banheiro e fui atrás da Gabi. A brigadista estava apenas encostada na porta assistindo a minha amiga vomitar toda a catuaba dentro do vaso sanitário– Não vai fazer nada não, querida? Eu hein.

Entrei na cabine e me ajoelhei ao lado do vaso. Segurei o cabelo sujo de Gabriela e fiquei dizendo palavras reconfortantes. Mas assim que ela se atirou dentro do vaso para vomitar novamente eu não aguentei, meu estômago embrulhou e toda a catuaba subiu dentro do meu corpo. Foi uma cena em tanto.

Depois de uma hora dentro do banheiro, nós duas saímos com a ajuda da brigadista. Eu já não dizia coisa com coisa, desejava apenas ir embora daquele lugar. No meio do caminho percebi que eu não estava enxergando muito bem e constatei que uma das minhas lentes de contato não estava mais comigo.

– Trágico– eu disse– Simplesmente trágico. Eu não consigo enxergar nada. Você pensa que é fácil ter cinco graus de miopia? Pois eu te digo uma coisa: não é. Alguém vai ter que me guiar até a saída, porque se depender de mim eu passo dois dias perdida aqui dentro.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Aug 25, 2018 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

IntersectionWhere stories live. Discover now