CAPÍTULO 01

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Criar nem sempre é a coisa mais fácil quando se diz respeito a canções. 

Música não é algo a ser levado 'nas coxas', não para mim. Minha relação com sentimentos sempre foi algo muito conturbado, principalmente quando o assunto é 'sentimentos amorosos'. Tudo o que tenho de facilidade de demonstrar para uma amiga e um familiar, ou até mesmo em uma canção, sem travas, amarras ou bruscos congelamentos, não tenho quando preciso expor pra alguém do sexo oposto o que venho sentindo e talvez seja por conta disso que mascarar sentimentos sempre foi muito comum na minha vida. 

Sempre fui uma pessoa muito intensa, desde que me conheço como gente. Quando eu gosto, gosto demais; quando amo, amo demais; quando me aborreço, saia de baixo! e por muitas vezes acabo sofrendo com meu jeito de ser. Amigos que só te procuram quando precisam de algo, que somem quando você nada mais pode oferecer ou nada mais de interessante possa ter. Dar de mais e receber de menos. Você se identifica com isso? Essa é uma das minhas maiores realidades.

Com a chegada do estouro da fama, de forma bem rápida até, minha vida se resumiu a algo um pouco mais solitário. Em resumo: você está sozinho mesmo quando se encontra em meio a um mar de gente. Com o tempo aprendi a valorizar meus companheiros de equipe, a formar dentro daquela rotina exaustiva uma nova família. Com a vida acontecendo, aprendi a valorizar os poucos e verdadeiros amigos que o cenário musical me trouxe e, quando digo cenário musical, não me refiro a Marília Mendonça estourada, que tem parcerias e colaborações a torto e a direito; me refiro a Marília de antes disso, a que sentava pra compor com um violão, um excelente amigo e um caderno; me refiro a Marília que começou a ver a vida sorrir pra ela na forma de suas canções gravadas por cantores de renome, que posteriormente seriam essenciais nessa longa caminhada até os dias de hoje.

Um outro fato curioso é minha baixa autoestima pessoal e a autoestima pública. 

Talvez esses termos de fato não existam mas, na minha realidade, essa foi a melhor forma de rotular o que de fato acontece comigo. Não se iluda: eu me importo. Muito. Olhares tortos me deixam desconcertada, risadinhas em cima do meu corpo me deixam com o rosto queimando de vergonha, um flerte qualquer sempre me traz a descrença na situação.   

Com o tempo e uma boa dose de terapia aprendi a não dar muita moral para os amigos de conveniência, a não me importar muito comas rasteiras da vida e a sofrer menos; mas minha autoestima é um ponto chave, um asterisco circulado algumas vezes no arquivo da terapia. Mascaras deveria ser o nome do meu novo trabalho, sou a rainha delas. Você diria que minhas atitudes e meu comportamento em público são condizentes a essas confissões? São quase 2 anos de análise e esse assunto é um fato: sempre caímos de novo nele.. até minha história começar de fato a acontecer. 

Criar nem sempre é a coisa mais fácil, principalmente quando se diz respeito a escrever sua própria história.   

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⏰ Última atualização: Aug 27, 2018 ⏰

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