Nada é por acaso
Parte 12
- Oii...
- Letícia? Eu pensei que vc não vinha mais
- Eu disse que eu vinha
Michel a abraçou com força e com os olhos cheios de lágrimas.
- Vc tá gatona heim toda patricinha.
- O que um banho não faz, vamos ali tomar um café comigo
Michel foi, chegaram em uma padaria próxima, e Letícia pela primeira vez pelo menos no que se lembrava, estava do outro lado, via agora com os olhos dos outros o que quanto era desagradável o mau cheiro de um morador de rua, o quanto as pessoas se sentiam incomodadas.
- Tá todo mundo olhando pra vc... Achando que vc tá ficando louca de me trazer aqui
- Eu não ligo.
Letícia contou tudo pra ele, como era a sua rotina e como ela estava se sentindo, contou das lembranças e da foto
- muito estranho isso, já parou pra pensar que vc pode ser da família
- Claro que não eles já teriam lembrado de mim
- Isso é... Mas e se eles lembraram e estão te fazendo de boba de empregada? - Michel disse sorrindo
- Aí Michel vc tem cada ideia
Terminaram o café e saíram
- Vamos comigo na loja?
- Ohhh sem passado não tem como, o povo já vai achar que eu tô roubando, vai lá ...
- Michel.. e as drogas?
- Tô usando ...
- Meu para com isso por favor, agora eu tô trabalhando e posso te arrumar um emprego também, mas vc precisa parar com essas coisas
- Para com isso vc teve sorte, eu não tenho tô aqui a minha vida toda e nunca tive sorte na minha vida
- Você poderia pelo menos uma vez na sua vida ter otimismo
- Eu sinto sua falta...
- Eu também sinto muito a sua falta
Michel e Letícia se abraçaram e se despediram
- Eu volto quando der - Letícia entregou uma sacola com algumas coisas de higiene pra ele
- Ontem meu patrão me deu umas roupas que não quer mais, e eu trouxe pra vc
- Obrigada.
- Michel toma esse dinheiro. Eu gostaria muito que vc não usasse Crack queria de verdade que fosse pra algum alimento ou pra um banho.
- Vou me esforçar
Letícia saiu com lágrimas nos olhos, se deu conta de que sentia muito mais falta de Michel do que pensava. Comprou roupas, e um par de brincos ela ainda tinha a orelha furada. Estava na hora de ir embora, sentiu um frio na barriga quando entrou no metrô, na escada encontrou alguns conhecidos, claro eles lhe pediram dinheiro, ela deu um pouco pra cada.
Seguiu as instruções de Gabriel, desceu na estação que ele mandou e estava andando sentido a casa, era próximo a estação.
- Letícia - ela num impulso de ter escutado seu nome olhou pra trás. Uma senhora de mais ou menos 60 anos se aproximou - tudo bem?
- Tudo... - o coração de Letícia acelerou alguém a reconheceu - eu não me lembro da senhora.
- Eu sei que não... Agora tudo faz sentido. Agora eu entendi tudo
- Senhora quem não está entendendo sou eu..
- Meu nome é Maria sou ex empregada da Marta e do Gabriel ... Meu deus como pode..
- Senhora eu não tô entendendo como a Sra sabe que meu nome é Letícia
A mulher engoliu seco
- Falei com vc aquele dia no telefone
- Mas não me viu. Senhora por favor - os olhos de Letícia encheram de lágrimas - eu perdi a memória e eu não sei quem eu sou, de onde a Sra me viu? Como sabia que eu era a Letícia que a Sra falou no telefone?
A mulher foi se afastando e Letícia entrou em desespero
- Por favor por favor
Nesse momento Marta encostou com o carro Letícia se assustou e a mulher foi embora
- O que aquela mulher te falou?
Letícia viu desespero na voz de Marta
- Nada .
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Nada é por acaso
RomanceUma moradora de rua consegue uma mudança de vida surpreendente. Mas será que foi por acaso?