Te recortar, me desfazer

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25/07/2018

O que sinto em um corte é mínimo
Comparado a viver agarrado
A cactos de memórias

Minhas lembranças estão impregnadas
É uma praga
Se instalou por todo canto e sempre que canto
Te recordo

Até tento
Te recorto,
Colo, rasgo, acabo a borracha mas não te apago

Espasmos repentinos
Reflexos de um abraço distante
E pensar que hoje teus braços nem são mais meus
Corto o dedo e a cebola intacta
Rola sobre a mesa
Cai levantando um eco vazio
Caiu a cebola e derrubou a ficha
Agacho, pego a cebola

E mais uma vez

Te recorto..

Estilhaços falamOnde histórias criam vida. Descubra agora