Capítulo 1

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Capítulo 1

No incidente...

A noite era fria, ventos leves ecoavam pelas ruas.
Marcelo tremia enquanto estavam escondidos atrás da estante da sala de estar.

-Não devíamos ter feito isso - sussurra, o medo era notável em sua voz, Daniel percebe que o irmão começou a chorar, percebeu pela sua voz fraca.

-Shhhhhhh -Daniel sussurra, ele sabia que oque quer que fosse que tinha feito todas as luzes da casa se apagarem agora estava entrando na casa para fazer sabe lá oque com os dois irmãos, seus pais estavam em um jantar, e oque tinha desligado todas as luzes daquela casa ao mesmo tempo Daniel se pergunta mentalmente, ele esperava o pior, "Será que são eles" se pergunta mentalmente de novo, então a porta se abriu, um pequeno rastro de luz dos postes da rua invadiu a sala de estar, "Droga, devíamos ter ido para o quarto", a sala ficou em silêncio, parece que quem quer que estivesse lá fora estava esperando algum barulho dentro da casa antes de entrar, então finalmente *Passos*, Daniel abaixa a cabeça para ficar totalmente escondido, olha para o rosto do irmão e percebe em seus olhos verdes, o medo dele era tanto que ele não conseguia nem mais chorar, ouviram a porta se fechar " Será que a chave está na porta?" agora passa pela cabeça de Daniel todas as vezes que sua mãe mandará ele fechar a porta com tranca a partir das 6 horas caso ela não estivesse em casa, agora ele se arrepende de ter se esquecido de fazer isso hoje. Os passos se direcionam até o sofá, a estante em que ele e seu irmão estavam escondidos ficava do outro lado da sala, e eles sempre se escondiam ali por ela conter o espaço perfeito para o corpo dos dois juntos, Daniel não se atreve a olhar para quem estava agora encarando a televisão deles, seus pais chegariam as 8 horas, "Talvez possamos ficar escondidos até eles chegarem" pensa.
Os passos agora iam para a cozinha, Daniel percebeu pelo andar regular que era apenas uma pessoa, Marcelo começou a chorar novamente... Os passos param. O leve choro de Daniel parecia ter ecoado até a cozinha e o invasor talvez tenha percebido isto.
-Para ele vai nos ouvir - Daniel belisca Marcelo. Os passos começaram a voltar para a sala e ele sabia que quem quer que fosse, este invasor tinha ouvido o choro de Marcelo, "DROGA" Daniel exclama, agarra o braço do irmão e corre em disparada da porta da frente, ao se levantar ele viu apenas de canto de olho o invasor, parecia que ele usava um manto. "VOU CHEGAR PRIMEIRO" pensa Daniel, enquanto se aproximava da porta agarrando o braço do irmão que sofria para acompanhar a corrida de Daniel, e o invasor não fez nada apenas os deixou correr, ele chegou na porta com o irmão, e foi aí que ele descobriu o verdadeiro pânico, "A porta, ele trancou a porta."
Então ele se vira posiciona o seu irmão atrás dele toma coragem e volta seu olhar para o invasor, ele estava parado a porta da cozinha, parecia rir, mas sua risada ao mesmo tempo parecia o choro de mil mortes. Estava com a cabeça abaixada e um capuz tampava sua cabeça.
-OQUE VOCÊ QUER, NOS DEIXE EM PAZ.. - Grita Daniel.
-OQUE VOCÊ QUER, NOS DEIXE EM PAZ.. -O invasor repete, mas ele não simplesmente repetiu, ele repetiu com a mesma voz de Daniel, a mesma afinação da criança frágil de 11 anos que Daniel era. Todos os tons exatamente copiados.
O riso do invasor que ao mesmo tempo parecia chorar aumenta, e ele levanta a cabeça finalmente, o capuz ainda tampava seus rostos, então lentamente a criatura levanta as mãos magras e retira o capuz, ela não tinha feição, não tinha olhos, nem bocas nem nariz nem orelhas e muito menos cabelos, sua cabeça era apenas uma extensão de seu corpo, era como se ela não tivesse vida, então Daniel percebe que ela não tinha falado quando imitou sua voz, a voz estava na mente dele, não a mais dúvidas, é ela.
-Crianças não devem brincar com o tempo, não, não devem mesmo - a voz da criatura ecoa novamente na mente de Daniel, e talvez também na do seu irmão, porque ele recomeçou a chorar, tinha parado quando seu irmão o colocará atrás de seu corpo mas agora ele vira a criatura e recomeçou a chorar. -Tempo é apenas para os temporais - termina de dizer a criatura.

-ME DESCULPE, NÃO FAREI DE NOVO, NOS DEIXE IR -Daniel grita numa tentativa tosca de convencer a criatura.

-Não voz farei mal se pagar, pagar temporal pagado será o tempo...
"Pagar, oque este ser quer dizer com isto?" Daniel já sabia que a criatura não queria dinheiro mas mesmo assim disse.

-Pagar, como assim eu não posso te pagar não tenho dinheiro, mas meus pais podem, nos deixe ir por favor...

-Criança não pagará com dinheiro pagará com valor, não valor de dinheiro valor sentimental, o tempo apenas aceita valor sentimental.

-Afinal oque você quer? - Daniel diz, a voz da criatura em sua mente já causava dor de cabeça.

-A vida de seu irmão.

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