Peter Pan

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Dedicada a minha soulmate, like always 🖤

Eu removo a poeira do velho diário e, de repente, nas páginas abertas.
Você claramente está lá, ainda permanece lá do mesmo jeito.

Quando tínhamos dez anos, passávamos nossas férias de verão na casa de campo da minha avó. Era uma casinha simples e aconchegante, ficava no interior do interior, onde vacas pastavam calmamente no quintal. Eu tinha aquele diário estranho que nunca te deixava tocar, sempre dizia que escrevia coisas importantes demais, e só iria te mostrar quando fossemos mais velhos. Agora eu não entendo porque fazia tanta cerimônia, só tínhamos dez anos, eu não escrevia nada demais nele.

Me lembro das fotos que eu esqueci todo esse tempo, pequenos tremores brotam no meu corpo.

Com onze anos, eu ganhei uma Polaroid, e te obrigava a posar para minhas fotos, você poderia ser modelo. Lembro-me de uma foto onde seu cabelo ficou bagunçado por causa do vento, então eu falei que assim você se transformava em um elfo. Guardei essa foto em meu diário e a deixei lá para sempre, pensava que um dia iríamos ver isso juntos.

É um pouco triste que eu não posso voltar a esses tempos.

Meu conto de fadas favorito era Peter Pan, lembro que com doze anos, nós nos vestimos de Peter e Sininho, e ficamos pulando pela casa de campo com nossas fantasias. Minha avó ficou louca por um verão inteiro, porque sujávamos a casa com glitter e lama, ela corria atrás da gente com uma vassoura gritando meu nome "Jungkook, você está deixando pegadas de lama por toda casa". Ela nunca te culpava, afinal, você era a visita e só passava um mês no país, tinha que te tratar que nem um príncipe. Palavras dela, não minhas. E eu achava isso tão injusto, porque a maioria das vezes era sua ideia sair correndo por ai. Mas não vou mentir, era minha época favorito, o verão com você.

Eu vou procurar por você, Sininho. Pois as memórias nos levam à Terra do Nunca.

Agora, com vinte anos, eu não sei mais a onde você está. Paramos de nos ver com quinze anos, porque seu pai não tinha mais dinheiro para você nos visitar na Coréia, e eu realmente senti tanto sua falta. Os verões só eram menos doloridos quando eu lembrava das nossas aventuras pela casa de campo, a nossa Terra do Nunca. Eu nunca parei de ir pra lá, com a esperança de te encontrar.

Que se seguiu do início ao fim naquele lugar, onde você e eu estamos sorrindo um para o outro.

Lembro de uma noite, quando tínhamos catorze anos e passamos uma noite em uma barraca na parte de trás da casa, lembrando do começo da nossa amizade, éramos apenas crianças, mas mesmo assim eu sentia algo. Lembro que segurei sua mão forte e você me olhou envergonhado, tampando o rosto com a outra mão. Eu o obriguei a abaixar a mão e nos encaramos, você sorriu e aquela covinha apareceu no canto do seu lábio. Nunca senti vontade de beijar ninguém, mas naquele momento eu só queria saber como que seria.

Eu sou seu eterno Peter Pan, o homem que parou no tempo. Embora desajeitado, estou correndo até você porque eu te amo tanto.

Você sempre me chamava de criança, porque eu não queria crescer, como o Peter. E também pelo fato de eu ser todo estranho e desajeitado, mas eu juro que só era assim por sua causa, você me deixava morrendo de vergonha desde os dez anos! Quando nos despedimos pela última vez, você pediu para eu não te esperar, que talvez nunca mais iríamos nos ver... Até hoje, cinco anos depois, eu não cumpri essa promessa, eu ainda te espero, eu ainda te procuro por ai.

Me lembro claramente de bater em todos os vilões que você se preocupou. A partir desse momento, tive o seu coração e ainda nos beijamos. Meu coração andava nas nuvens e voou.

Naquela noite na barraca, uma aranha entrou embaixo do seu saco de dormir. Juro que nunca ouvi alguém gritar tão alto, haja pulmões fortes, hein? Você me fez jogar tudo pra fora e revistar cada canto do quintal atrás daquela maldita aranha. Foram quase uma hora procurando. Uma hora, Jimin!

A partir desse momento, tive o seu coração e ainda nos beijamos. Meu coração andava nas nuvens e voou.

Quando eu encontrei a aranha e a matei, arrumamos tudo de novo e assim que eu abri a porta da barraca você me beijou. Foi rápido, tímido e silencioso, mas tudo bem, eu não poderia imaginar um primeiro beijo melhor do que esse.

Você era mais bonito do que Wendy e Cinderela. O único que fez meu coração bater assim, meus olhos brilhavam.

Com dezesseis anos, em uma conversa pelo Skype, você resmungou de uma menina que eu tirei foto. Porque ela era loira, tinha os olhos azuis e parecia uma princesa. Aquilo me deixou com tanta vontade de rir, você já se olhou no espelho Jimin? Eu trocaria todas as Cinderelas do mundo por você.

- Você sabe que meu coração dispara toda vez que nos falamos, não sabe? – perguntei observando você revirar os olhos.

E só você tem esse feito sobre mim, mas claro que não deixei você saber dessa última parte.

A face que mostra a cor rosada, a sensação de andar sobre as nuvens. A sua imagem, a qual pelo meu coração bate.

Cada vez que via uma foto sua, eu o imaginava comigo. Por que estamos tão longe um do outro? Você ainda lembra de mim, dos nossos verões? Você ainda acha que eu estou aqui? Eu queria tanto ser realmente o Peter Pan e voar para sua janela à noite.

Esse tempo como quando seus olhos sorriam gentilmente. Se você tivesse que voar para mim agora através da janela aberta na parte do meu coração.

Eu passei muito tempo da minha adolescência pensando sobre nós. Seu sorriso nunca escapou das minhas memórias, nem do meu diário estranho, que agora eu olho e vejo apenas páginas e mais páginas dedicadas a você. Esse era um dos grandes motivos que eu nunca te mostrava, ele não era necessariamente um diário. Ele era o livro da nossa história, do Sininho menino e do Peter Pan asiático.

Você que eu engarrafei em meu conto de fadas, como sempre andando vagarosamente. Eu ainda fico nervoso - o canto do meu coração, sem você é como uma ilha deserta.

Da pra acreditar? Nossa história em forma de conto de fadas, mas sem a parte do final feliz. É triste e patético, eu ainda fico nervoso quando alguém da minha família menciona você, aquele garoto que passava os verões comigo.

Meu amor, você que está escrito nas minhas memórias que não serão apagadas. Meu coração ainda está batendo onde você não está.

Hoje, na velha casa de campo da minha avó, folheando esse caderno estranho e empoeirado, olhando nossas fotos infantis, eu percebo o quanto você ainda está impregnado na minha mente. Eu nunca irei esquecer da sua risada e do aperto quente da sua mão. Talvez essa seja a última vez que eu venha aqui sozinho, não sei se iria realmente aguentar. Meu coração bate apressado, mas não é por você estar me abraçando, mas mesmo assim, ele bate por você, onde quer que você esteja.

Embora eu tenha virado uma página que escrevi sobre você, eu tenho a força para ler e vou apagar os textos tristes.

Faltavam poucas páginas em branco para o caderno terminar, e finalmente eu tenho coragem para seguir com ele, escrever novas histórias, voltar a Terra do Nunca. Mas eu preciso que isso seja feito com você do meu lado, eu preciso de você.

Não vai ser o fim da nossa história, porque eu vou encontrá-lo novamente.

Enfim, eu espero que você não tenha desistido de mim, depois de tantos anos, porque eu nunca desisti e nunca irei desistir de você. Eu serei seu eterno Peter Pan, e irei te buscar, irei enfrentar todos os piratas e monstros, mas eu te trarei de volta, ao meu lado, onde é o seu lugar. Porque eu te amo.

to Neverland | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora