One More Chance

Reencontro

Dizem que todas as histórias são escritas antes mesmo de estarmos no mundo. Que tudo tem um porquê e que já está traçado. Que existe o momento certo para tudo, e se ainda não deu certo... Bem, não era o momento. Isso também se estende ao amor. Você pode amar verdadeiramente uma pessoa, mas não significa que tudo dará certo de primeira. Já ouviram falar no ditado "Deus escreve certo por linhas tortas"? Pois bem, acreditem, as linhas podem ser tortas, mas o final é sempre uma reta. Reta essa que busca por uma intercessão em comum.

Duas pessoas. Um homem e uma mulher. Um piloto e uma comissária. Compartilhando não só o amor pelos céus, mas, principalmente, o amor que ambos sentiam um pelo outro.

Todos prontos para embarcarem nesse voo?

Los Angeles – EUA

Voltar não estava nos planos de Regina. Nem para Los Angeles, muito menos e justamente para aquela escala de voo. Já fazia quase vinte e quatro horas que ela estava em solo americano. Vinte e quatro horas que seu coração estava inquieto, aflito. Ela sabia muito bem o porquê, porém, não imaginaria que esses anos que passara fora não foram nem de longe suficientes para que seus sentimentos se esvaíssem. Ela se odiava por isso. Odiava-se por ser tão tola, por deixar sentimentos assim a invadirem novamente. Por deixar que a controlassem.

O voo sairia daí há algumas horas, então ela teria algum tempo para controlar todo o caos que instalara-se no seu âmago, desde que pisara em terra. Nem tinha visto-o ainda e já estava em uma guerra interior. Tinha medo de perder o controle. Mas ela não queria e não perderia, faria de tudo para que isso não acontecesse, já que tinha muito em jogo, principalmente, seus sentimentos.

Retirou as cobertas que estavam até metade de seu corpo e seguiu até a janela do hotel que estava hospedada. O dia estava calmo, um céu azul cristalino, que muitos poderiam dizer que acabara de sair da tela de algum pintor. Chegava a ser engraçado o quanto aquilo não se refletia no íntimo dela, nada estava calmo, e muito pelo contrário, era tempestade cinzenta que via-se nos olhos chocolates da morena. Uma tempestade que se instalara desde o dia que resolvera partir, em um dia como aquele. Azul e calmo para muitos, turbulento e cinza para outros.

Deixou escapar por entre seus lábios um suspiro que nem sabia que prendera. Um suspiro de quem pedia em silêncio às forças maiores, para que aquele dia não acabasse em mais turbulências que seria capaz de aguentar. Um suspiro que deixava claro o quanto aquilo tudo ainda afetava Regina.

Seguiu para o banheiro, dando início ao seu dia. Afinal, não poderia deixar de cumprir seus horários por puro descontentamento da tripulação, mesmo que quisesse. E acredite, ela queria.

Saiu do box com duas toalhas enroladas em si, uma em seus cabelos e a outra envolta de seu corpo. Percorreu toda a extensão de seu quarto até a mala que estava disposta no canto deste, próximo a uma mesinha de centro. Tirou de lá seu uniforme, devidamente passado e engomado, e uma lingerie preta, começando a vestir-se. Olhava-se no espelho e gostava do que via, a roupa caia muito bem em seu corpo. Logo em seguida, pegou sua nécessaire e começou a maquiagem, coisa que tinha que ser dada maior atenção, tendo em vista que a aparência era de total exigência da companhia aérea. Deveriam ser impecáveis. Como a cereja de um bolo, Regina passou seu inseparável batom carmim. Deu uma leve escovada em seus cabelos negros e por fim prendeu-os em um coque alto e muito bem preso.

Agora ela estava pronta para encarar o dia.

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O som de seus saltos podiam ser ouvidos contra o piso do saguão. Regina exalava confiança em sua postura. E ninguém ousaria dizer o quanto ela estava insegura desde que tomou o táxi até o aeroporto.