Seven

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A caminho do restaurante não consigo para de pensar no recadinho irônico que Minhyung tão cruelmente deixou antes de sumir. Todo esse tempo venho suplicando a ele que me diga alguma coisa sobre nossos pais, só me falta ajoelhar a seus pés para obter qualquer notícia, não tem noção de como eu sinto falta deles, as vezes me encontro a chorar e chamar por mamãe como um garotinho com medo. No entanto, em vez de ele me explicar algo fica cheio de segredos e recusa-se a explicar por que eles ainda não apareceram para mim.

Hyuna deixa o carro com os manobristas, e entramos no restaurante. Era tudo tão lindo e cheio de detalhes, coisas de rico, meu irmão tinha razão, o lugar era muuuuuito chique, posso dizer que seria um ótimo lugar para jantar com o namorado. Nós sentamos na mesa, ela pede um vinho e um refrigerante para mim, espera o garçom sair e se vira para mim,iniciando uma conversa, ou pelo menos tentando:
- Então, como vão as coisas? escola, amigos....Tudo bem?
Eu adoro minha tia e sou grato por ela cuidar de mim, porém ela não alguém que saiba conversar com alguém normalmente.
-Tudo em paz.
Em seguida ela passa sua mão sobre meu braço, para talvez me mostrar que se eu quisesse dizer algo poderia confiar nela, mas eu não gosto que me toquem,é muita informação,acabo por me afastar.
-Preciso ir ao banheiro, já volto.
Me levantei rapidamente indo em direção há um corredor, não tinha noção de onde ficava o banheiro, perguntei para uma moça e ela me disse que era no final do corredor há esquerda, me aprontei de ir logo para lá, um grupo de pessoas com odor de álcool e suas auras estavam tão carregadas que chega a me afetar, me deixando enjoado, tão desorientado que acabo tendo visões do Jungkook na minha frente. Meio tonto acho o banheiro e entro, paro na pia colocando minhas mãos sobre a mesma, respirando fundo tentando recuperar o fôlego, aos poucos vou me acalmando, acho que não lembrava mais como eram os efeitos das auras das pessoas sobre mim, estava desprovido de meus fones. Quando hyuna colocou sua mão em meu braço  fiquei tão assustado com a solidão e a tristeza contidas naquele toque que tive a sensação de ter levado um soco no estômago. Ainda mais de lembrar que a culpa de tudo isso é minha. Acho que sempre ignorei a solidão da minha tia, moramos na mesma casa mas quase nunca nos vemos. Hyuna passa parte do tempo no trabalho e eu na escola, nos final de semanas se não estou trancado no quarto, estou com meus amigos. Por mais que eu queira me aproximar dela ou consolá-la de alguma forma, simplesmente não consigo , sou uma pessoa machucada demais, esquisita demais. Um E.T. que ouve pensamentos e conversa com mortos. O melhor que tenho a fazer é terminar logo o ensino médio, ir embora para uma universidade qualquer e deixar que Hyuna volte á vida normal dela.Talvez então ela possa se aproximar do tal cara que trabalha em seu prédio e que ela ainda não conhece, o dono do rosto que vi quando a mão dela tocou meu braço.
Ajeito meus cabelos que há tanto tempo não deixava a mostra e volto há mesa decidido há ajudar ela há levantar sua auto estima. Me sento na mesa e cruzo os braços.
- Estou ótimo, juro. Então, algum caso interessante no trabalho? Algum cara trabalhando por lá?

Depois do jantar, espero minha tia pegar o carro e fico distraído olhando as florzinhas que cresciam no lado de fora, até sentir uma mão em meu ombro que me fez arrepiar.
- O-oi, vo-você?-digo sentindo meu corpo formigar assim que me viro e nossos olhares se cruzam.
- Você está lindo - Diz Jungkook passeando seus olhos pelas minhas calças jeans e minha blusa social azul. - Quase não reconheci sem o capuz.- ele sorri - Então, gostou do jantar?
Faço que sim com a cabeça,estava em um estado de confusão mental.
- Vi você no corredor. Teria cumprimentado se você não estivesse com tanta pressa.
Olho para ele imaginando o que poderia estar fazendo sozinho nesse lugar, estava todo de preto, blazer,camiseta sem gola, jeans e botas, porém o que me deixou confuso, é que a suposta visão que tive dele no corredor, era real.
-Vim me encontrar com uma pessoa de fora, que está hospedada aqui.- ele diz, respondendo á pergunta que nem cheguei a fazer.
Ainda estou pensando no que dizer, quando Hyuna chega e já vai apertando á mão do mesmo.
-Hmm... Jungkook é meu colega de escola.
Aquele que faz minhas mãos suarem, meu coração palpitar....e que não sai da minha cabeça de jeito nenhum!, penso.
- Acabou de se mudar de Nova York- acrescento, para que evite uma pergunta dela.
- Onde em NY?- pergunta Hyuna. Quando vejo minha tia sorrindo alegre, fico pensando se minha tia também não está tomada pelo mesmo êxtase que eu.
Manhattan- ele responde sorrindo.
-Ah dizem que lá é maravilhoso. Sempre tive vontade de conhecer.
-Hyuna é advogada, trabalha pra caramba- digo olhando na direção em que o carro virá daqui a dez,nove,oito,set...
- Estamos indo para casa- diz Hyuna - mas fique a vontade para aceitar uma carona....
Imediatamente entro em pânico, pensando em como pude não prever isso. Olho para Jungkook torcendo para que ele recuse o convite.
- Obrigado, mas preciso voltar para lá - ele diz, apontando com o polegar por sobre os ombros. 
Meus olhos seguem na direção apontada até que param num ruivo incrivelmente deslumbrante, tendo um estilo mais lindo que já vi na vida. Ele sorri para mim, mas sem qualquer pingo de interesse. Não posso deixar de notar certa ironia na expressão dele, como se a presença de Jungkook a meu lado fosse algo engraçado  ou improvável.
Olho de volta pra ele, assustado ao vê-lo tão perto, seus lábios úmidos e entre abertos a poucos centímetros dos  meus. Em seguida ele ergue a mão tocando de leve minha bochecha, tira uma tulipa  vermelha de trás da minha orelha. Quando me dou conta, estou sozinho novamente e ele caminhando de volta para o ruivo. Fico ali admirando a tulipa, gostava de flores, imaginando de onde uma flor tão linda poderia ter saído.
Só mais tarde me meu quarto, é que me dou conta de um detalhe, o tal ruivo também não tinha aura.

Eu devia estar em um sono muito profundo, pois mesmo ao ouvir alguém andando pelo quarto, minha cabeça está tão cansada, tão confusa, que nem abro os olhos.
-Minhyung? - resmungo sonolento- È você?- Ele não responde, então deduzo que meu irmão está aprontando mais uma. E como estou cansado demais para qualquer coisa, pego meu travesseiro e cubro a cabeça com ele. Minutos depois escuto mais um barulho.
-Olha,Minhyung, estou exausto, okay? Desculpa se o deixei irritado comigo, mas realmente não estou a fim de brincadeiras agora. Afinal de contas,são.... - levanto o travesseiro para poder ver as horas - São três e quarenta, melhor você voltar lá para onde quer que vc sempre volta e deixar qualquer coisa que você queira para depois, certo?

Acontece que depois de falar tudo isso perco o sono. Então jogo o travesseiro para o lado, e furioso olho para o vulto embaçado que está sentado na cadeira de minha escrivaninha, imaginando o que poderia ser de tão importante assim que não podia esperar até amanha.

- Já pedi desculpas, okay? Que mais você quer que eu diga?
- Você pode me ver?? - ele pergunta, afastando-se da mesa.
- Claro que.... - de repente fico mudo, a voz não é de meu irmão.

Inseparaveis ( Adaptação) JJK+ KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora