Point of view Harry
Minha infância foi normal ate os oito anos. Eu tinha uma casa aconchegante, uma mãe amorosa e carrinhos coloridos. Mamãe engravidou muito jovem,aos 17 anos, meu pai quando soube da notícia disse que era jovem de mais para ter filhos;mesmo sendo oito anos mais velho que ela.
Mesmo sendo só eu e mamãe, nossa vida era boa. Assistíamos desenhos animados toda manhã, ao meio dia eu ia para a escola e ela para seu trabalho na cafeteria,quando a aula acabava eu ia para lá esperar seu expediente acabar. Enquanto ela servia as mesas eu fazia minhas lições,lia revistas em quadrinhos, ou ajudava a Sra.Campbell ,a dona da cafeteria,a fazer cookies.
Íamos para casa as 19:40, ela sempre inventava pratos novos e coloridos,alguns não tinham o gosto tão agradável,mas eu amava pelo simples fato dela ter feito.Não tínhamos muito dinheiro,morávamos numa casa de aluguel perto da cafeteria,ela não era muito bonita ,nem tinha muito luxo,mas eu amava minha casa ,era meu lar.
Ate que tudo isso acabou!
Em um dia qualquer quando estávamos vindo da cafeteria dois homens armados nos abordaram .Eles queriam dinheiro.
Ela não tinha dinheiro.
Isso foi motivo suficiente para dispararem três tiros contra ela. Ainda lembro do sangue descendo por sua perna,do círculo vermelho cada vez maior estampando seu vestido na região do estômago,do baque do seu corpo contra a calçada. E lembro também em como nos seus últimos suspiros ela implorava para terem piedade de mim enquanto ela engasgava com seu próprio sangue.
Dali em diante minha vida mudou completamente .Perdi minha mãe,minha casa,e tudo que eu mais amava. Perdi meu ânimo de viver.Fui levado para um abrigo,não me levaram nem ao velório de minha mãe,se é que teve um velório. Fiquei lá por duas semanas. Todos me olhavam com pena,odiava aquele olhar,assim como odiava a angústia no meu peito,a solidão, o luto,a saudade. Eu só queria minha vida de volta.
Um dia uma assistente social veio me ver,disse que acharam um parente que cuidaria de mim.Encontraram meu pai .E ele aceitou ficar comigo. Por um momento fiquei feliz e me permiti achar que tudo ficaria bem. Não estava sozinho no mundo,ele é meu pai,e por mais que nunca tenha o visto,ele deve me amar ,e vai cuidar de mim,não é?
Nunca tinha tido um pai,nem pensava sobre,na verdade nem sentia falta,minha mãe supria todas minhas necessidades emotivas. Podia faltar dinheiro,mas sobrava amor.
Me permiti pensar então sobre ter um pai,afinal, agora ele era minha única família. Nos filmes que assistia com mamãe os pais cuidavam dos seus filhos como leões, e o protegiam de tudo. Jogavam basquete e baseball ,talvez também ensinassem a jogar futebol e a gostar de carros esportivos. Me deixei criar uma ilusão sobre a imagem paterna,e gostei.
Porém nunca passou disso,uma ilusão.
Soube disso desde o momento que ele pisou o pé no abrigo para me buscar. Suas feições sérias e seu olhar percorrendo meu corpo pequeno me provou isto.
"Diga oi para seu pai,Harry!" A assistente social disse e me entregou uma pequena mochila com meus pertences.
Caminhei a passos lentos ate o homem de feições assustadores e olhar perverso. Meu coração apertava a cada passo,mas tentei ignorar isso,não podia me deixar levar por aparências.
"Oi,pai! "
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Síndrome de estocolmo - Larry
FanfictionHarry sofre abusos do pai,mas confunde com amor paternal. Louis tenta convencer Harry que ele sofre abusos.