"Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.
Romanos 1:21-27"
— O pastor, começava o seu discurso da noite, com o versículo que falava sobre a homossexualidade. Fazia algum tempo que os pastores e pregadores da igreja onde Emma congregava, falavam sobre esse assunto.
— A volta de Jesus está próxima meus irmãos, podemos perceber por todas essas inflamações carnais. Deus repudia esses atos insanos e impuros. — O pastor, de porte baixo e barriga grande, corpo que mal cabia em seu terno de quinta, falava com entonação de locutor na voz. As pessoas prestavam total atenção. Pareciam alienados, pelo menos mais do que a metade daqueles fiéis, gritavam um "aleluia" toda vez que sentiam vontade de concordar, e toda vez que sentiam que estavam calados demais. glórias a deus.
— Irmãos, ouçam-me. O homem que se deita com homem, como mulher, está condenado ao sofrimento eterno. — Falava, caminhando de um lado para o outro. — Prestem atenção em seus filhos, com quem eles andam e com quem falam... Nossas crianças correm um grande perigo. Hoje em dia as demonstrações de afeto entre pessoas do mesmo sexo está cada vez mais comum, mas não é comum, meus amados irmãos. Deus não se agrada com isso. As escolas estão ensinado errado a forma que nossos pequenos devem reagir ao verem esse tipo de cena.
O respeito à cima de tudo, mas a aceitação, é totalmente contra a vontade de Deus. Não devemos aceitar e não podemos aceitar essa... essas... — Se conteve um pouco em dizer, mas disse. — Aberrações.
Emma ouvia tudo aquilo imersa em seus pensamentos. Questionava o porquê de tanto ódio, se um dos mandamentos era amar o próximo como a si mesmo. Não era a primeira vez que essas questões trilhavam nos corredores de sua mente, mas ela só queria entender qual era o fundamento de tudo isso.
Qual era o propósito de tudo aquilo? O amor não bastaria abaixo do céu e a cima dele também? O amor não era a resposta para tudo?
Refletia, enquanto ouvia a pregação cheia de firulas enfatizada no julgamento que se dava aos homossexuais. Era nítido.
— Meninas, vou pegar um ar, essa pregação me deixou com uma leve dor de cabeça. — Emma levantava discretamente de seu banco, para não chamar muito a atenção das pessoas ali presentes. Todas estranhamente focadas no discurso, que na sua opinião, estava realmente sendo muito preconceituoso.
— Vamos com você. — Levantavam também, Ruby e Belle acompanhando Emma a passos largos até o lado de fora.
xx
— Ás vezes acho que o cafézinho da vovó Granny é o melhor do mundo. — Ruby dizia. Estavam sentadas na cantina da igreja. — Você não acha, Emms? — Perguntou, mas não obteve resposta de início. Perguntou novamente e, percebeu á sua frente uma Emma totalmente desligada do mundo em que estavam.
— Ei, Emma, acorda garota. — Belle batia em seu braço, fazendo-a despertar de seu transe.
— Oh, me desculpem, eu estava distraída. Podem repedir o que falavam? — O seu olhar estava distante. Não parecia estar interessada no que as amigas falavam, tão pouco parecia interessada em estar naquele lugar.
— Você está bem? — Ruby percebera que tinha algo acontecendo. — Você está estranha.
— Está tudo bem sim, oras, por que não estaria? — Perguntou retoricamente, com um riso falso nos lábios. Riso esse que logo apagou.
— Você não precisa falar nada agora, mas eu sei que tem algo te incomodando. Você não está no seu normal.
— O que seria o meu normal, Ruby? — Ajeitava sua touca na cabeça.
— Não sei, talvez mais falante do que pensante, mais agitada... Ficou o culto todo parada, quase não respirou.
— Concordo com ela, Emma. Você não é quietinha. E eu também percebi que já faz uns dias que você está assim. — Belle engajava-se na conversa. — Você não quer mesmo dizer o que está acontecendo? — Preocupavam-se verdadeiramente.
— Minhas flores, obrigada por todo esse afeto e preocupação, mas eu estou bem, acreditem. E pode deixar que qualquer aflição minha eu sei que posso contar com vocês. — Disse docemente. Mas a verdade é que muitas coisas se passavam em sua mente, nem ela entendia com clareza o que acontecia. Preferiu dizer que estava tudo bem, ao ter que explicar algo que nem ela estava assimilando direito.
Dentro de Emma era uma confusão. Apesar de ser uma menina extrovertida e brincalhona, também tinha seus dias apagados de sorrisos e vazios de esperança. Ela acreditava até pouco tempo que a tristeza repentina que lhe abatia poderia ser a falta de Deus. Talvez ela estivesse distante dele. Procurava sempre estar conversando com aquele que sempre lhe aqueceu o coração. Jesus.
Em sua cabeça, a conexão com Jesus era extremamente importante e necessária. Tudo em sua volta dizia que se não estivesse em comunhão com o Pai, também não estaria em comunhão consigo mesma. E essa era uma das questões que povoavam sua mente também.
Eu estou em comunhão com Jesus?
Perguntava-se constantemente.
Nascera em família cristã, rodeada por um evangelho que até então nunca havia sido questionado.
Encheu os pulmões de ar, como se aquele fosse o último fio de respiração a dar no mundo, e olhou nos olhos de ambas as amigas.
— Eu vou indo, logo o culto acaba. Mamãe e papai já devem estar me procurando.
— Tudo bem, Emm. Estamos indo também, espero que lembre: estamos aqui, e qualquer coisa pode nos chamar. — Ruby dizia mantendo um olhar desconfiado, não acreditava muito no que Emma falava, Belle também não. Por ora, deixariam a amiga em paz. Levantavam-se das cadeiras que ficavam em volta da mesa na pequena cantina, e voltavam para a igreja lotada de fiéis.
Um alvoroço de gente, e um alvoroço interno começou a formar-se. Ela olhava o salão da enorme igreja, todas aquelas pessoas ali, com passos e palavras programadas, decoradas. Tudo parecia tão robotizado. Como conseguiam?
— Filha... — David e Mary se aproximavam de Emma, com um sorriso lascivo nos lábios. Eram pessoas de bem, justos, acreditavam na palavra de Deus e a seguiam com amor. Conheceramse no grupo de jovens há 23 anos atrás. Acreditavam muito na família. Honravam muito o lar.
— Eu aqui.. — Emma levantava o braço, sorria para eles também.
— Onde você estava? — Mary pegava na destra de Emma, dirigindo-se para fora da igreja.
— Na cantina, não estava me sentindo muito bem.
— E agora você está melhor? Quer ir ao médico? — David quem dizia entonando uma leve preocupação na voz.
— Estou melhor sim, papai, não se preocupe. — No fundo não estava nada bem.
Caminharam até o carro, uma Range Rover preta. Os pais de Emma eram engenheiros civis, tinham condições de manter uma vida digna e abençoada, como eles costumavam dizer.
O caminho foi seguido em um silêncio quase que ensurdecedor. No banco detrás, Emma mantinha os olhos fechados, espremidos. Ela só queria parar de pensar em tantas coisas que não condiziam com seus princípios. Questionamentos eram quase que um crime. Mas ela estava questionando, tudo e todos a sua volta há algum tempo.
Perguntas, para o total de nenhuma resposta obtida.
— Você tem certeza que está bem, Emma? — David fitava a filha pelo retrovisor. Expressões inquietas.
— Sim. — Em um suspiro, foi monossilábica. Mais nada foi dito.
Chegando em casa, Emma foi direto para o quarto. Calada, muda, entrou no chuveiro deixando a água escorrer com suas dúvidas, em uma vã tentativa de tentar esquecer tudo o que começava a habitar dentro de si.
Os pais observaram que tinha algo acontecendo e resolveram intervir, conhecem a filha que tem. A pequena Swan não estava bem.
Depois de alguns minutos, Emma saiu do banho, mais leve. Ouviu três batidinhas na porta.
— Entre. — Disse ajeitando-se para dormir.
— Viemos te desejar uma boa noite de sono, pequena. — David entrava com Mary no quarto da filha. — Podemos sentar? — Perguntou ao lado da cama de Emma.
— Claro. Fiquem à vontade.
— Você está bem mesmo? — Mary acariciava o braço de sua loirinha.
— Não sei. — Pela primeira vez deixou-se dizer o que realmente sentia. Um não saber, bem grande. Suspirou olhando para baixo.
— Você quer conversar sobre alguma coisa que está te incomodando, minha filha? — David mantinha o semblante empático e preocupado.
— Eu queria ser sincera com vocês, a relação entre nós é tão boa... — Emma olhava para os pais com um sorriso frouxo nos lábios. — Mas eu realmente não entendo o que está acontecendo. Então, infelizmente não tem o que ser dito... Não tenho o que dizer. — Suspirou pesadamente.
— Tudo bem. Sabe que estamos aqui com você, não sabe? — Emma afirmava com a cabeça. — Jesus também está com você, filha. E Ele se entristece em te ver desse jeito.
Converse com Ele, fale o que não consegue nos dizer, diga o que te aflige, o que te machuca.
— Mary se aproximava para abraçar Emma em um enlace caloroso, maternal e compreensivo.
A cima da toda aquela religiosidade que poderiam aparentar ter, não eram pessoas alienadas. Longe disso. Viver para Cristo, era o principal motivo de eles ainda serem seres humanos passíveis e inteligentes. Não viviam em uma bolha de religiosidade regada a julgamentos e teorias de prosperidade, por exemplo.
David e Mary amavam Emma tão profundamente, que nada no mundo faria com que deixassem de amar por um só segundo a filha.
— Obrigada por me entenderem. — Emma sentia-se amada.
— O retiro está chegando, tente ficar mais animada, meu amor. — David passava as mãos nos cabelos de Emma. — Você gosta tanto de ir...
— Gosto mesmo papai. Logo o que eu estou sentido vai passar, amanhã já estarei melhor. ok? Podem dormir tranquilos.
— Ok senhorita Swan. Vamos indo lá, qualquer coisa nos grite. — Mary e David levantavam-se dando cada um, um beijo na testa de Emma.
— Boa noite. — Ela sorria brevemente.
A noite se prolongou com alguns pensamentos inquietos. Orou um pouco, ou tentou orar. Desde nova aprendeu que tudo deveria ser dito a Jesus, coisas boas e ruins, das mais intensas, as mais insignificantes. Seus avós diziam que Ele gostava de ouvir Emma falar, então Emma falava. Até antes de sua adolescência, falava constantemente.
Quando iniciou o ensino médio, conheceu pessoas diferentes, pensamentos diferentes, opiniões que iam das mais sensatas, as mais ridículas. Emma achou que seria quase improvável de se enturmar com aquelas pessoas, mas com o tempo, se viu envolta de tudo aquilo que antes dizia não querer viver, ou saber.
Não era uma menina fechada, só não conhecia quase nada, quase ninguém que não fosse do meio evangélico e religioso.
Apesar de ter nascido em um lar cristão, sempre foi mais mente aberta, talvez pela idade, pelo ano em que se encontrava. Para pessoas como Emma, era um pouquinho mais difícil entender as coisas fora de sua realidade. Mas ela queria tanto saber, tanto entender o que o mundo poderia lhe oferecer, lhe ensinar.
A palavra "mundo" lhe acometia á coisas fora das regras, mas em contrapartida, lhe impulsionava a não temer. Destemeu. Burlou as regras.
Aos poucos foi se engajando, se encorajando. Até seus 14 anos, fora uma menina sem confusões internas, sem questionamentos, até porque não tinha motivos para questionar as coisas em sua volta. Tudo era demasiado conforme a vontade de Deus.
Seus pais muito respeitavam a vida alheia, não julgavam as pessoas, não se metiam onde não eram chamados. Pessoas íntegras, foram criados na base bíblica, passaram para a filha apenas o que aprenderam. De geração em geração, é como deve ser ensinado.
Mary e David se conheceram no grupo de jovens na igreja onde congregavam, estavam há 23 anos juntos. Se formaram na mesma área, eram excelentes profissionais e pessoas de coração generoso.
Se desvincularam do meio religioso por um tempo, para poder estudar, e foi nesse tempo que também, tiveram contato com outras pessoas, pensamentos e visões diferentes das deles. Abriram mais a mente para novas possibilidades e foi nesse tempo que começaram a viver conforme se sentiam mais felizes. Sem hipocrisia, sem placas de igrejas.
Continuaram crendo em Deus e, continuaram sendo as mesmas pessoas de antes, pessoas boas. Só ficaram um pouco mais distantes de dogmas que não lhes acrescentavam em nada.
Passaram para Emma, na infância, que Jesus era o seu único amor, seu redentor e, que sem Ele, ela não estaria bem, porque foi assim ensinado á eles também.
Emma cresceu e com ela, a maturidade. Despertou tão gloriosamente para o mundo que desbrava-lo era o que mais queria e almejava.
xxx
— Bom dia pra você também, Tarciso. — O cachorro de Emma se embolava entre seus lençóis, a acordando. Era de praxe, todos os dias ele fazia isso pela manhã.
— O que você quer? hum? Hoje é sábado. — Despertou, lembrando-se do dia que era, em um gesto rápido levantou o tronco. — Inclusive, obrigada por me acordar, hoje tem o passeio para o retiro. — Emma ia todos os anos ao retiro com sua igreja, esse ano ela não estava tão empolgada, mas faria um esforço para se animar. — Você sabe que pessoas como você não entram lá, não faz essa carinha. — Falava com Tarciso, e o tratava como se fosse realmente um ser humano. Ele latia, como se realmente entendesse também.
Emma levantou, já tinha preparado sua mala dois dias antes. Revisou se estava tudo certo e foi pro banho.
No andar debaixo, encontravam-se Mary e David esperando por Emma, com as malas prontas também. Enquanto a filha ficaria na fazenda, onde sempre ficava quando era época de férias e retiro, eles viajariam para Fortaleza.
Emma não passava todas as suas férias na fazenda, eram 15 dias apenas. Quando voltava, viajava para casa de sua avó, que se alegrava sempre em ter a presença da neta. A avó materna de Emma, era professora de Português e Literatura. Poderia já ter se aposentado, mas optou por continuar lesionando. Dar aulas, era sua verdadeira paixão, e fazia com que ela ainda se sentisse viva e prestativa para algo.
— Não vejo a hora de ver vovó. — Emma tomava seu café da manhã juntamente com seus pais.
— Você verá, logo depois do retiro irá direto para casa dela. — Mary sentia-se feliz por saber da cumplicidade que sua mãe e sua filha tinham.
— Que bom. — Sorria lascivo.
— Acho que já podemos ir. — David limpava o canto da boca com o guardanapo. Emma Levantava-se pegando Tarciso que estava em seus pés. — Ei amigão, não fique triste, ok? você passa a maior parte do tempo comigo, ficarei apenas um mês fora. — Acariciava o peludo. — Seus avós deixaram sua comida e seu passeio matinal nas mãos da Fiorela. Sei que é amigo do Felipe. — Felipe era o cachorro de Fiorela; a vizinha que cuidaria de Tarciso enquanto os Swans estivessem fora.
Após pegarem suas malas e deixarem tudo devidamente organizado, partiram para seus destinos.
David e Mary deixariam Emma na fazenda, antes de viajarem.
— Filha, você tem certeza que pegou tudo? da última vez esqueceu o seu carregador. — Mary chamava a atenção de Emma e a mesma levantou o carregador e o celular nas mãos. — Espero que se divirta, descanse, conheça pessoas novas e juízo. — Emma repetia a última palavra com a mãe.
— Qualquer coisa nos ligue. — David tirava a mala de Emma do porta malas.
— Não se preocupem, podem viajar tranquilos e aproveitem a praia. Eu já sou bem grandinha, sei me cuidar.
— Será para sempre nosso bebê. — Mary Margaret abraçava a filha junto com o pai.
Logo entraram no carro, deixando Emma para trás. A menina já estava começando a respirar mais ávida o cheirinho de mato. Sorrindo com a sensação, entrou na fazenda junto com alguns jovens que chegavam também. Emma conhecia alguns.
Belle e Ruby também estariam no retiro. Já estavam esperando por Emma lá dentro.
O lugar era amplo e tinha quadras de futebol e vôlei. Haviam três piscinas para o lazer dos jovens também. Era uma fazenda, localizada em uma mata reservada no interior do estado de Emma; que residia em Pedra Azul - Espírito Santo.
xx
— Ei, Emma!! — Ruby e Belle chamavam a amiga para se juntar a elas. — Conseguimos que fiquemos no mesmo quarto esse ano. — Abraçavam Emma em um cumprimento.
— Faz tempo que chegaram? — Emma pergunta, entrando na enorme fazenda com as meninas.
— Faz algum tempinho, já arrumamos as nossas coisas, inclusive. — Belle era a mais organizada.
— Que bom. E vocês sabem qual será o roteiro da semana? — Ainda caminhavam dentro do local. Estavam procurando o quarto.
— Dei uma olhada e hoje de noite terá um culto ao ar livre. Mas não somos obrigadas a comparecer.
— Tem cavalos aqui também, podemos praticar hipismo e montaria durante o dia, ir á piscina, fazer trilha. Tem um espaço novo para montarmos barracas também. — Belle dizia empolgada.
— Ai que delicia, acho que esse ano será um dos melhores, tenho essa sensação. — Emma respirava fundo, olhando para as amigas com um sorriso largo. Estava mais calma com seus pensamentos e questões.
Emma, Belle e Ruby entraram no quarto. Era grande e tinha três beliches. Ou seja, mais três meninas ficariam com elas no quarto.
— Esse é o quarto mais bonito que achamos, resolvemos chegar cedo pra pegar um cantinho bom pra nós. — Ruby e Belle eram irmãs e faziam basicamente tudo juntas.
— Vocês são ótimas. — Emma sentava-se em uma das camas, tirando o seu tênis e casaco. — Sabem me dizer se a biblioteca ainda está aberta para os jovens?
— Está sim, passamos por lá um pouco antes de te encontrar.
— Ai que bom, achei que esse ano não íamos poder entrar lá depois dos boatos que rolaram sobre um casal que se pegava num canto escondido dentro da biblioteca. — Começaram a rir.
— Pra se pegar com alguém, só se escondendo mesmo. Inclusive, já avistei o boy unção que quero orar. — Belle era uma mistura fajuta de moça recatada, do lar, cristã e safada. Era um mix. Muitas vezes sentia vontade de falar algo que fugia dos padrões de seu vocabulário, e acabava usando expressões do glossário protestante para se expressar. Era engraçado.
— Orar? Bell, tenha dó. — Emma começava a rir. — Você no mínimo quer beijar o cara, pode falar amiga, você já tem 17 anos.
— Só beijar seria o mínimo mesmo. — Caíram juntas na gargalhada mais uma vez. — Deus que não me ouça, mas que varão maravilhoso. Me imagino sentando no colo dele.
— Ok irmã, agora já chega.
— Sentar no colo dele para lermos a bíblia juntos, Ruby. Você que tem a mente poluída. — Olhava para Emma que segurava mais um riso.
Depois de uma longa conversa, resolveram se espalhar pra conhecer o pessoal novo.
O objetivo de Emma era aproveitar ao máximo os 15 dias, e esquecer o que vinha lhe afligindo. Ela ainda estava um pouco ansiosa por continuar pensando sobre alguns assuntos, que antes, nem eram pauta em seus pensamentos.
Trocou de roupa, colocando um short um pouco a cima dos joelhos, e uma regata branca que ressaltava seus braços que tinham em evidência alguns músculos. Emma era uma jovem muito assídua nos esportes, seu corpo era mais definido, desenvolvido e musculoso, justamente por praticar a arte marcial que por muitos anos lhe foi como uma válvula de escape: O Muay thai. Seus pais, por incrível que pareça, a incentivavam a prática.
Emma cruzou por quase toda a fazenda, algumas pessoas a conheciam e faziam questão de cumprimentá-la.
— Olha se não é a senhorita Swan perambulando, e muito provavelmente procurando alguma aventura ou algo menos comum possível, a se fazer. — August, colega e amigo de infância de Emma, falava, enquanto a mesma passava despercebida por ele.
— August, você veio!! — Emma corria em direção ao amigo.
— Te falei na sala de aula que eu viria. Cabeção. — Sorria. Ele estava acompanhado de mais dois amigos. — Deixa eu te apresentar, esses são Pedro e Zelena. — Gust, apresentava Emma aos seus dois amigos também.
— Muito prazer, Emma Swan. — Emma estendia a mão.
— Paz do senhor, Emma. — Zelena tinha uma pose arrogante. Esticava a mão para cumprimentar Swan. — Zelena Mills.
— Olá, Emma. — Pedro parecia tímido. Eles estavam na área coberta, próxima ás churrasqueiras. Um local mais calmo e que transitava menos pessoas.
— Vou procurar minha irmã, depois nos falamos August. — Zelena beijava a bochecha do garoto. Era apaixonada por ele.
— Beleza, até mais Zel. — Ele revirava os olhos de costas para ela.
— O que acham de darmos uma volta? — Emma sugeria, dando um sorrisinho para os dois rapazes.
— Vamos. — Responderam em uníssono.
Saíram da área coberta e foram até os cavalos que se encontravam um pouco mais distante das canchas. Tinha um pequeno cercado em volta deles e um estábulo próximo.
— O que acham de montarmos? — Emma se empolgava.
— Não sei se será uma boa ideia. — Pedro encolhia os ombros.
— Iiiih, tá com medo? — Emma dizia, mas sem tirar os olhos dos cavalos em sua frente.
— Não estou com medo, só não sei montar...
— Bom, eu sei, e não estou vendo nenhuma placa dizendo que não posso entrar pra brincar um pouco com essas belezinhas.
— Eu entro com você, amiga. — August e Emma eram mais destemidos e até um pouco teimosos. A amizade deles era baseada na convivência e na confiança que um depositava no outro. Muitas foram as vezes que Emma acobertou as mazelas de August.
Emma e seu amigo entraram na parte cercada, onde ficavam os cavalos. Gostavam muito dos animais e por isso não tinham medo.
— Mas me diz aí, Belle e Ruby vieram também? — August fazia carinho em um dos cavalos.
— Vieram sim, só não sei onde então. Belle muito provavelmente deve estar tentando puxar algum assunto com o tal de boy unção que ela quer orar... — Emma começava a rir acompanhada de seu amigo.
— Será que Ruby não quer que eu seja o boy unção dela também? — August era apaixonado por Ruby desde o sétimo ano do ensino fundamental.
— Você nunca tentou nada, como vai saber? — Emma começava a subir no cavalo em que estava fazendo carinho. — Mas acho que, quem está de olho em você é Zelena. — Emma e August agora andavam em volta do campo com os cavalos.
— Sim, mas Zelena é muito dissimulada. Conheço ela e a família dela há muitos anos. Arrisco dizer que a única lúcida daquela casa, é a irmã dela.
— Poxa... — Emma ouvia atenta. Estavam lado a lado cavalgando.
— Eles são os donos de tudo isso aqui, o pai dela é o pastor presidente. São riquíssimos, por isso Zelena se acha a última criatura celeste que habita a roda de orações ás 16:00 horas da tarde.
— O quê? — Emma gargalhava sem entender.
— Deixa pra lá. Cabeção!
Andaram mais um pouco e logo voltaram com os cavalos. Pedro ficou conversando com uma menina, perto do estábulo, que observava Emma e August vindo. Mas quando chegaram perto, ela já tinha saído.
— Quem era a moça, Pedro?
— Não me disse o nome, só falou que Emma estava cavalgando no cavalo dela.
— Hmm, será que vão encrencar pro nosso lado? — Emma torcia a boca.
— Acho que não, a moça parecia pacífica. Só disse que o Appaloosa era o cavalo dela. — Appaloosa, raça do cavalo.
— Espero que ela não tenha ciúme, porque acho que ele gostou de mim. — Olhava para o bichano atrás de si. — Mas enfim, eu vou procurar as meninas. Querem vir junto? — Emma passava as mãos em suas pernas, limpando algumas gramas que grudaram.
— Pode ser. Eu estou com fome também, podíamos comer alguma coisa.
— Podemos sim, Gus. Vamos lá. — Enganchava-se no amigo e no seu mais novo amigo, Pedro.
xx
— Achei vocês, suas filhas da mãe. — Emma encontrava com Belle e Ruby.
— Que suador é esse, menina, parece que estava lutando. — Ruby olhava com os olhos estreitos para Emma.
— Eu e Gus estávamos cavalgando. — Passava a mão na testa, limpando o suor que escorria.
— Ah sim, entendi. — Ruby olhava pela primeira vez em direção aos rapazes. — Olá August. — Ruby sorria, o cumprimentando.
— Boa tarde, senhorita Luccas. Como vai?
— Não precisa ser tão formal assim com ela, Gus. — Emma batia no ombro do amigo que corava de imediato, passando a mão na cabeça.
— Eu vou bem e você? — Ruby sorria para ele.
— Vou muito bem, obrigada.
— A pronto, ficamos sobrando aqui Bell e Pedro. Quem sabe a gente não vai indo agilizar algo pra comer enquanto os dois conversam?
— Emmaa!! — August e Ruby a repreendiam.
— O quê? — Levantava as mãos pro alto em rendição. — Enfim, só estou dizendo pra vocês ficarem ai conversando enquanto eu vou com
os meninos buscar algo para comermos. Nos esperem na segunda área coberta com mesas. Obrigada. — Emma sorria sínico para ambos os amigos. Virou os tornozelos e saiu com Bell e Pedro.
xx
— Vocês não se importam de levarem as coisas? Eu estou sem fome e cansada. Queria tomar um banho. — Emma dizia aos amigos que foram com ela preparar o café da tarde.
— Tudo bem, Emm. Mas coma alguma coisa, tudo bem?
— Vou comer sim, Bell. Obrigada.
Após Emma se despedir de seus amigos, foi até seu quarto, separou uma roupa e foi para o banho. Ficou aproximadamente 10 minutos debaixo do chuveiro. Lavou o cabelo e passou seu creme favorito. Ela gostava do ar e do cheiro de mato.
Alguns minutos dispersa de tudo, sentada em sua cama, resolvera ir até a biblioteca. Quase ninguém ia até lá, os jovens, aparentemente, não gostavam muito de ler. Ela adorava.
Saiu do quarto indo até a biblioteca, que ficava na outra parte mais reservada da fazenda.
Era um lugar quilometricamente gigante. Mas Emma conhecia bem os corredores e os cômodos.
Chegando onde encontravam-se os livros, abriu a porta devagar, vislumbrando de todas aquelas obras enfileiradas e arrumadas, por ordem literária e alfabética.
Emma olhava com os olhos cheios de expectativas para os livros, que eram de fato, muitos e milhares. De uma impecável arrumação. A biblioteca era grande e aparentemente não havia ninguém ali.
Emma foi para a fileira dos clássicos.
— Guerra e paz, de Liev Tolstoi. — Uma voz se fazia audível; da moça que desde o momento em que Emma entrou na biblioteca, á observava. Emma, alheia, nem tinha percebido que ela estava ali.
— Santo Deus!! — Emma colocava a mão no peito, segurando-se em uma mesa a frente. Quase caiu com o susto, da moça sorrateira.
— Perdão, não quis te assustar.
— Poxa, mas assustou. — Mirava o seu olhar pela primeira vez nos castanhos mais expressivos que já vira. Ficou por um tempo observando a pessoa em sua frente. Sem reação, até ser surpreendida por um estalo de dedos.
— Oi, tem alguém aí? — A moça estalava os dedos em frente aos olhos de Emma.
— Oh, me desculpe, eu, eu... — Olhava para os lados, confusa.
— Calma, eu prometo que não vou mais te assustar. - Riu. — Prazer, ou, paz do senhor. — Levantava o braço para cumprimentar Emma. — Meu nome é Regina, Regina Mills, e o seu?
— O meu? — Emma ainda estava aérea com a moça em sua frente.
— Sim, o seu nome. — Soltava uma risada contida.
— Ah, sim, claro, meu nome é Emma, Emma Swan.
— Você precisa de alguma ajuda? Vi que estava procurando algum livro. — Regina tinha um ar leviano.
— Eu estou procurando "Madame Bovary" — Dizia, colocando as mãos em seu bolso detrás das calças.
— Ah sim, de Gustave Flaubert. — Dizia o nome dele em um francês perfeito. — Mas por que você quer ler esse livro?
— Acho que pela narrativa e por ser um romance realista, não tão clichê.
— Entendi. — Dizia, olhando um pouco curiosa para Emma. — Sabe que nesse livro a personagem protagonista se chama Emma? — Indagava. — Na época, foi um choque para o clero um livro como esse.
— Então você já leu? — Começavam a andar pelos corredores.
— Li sim, é bem interessante, mas não foi um dos melhores que já li.
— Por quê? — Perguntou franzindo a testa.
— Leia e tire suas próprias conclusões. — Riu. — Está aqui. — Pegava o livro onde sabia exatamente onde se encontrava.
— Muito obrigada, pelo visto você entende de literatura.
— Gosto muito. — Suspirou pesadamente. — Mas enfim, te deixarei sozinha pra poder começar sua leitura. — Regina sorria, acenando com a cabeça, voltando para trás. Estava com um livro em mãos também.
— Ei, Regina! — Emma chamava, fazendo-a com que virasse de volta para observar a loira. — Por acaso você vai fazer alguma coisa agora?
— A princípio, não. Gostaria de mais alguma ajuda?
— Não, só estou achando curioso você aqui e... — Começava a coçar a nuca em um gesto nervoso. — Qual livro é esse que você está segurando? — Se aproximava de Regina novamente.
— Curioso por quê? — Olhava para o livro em suas mãos. — E eu estou lendo um dos best sellers de terror mas conhecidos. — Falou baixinho como se estivesse falando algo grave. — Inclusive, foi adaptado para o cinema diversas vezes.
— É mesmo? — Emma perguntou curiosa. — Qual o nome?
— Horror em Amity Ville.
— Sério? Nossa, que legal!! — Levantava as sobrancelhas, um pouco chocada. — Estou achando curioso você aqui, porque aparentemente, você parece conhecer os livros e, porque não me parece ser comum a filha do pastor se identificar por esse tipo de coisa.
— Emma soube que Regina era a filha do pastor presidente, justamente por ela ter se apresentado uma Mills.
— E eu estou achando curioso uma pessoa como você, que aparenta ser bem desconstruída, imaginar que a filha do pastor não passa de uma suposta alienada, que não lê e não conhece sobre literatura. Arrisco a dizer, que tão bem quanto qualquer outra pessoa que está aqui hoje.
— Não estou supondo nada, desculpa se é isso que está pensando. Eu só... só não... achei comum. — Disse constrangida. Foi inconveniente em suas palavras.
— Tudo bem, Emma. Embora não pareça comum, porque realmente não é, existem filhas de pastores que se identificam com esse universo. — Riu amenizando a situação.
— Me desculpa, de verdade, não foi minha intenção te ofender ou julgar. — Torcia a boca. — Gostaria de tomar um sorvete? — Mudava o assunto, dando um sorriso tímido.
— Você quer se redimir me pagando um sorvete?
— Pode ser? — Perguntava prendendo um riso, dando de ombros.
— Pode. Vamos lá. — Saíram da biblioteca, ambas com os livros em mãos.
xx
Andaram até a parte de fora. A fazenda estava lotada. A maioria dos jovens que estavam lá, iam todos os anos, sendo assim, já conheciam-se.
— Primeira vez que vejo você aqui. — Emma pegava um sorvete para Regina e para ela.
— Essa é a segunda vez que venho. Da última vez que vim, fiquei os últimos sete dias.
— Então foi por isso que não te vi. Eu sempre vou embora antes de terminar as férias.
— E você gosta de vir? — Regina perguntava, sentando com Emma em um banco próximo às piscinas.
— Eu gostava mais quando eu era mais jovem.
— Por quê? — Estavam uma do lado da outra, debaixo de um enorme guarda-sol.
— Porque acho que quando somos crianças, não questionamos nada e tudo é perfeito. Não sentimos a necessidade de fazer perguntas e também não somos tão curiosos com o mundo. — Você fala "mundo" — Fez aspas com os dedos — em relação ao pecado?
— Acho que também... — Virou-se para mirar Regina nos olhos. — Sabe, é complicado, mas sinto que me privaram de saber coisas que cedo ou tarde eu descobriria. Não foi uma privatização onde eu reclamava, até porque era normal. Fui criada em um lar cristão e conforme a palavra de Deus, ou quase... Meus pais faziam e fazem o que podem. Mas hoje, percebo que minha criação não condiz com coisas em que acredito.
— Entendo. Acho até que sou parecida com você nesse aspecto. Creio que para mim, foi e ainda é um pouco mais difícil acreditar em coisas que são contraditórias aos dogmas em que me foi imposto. Por que eu não posso acreditar em outras possibilidades. Eu só posso acreditar naquilo que convém da palavra de Deus, da verdade da bíblia, das escrituras sagradas. — Regina falava, com o olhar baixo, parecia estar desabafando.
— Prossiga. — Emma a incentivava.
— Bom, como você sabe, eu sou a filha do pastor presidente, e eu preciso ter uma reputação a zelar. Não somente por causa da igreja, mas por causa da minha família, e do nome que carrego. — Suspirou. — Eu venho de uma geração de pastores, diáconos, bispos, ministros e líderes religiosos no geral. Preciso sempre ser um exemplo de filha e cristã. Apesar de muitas vezes, eu sentir que somente Jesus consegue acalmar as minhas frustrações, é uma pressão muito grande em cima de mim, que ainda tive sorte de nascer em uma época diferente e avançada em vários sentidos.
— Imagino que não deva ser fácil pra você. Todas essas coisas e esse peso que, talvez, indiretamente, colocam nas tuas costas, possa ser muito ruim e difícil de lidar.
— É... Eu basicamente fui criada e educada por padres, pois estudei em uma escola de freiras, mesmo meu pai sendo de vertente oposta ao catolicismo, colocou eu e minha irmã a estudarmos praticamente num convento.
— Nossa Regina.. — Emma ficava sem palavras. Sentia que realmente a moça em sua frente devera sofrer com toda religiosidade e pressão depositadas nela.
— Mas sabe, acho que eu sou diferente. Minha mente é diferente. Estudamos nessa escola, apenas até o quinto ano do ensino fundamental. Depois, papai nos colocou em um ensino privado, bem burguês e ridículo, enfim... — Terminava de tomar seu sorvete. Emma prestava total atenção em Regina que, aparentemente estava bem à vontade em falar todas aquelas coisas para ela.
— Sua mente é diferente como? — Emma ajeitava-se no banco. Estava interessada em saber se, alguma de suas questões, eram parecidas com algo que habitava a mente de Regina.
— Talvez mais expansiva. Eu absorvo muitas coisas, mas somente aquilo que eu gostaria de saber ou aprender. Sou apegada demais em literatura, eu leio e escrevo compulsivamente. Acho que muito do que sou hoje, devo aos livros e a minha vontade de ser alguém diferente. Eu tive que adaptar a minha mente, pra não surtar, não virar uma alienada como minha mãe ou minha irmã, que muito embora pareça ser um exemplo, é tudo de fachada. Zelena me odeia.
— Como assim, a sua irmã te odeia? — Emma estreitava os olhos.
— Não entendo também. Mas acho que foi depois que eu nasci. A atenção era toda pra ela e ela teve que dividir os nossos pais comigo, a casa comigo, os brinquedos... Deve ter me rogado muita praga enquanto eu estava na barriga de mamãe. — Gargalhou, balançando a cabeça negativamente.
Regina tem um sorriso muito bonito e ele mostra ser tão amoroso.
— É uma pena que ela seja ruim com você, porque no mínimo, deve ser maravilhoso ter a sua presença. — Emma sorria com a boca e com os olhos para Regina.
— Ah, — Mills corava um pouco. — Muito obrigada, Emma. Deve ser muito bom ter sua companhia também. Percebi que é uma bela ouvinte, e uma bela pessoa também. — Passava os olhos por todo rosto de Swan. Curiosa.
— Obrigada, você é uma pessoa muito bonita também. — Emma sorria de canto. — Eu gosto de ouvir as pessoas, estou gostando de ouvir você falar da sua vida, sua história.
— Sabe, essas coisas são inéditas. Eu nunca falo da minha vida pra ninguém, nunca falo sobre mim, ou sobre quem sou, o que penso e minhas opiniões. Você é diferente. Senti vontade de falar.
— E eu senti vontade de te desenhar agora. — Emma era uma grande artista. Tinha muitos talentos, e um deles era a arte de desenhar.
— Não acredito, você desenha? — Perguntava admirada.
— Desenho sim, é uma das coisas que mais amo fazer além de lutar também.
— Meu Deus, mas você é uma caixinha de descobertas, Deus te encheu de dons. — Sorria.
— Creio eu, que Ele te encheu de dons também. Inclusive, um dia gostaria de ler o que você escreve. Fiquei curiosa.
— Claro, eu posso te mostr..
— Ah você está aqui. — Zelena chegava, interrompendo Regina.
— Falando no demônio. — Disse baixinho apenas para Emma ouvir. — Estava me procurando, Zelena? — Regina virava-se para observar a irmã.
— Estava. Mamãe acabou de chegar, ela quer falar com você. — Falava para a irmã, fingindo que Emma nem estava ali.
— Ok. Já estou indo. — Disse olhando para Zelena.
— Ok. — Cruzou os braços, batendo o pé no chão, olhando para Regina.
— Você já pode ir, logo eu estarei lá.
— Não demore! — Olhou para Emma e logo revirou os olhos.
— Mas essa sua irmã é fogo na bota, meu Deus.
— Você não viu nada.. — Deu de ombros, fazendo uma expressão decepcionada. — Terei que ir lá, provavelmente minha mãe quer que eu organize as tabelas de horários dos pastores que vão pregar durante esse mês.
— Não acredito que você faz isso.
— Pois é. — Levantava-se. — Foi um prazer te conhecer, Emma. Espero te ver mais tarde. Leia o livro e me diga o que achou. — Sorriu.
— Foi um prazer conhecer você também, Regina. Pode deixar, te darei o feedback do livro. — Riu. — Boa sorte com as tabelas. Até mais!
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Price of Love
RomanceE se de repente você começasse a questionar os princípios dos quais foram impostos a você seguir? E se o amor nascesse em um lugar onde jamais ele poderia ter nascido? E se por amor, você deixasse de seguir aquilo em que acreditava, e passasse a a...