1º - The Same Dream

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Silêncio.
Palavra que denomina o momento em que não há som algum, muitas vezes incomodo, outras nem tanto. Em alguns casos é ótimo, numa sala de aula durante uma prova, por exemplo, é o recomendável.
Já se o depositarmos em uma roda de amigos, talvez não seja tão agradável assim. Mas no meio da madrugada, é essencial.

O silêncio da madrugada chega de mansinho e alcança seu auge tal como a lua se localiza à pino. É o efeito calmante que faz os nossos cérebros continuarem a trabalhar ainda quando não desejamos. É o que tranquiliza os nossos músculos, acarinha e repousa o nosso corpo e nos leva para outra atmosfera. E quanto a atmosfera; a dos sonhos, está pode ser representada por coisas boas tal como também pode ser pintada por coisas ruins. Nunca se aprendeu como controlar as pinceladas que formam a nossa aquarela noturna, sendo assim, é difícil saber quando teremos um sonho bom ou um terrível pesadelo, tal como muitas vezes é de extrema dificuldade entender porque as nossas mentes planearam e bordaram àquelas tabelas de cores.

Mas e quando temos o mesmo sonho quase sempre ?
Isso é normal ? Por que acontece ?

Bem, esperava receber a sua ajuda nisso.

E mesmo sem experiência alguma, tente. O melhor resquício de pensamento é aquele que não ficara apenas na teoria mas que viera a surgir na prática. Portanto, tentar não é um erro, né ?

Agora, peço-te que sente-se confortavelmente, que aplique toda a sua atenção nesta história; está só será contada uma vez.

Bem vindo, caro leitor.
Antes de embarcar, tenha plena consciência de que está é uma passagem só de ida.

Para o mundo de Awkward Silence.

[...]

Jady's P.O.V

7 de Janeiro de 2018.
Sexta feira, 2:31 da manhã.

A escuridão banhava o céu, o clima quase gélido da madrugada preenchia o cômodo. Meus olhos estavam fechados mas o vi. O vi chegar.

Suas mãos, magras e delicadas, abriram a janela. Suas pernas, à mesma maneira, se colocaram para dentro. Tomou a cautela de fechar a janela novamente para que o vento não viesse a nos incomodar. E então seus passos o trouxe para perto de mim.

Somente quando mais perto, quando se sentara sobre o acolchoado pude observá-lo melhor. Seus olhos pareciam fundos, algo que a tristeza lhe trouxe. Seus lábios um tanto carnudos desfrutavam de um tom rosado que um dia fora mais forte, tal como suas bochechas que aparentavam ser de maior rubor em qualquer outra época. A ponta de seu nariz singular traçou o maior detalhe em seu rosto, ainda que seus breves cachos também chamassem-me atenção.

Tratava-se de um garoto do qual carregava, ainda que pelo o aparente sofrimento em suas doces feições, a base de seus 12 anos.

Senti que este estava se preparando, mentalmente, para dizer-me algo, pois respirava profundamente, como se buscasse o ar e a coragem que quase lhe faltavam.

E então, num ato de impulso, sua voz soou.

_ Ele tinha 4 anos. - Uma pausa se fez até que ele retomasse a palavra.

Eu queria questioná-lo. Queria saber à quem ele se referia, por que seu rosto estava tão marcado por lágrimas secas, por que em seu olhar não havia mais o brilho comum de se ver em todos os olhares nesta idade. Por que ele parecia sem rumo ao mesmo tempo que tão amargurado.

E então, para sanar parte da minha curiosidade, ele continuou.

_ Eu o peguei em meus braços, o coloquei sobre o meu colo, manchei a minha mão com o seu sangue. As minhas lágrimas caíram sobre ele, eu o balancei, o abracei, clamei para que ele não fechasse os olhos. Mas ele os fechou. Ele não resistiu; me deixou.

Ele tinha-me com as sobrancelhas em dúvida, meu olhar exclamava o quão confusa estava. Tudo que ele dizia parecia turvo, palavras de um poema melancólico de alguém que perdeu uma pessoa muito especial.

Eu compreendia a sua dor.

Mas injustamente, eu nunca conseguia tocá-lo. Mesmo que soubesse que o sonho já alcançava o seu final. Mesmo que já o tivesse tido por mil e uma noites, eu tentei. Todas as noites. Tentei abrir os olhos, tentei falar, gritar, levantar, por a mão sobre o ombro dele; nada acontecia.

Eu não conseguia mandar em meu próprio sonho. E em todas as noites, ele acabava igual.
O garoto lançava-me um olhar sombrio, mas o amenizava com um sorriso breve e ladino; como se aquilo significasse um lembrete de que um dia nos veríamos de novo.
Se levantava e me deixava ali.
Antes de partir pela janela, passava longos minutos, quase horas, me fitando dormir.
E então, como se recebesse um chamado, ele se virava, abria a janela com a mesma cautela de antes, passava por esta depositando as suas pernas no lado de fora e ia embora.

E então eu passava dias e meses sem o ver, até que ele quisesse contar-me sua dor novamente.

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⏰ Última atualização: Sep 07, 2018 ⏰

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