capítulo único.

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Quem diria que regressar ao local onde nos vimos pela última vez há exatamente um ano atrás me fazia ter tantas lembranças.

Parece continuar o mesmo, aliás, arrisco dizer que se encontra um pouco mais barulhento. Ainda tem a grande movimentação tanto de carros como de pessoas a atravessar as estradas apressadas para compromissos. Ri com a lembrança da nossa corrida com uma caixa de Pockys na mão enquanto o nosso olhar estava preso ao sinal e à sua contagem decrescente para ficar vermelho para os peões.

Uma vontade imensa cresce dentro de mim de querer voltar ao passado para reviver todos os momentos que passámos juntos, o problema é que tal já não é possível. Nem no passado, nem no presente e nem mesmo no futuro.

Talvez se eu soubesse o que se seguiria depois daquele dia, teria aproveitado muito mais o tempo que me restava contigo e teria também evitado certas atitudes, mas não é isso que todos dizem quando o tempo acaba? O facto de nós nunca sabermos o que nos reserva o futuro e deixarmos sempre tudo para amanhã, mas o amanhã às vezes não chega? O ser humano age assim é algo da sua natureza é impossível de se negar.


Já sei que estou coberta de melancolia e também sei que devia seguir em frente! Quase que te ouço gritar para eu parar de "remoer o passado" e simplesmente seguir o meu caminho sem ti, mas eu não consigo...



"Uns dizem que morreste

Eu digo que tu vives em nós"



É impossível seguir em frente quando estou no local onde dei o meu último sorriso sincero, a minha última gargalhada não forçada, quando estou no local onde demos o nosso último beijo e nos divertimos mais que nunca como se nada mais existisse além de nós os dois e o nosso amor.

Parece que ainda te imagino aqui, a dizeres-me que quebrar as regras uma vez para comermos num sítio privilegiado, mas proibido, não era nada muito grave. Continuas a ter razão, quebrar a mesma regra depois de um ano não é razão para tanto drama, até me sinto melhor por o fazer.


O chão frio entra em contacto com a minha pele assim que me sento no chão para evitar ser apanhada, mas não reclamo, a vista daqui de cima é linda. Mais uma vez tive a estranha sensação de que aqui estavas comigo, com aquele teu sorriso encantador, e voltei a ser inundada de lembranças...

Oh, como me lembro daquele último dia, para ser mais exata, daquele último fim de tarde caloroso que passámos juntos, o teu sorriso era enorme e os teus olhos brilhavam sob o céu que que se encontrava tingido de uma mistura magnifica de cores: laranja, rosa, roxo; aquilo era o nosso filme, nós eramos as personagens principais e melhor não seria capaz de pedir.

Ao contrário desse dia, hoje chove. E é deplorável pensar que o céu chora de saudade pela tua ida sem aviso. O vestido rosa que usava naquela tarde de verão foi substituído por um grande casaco preto e um gorro para me proteger do frio.


Sim, frio.

Estranho, não achas?


Sempre que vínhamos aqui a temperatura era ótima, parecia que o Universo estava do nosso lado, que torcia por nós e claro que isso não ajudava, pois só nos fazia querer ficar mais e mais tempo estendidos neste grande terraço enquanto murmurávamos o quanto estava calor, mas demonstrávamos a vontade inexistente de ir embora.

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