Crepúsculo

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X819

- A neve está engrossando! Será um inverno atormentando pelo visto. - A voz feminina rouca entoava pela sala quase vazia. Sentada em seu trono, estava lá, a rainha dos ''Sonhos".

- Os algozes se agitaram mais ainda com isso. Será problemático! - Proferiu um homem elegante, a muralha inquebrável, que caminhava em direção a sua líder.

- Devemos então simplesmente queimá-los! Se você sentir frio eu também queimo você! - A segunda voz feminina se libertou, talvez uma voz muito adorável e infantil para palavras tão voláteis. A pequena mulher do calor se repousava aos pés da soberana.

A monarca soltou uma risada doce com os comentários de seus companheiros. Realmente, eles a divertiam como ninguém.

- Não nos preocupemos com eles no momento, são os menores de nossos problemas! Nos preocupamos com nosso "jogo".

- O que tu viste, minha rainha? Seus entoamentos estão deveras alegre essa manhã! - O homem proferiu se pondo em uma posição de respeito diante do trono.

-Perspicaz como sempre! - Um momento de silêncio se fez - Caos para essa guerra! A bela caixa de Pandora será finalmente aberta! Esse jogo finalmente irá recomeçar com um novo jogador na partida! - Ela sorriu eufórica como se a ideia daqueles simples pensamentos fossem a coisa mais feliz que tiveras a décadas.

Os dois companheiros simplesmente soltaram uma risada com o divertimento da rainha. Era aquele momento de deixar transparecer pois sabiam o que viria a seguir.

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X820

O tempo estava ficando ruim, uma tempestade se aproximava sem dúvidas. Os moradores da cidade prospera corriam para suas casas deixando as ruas desertas, ocupadas apenas pelas belas e poucas flores que aprenderam a sobreviver ao clima frio, junto a caminhantes apressados.

As poucas pessoas que ainda se aventuravam por ali, logo adentrariam em algum lugar para se aquecer. Até mesmo os estabelecimentos fechavam, sem dúvidas, era uma pequena cidadezinha.

Uma senhora ainda vagava por lá, voltando, provavelmente, de seu trabalho. Com sua casa longe, teria que passar por algumas vielas que incluíam caminhos nem tão bons. Apressada para se aquecer, acelerou o passo, talvez chegasse logo em casa se não fosse por um motivo especifico que apareceu em seu caminho assim que ela adentrou um dos últimos atalhos.

O corpo estirado no chão, coberto por uma pequena manta, chamaria atenção de qualquer um dos residentes se ainda estivessem ali. Assustada, porém, uma pessoa de alma boa e curiosa, a senhora se aproximou com cuidado, retirando a manta que cobria o rosto do corpo. A face revelada era de apenas uma garota adormecida, a pele pálida como a neve que caia naquela estação, talvez assim de nascença ou forçada pelo tempo, coberta por cicatrizes pequenas, uma maior sobre o olho direito. "Profunda", a mulher pensava. Talvez escondida pelos longos e desarrumados cabelos violeta escuro. Ela ainda respirava, porém, seu corpo ardia em febre, a mulher confirmou.

Utilizando de toda a sua força física e de vontade, a mesma a levou para sua casa, esperando conseguir cuidar dela, já que no estado que o tempo se encontrava, chamar por médicos não adiantaria.

A noite logo tomou conta, junto a ela, um grande temporal devastador, mas que todos já se acostumaram. A dama conseguira trazer a menina para casa e cuidar da mesma, que parecia em estado de sono profundo, talvez pela febre.

- Essa dosagem vai ser o suficiente. - A mulher disse enquanto terminava de medir certas substâncias para um remédio. A segunda coisa que a levou a cuidar da garota em vez de correr para um médico era seu conhecimento nessa área, era uma simples enfermeira, mas fazia tudo com dedicação. - Agora falta só um item! - Sorridente, começou a retirar seu sobretudo que havia sido esquecido sobre seu corpo, ficando somente com as roupas leves sociais que sempre usava em seus dias de trabalho. Estava na casa dos 40 anos, contudo, ainda parecia bem jovem, tirando as marcas sobre seus olhos e uns pequenos fios esbranquiçados que apareciam sem motivo algum.

Pandora - DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora