Prólogo

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Prólogo

Ela não sabia onde estava.

Escalávamos uma espécie de montanha ingrime, não tão alta. Cheia de árvores, musgos; e apesar do tempo frio o sol brilhava com uma luminosidade intensa a qual queimava meus olhos e me fazia contrair-los para enxergar melhor; caminhavamos a dias; quanto mais subíamos mais frio se tornava. Eu estava com cada vez mais dificuldade, minha respiração falhava, e manter os olhos abertos era meu maior desafio. Meus joelhos sangravam, apesar das pesadas roupas que eu vestia, devido ao esforço de me arrastar com eles quando caia e mal conseguia me levantar. Nada nos amarrava. Dois de meus amigos haviam morrido. Eu ignorava isso, precisava sobreviver.

Gustav, o unico restante, subia com mais velocidade que eu, sem olhar em meu rosto. Sempre que me gritava para eu ir mais rápido seu tom era ríspido, me incomodava, mas eu entendia.

Pierro não devia estar nos perseguindo. Ele devia estar conosco.

O que eu havia feito mais cedo não teria perdão, talvez eu jamais voltasse para o que eu agora considerava lar.

– Rápido Jack, corre - Gustav gritava,se afastando com cada vez mais velocidade. Era sobrehumano.

– estou tentando - acho que ele não havia escutado minha voz. Eu não me escutaria. Falava baixo, estava exausta.

Gustav estava muito a frente de mim. Estávamos tentando chegar ao esconderijo que ficava no pico.

Começamos a escutar barulhos de helicóptero. Isso me acordou. Retirei a pesada blusa e a deixei cair, me atrapalhava. Alcancei Gustav e continuamos a correr cada vez mais rápido.

Chegamos ao pico. No chão camuflado havia uma porta pintada em 3D a qual quem não conhecesse o local nunca saberia o que ali embaixo se escondia. Abrimos e ela deu para um buraco escuro que eu não sabia se teria fundo. Estremeci.

– primeiro as damas - Gustav encarava com preocupação o barulho de helicóptero que de algum lugar vinha. Ao longe.

Saltei pra dentro do buraco,foi uma queda de aproximadamente dois metros. Não sei. Não posso confiar no meu senso de tamanho. Gustav pulou logo em seguida. Eu segurava o cotovelo, havia batido-o ao cair.

– se machucou? - ele tirava a jaqueta. Jogou-a de lado, o galpão subterrâneo estava abafado.

– não - comecei a andar pelo local, continuava tudo escuro, eu não entendia, devia ter alguém ali - olá? Tem alguém aí?

Tropecei em algo pontudo e cai.

- desastrada - Gustav riu pela primeira vez em dias.

De repente ouvimos a barulho de luzes acendendo de forma gradativa pelos cômodos. Quando a do local que estávamos acendeu, nossa visão foi ofuscada.

Gustav abriu os olhos primeiro que eu, eu ainda estava no chao, de frente para ele, ele se afastava gradativamente me encarando. Eu sentia, ele queria fugir. Sua expressão demonstrava surpresa acompanhada de susto e raiva.

Me virei. Ao conseguir focalizar minha visão eu não acreditava, não conseguia mexer um músculo, se quer levantar do chão. Senti algo atingir minhas costas, como uma leve picada, daquelas que dizem "não vai doer" e doem.

– Lena?

Não vi mais nada.

Jack DanielsWhere stories live. Discover now