9 de janeiro de 2014.
Louis Tomlinson nunca gostou de frio. As árvores sem folhas não lhe despertavam curiosidade, a neve suja a jogada de lado, misturada ao lixo, não lhe era atrativa. E agora que suas lagrimas congelaram em suas bochechas e o vento machucava sua pele, os cílios com flocos de neve, ele gostava menos ainda.
E odiava, principalmente, que Harry Styles tenha ido embora. Porque, sim, agora tudo queimava em branco, e como ele odiava aquela cor, sem sentimentos. Porque branco era definitivamente a pior cor, e talvez representasse como o coração do menino de olhos verdes, seu amado, estava: vazio. E algum dia eles se apaixonaram, envolveram a si mesmos naqueles abraços que poderia abrigar o mundo inteiro, mas... Não agora.
Sim, talvez dois anos atrás. Talvez durante esses anos em que estiveram juntos, mas não agora. Porque o coração do menino de cabelos cacheados não era mais sorridente, nem mesmo triste. Aquela depressão havia tomado tudo de si, e em sua mente, Harry disse, ecoando pelo vazio de seu cérebro, que a única coisa que o impedia de ir embora, o segurava ali e o fazia prometer ficar, era Louis.
Mas se torturar a acordar todas as manhas para enfrentar um novo dia sem cor era ruim demais para Edward, e ele não agüentava mais, mesmo que o amor da sua vida estivesse ali, para levantar uma nova casa quando o terremoto os abalasse. Então apenas disse tudo para Tomlinson, e deixou de fora o que pretendia fazer. E, quando voltou para casa, ligou sua banheira, porque não queria fazer bagunça.
1 de setembro de 2017
Os fones reverberavam a musica mais tocada do momento. Louis gostava daquelas musicas, algo eletrônico, porque não o lembravam de nada. Gostava do verão, porque quando olhava para os galhos dar árvores, eles pareciam velhos e jovens. Não eram secos, longos e pareciam entrecortar o céu. Não o lembrava Harry.
Mas é obvio, agora Styles estava em sua mente. Por onde ele andava? Ele ligou, anos atrás, para a casa em que ele vivia com a mãe. E Anne disse, nervosamente, que Edward não estava em casa. Será que ele havia encontrado outro alguém? Mesmo que secretamente, o britânico esperava que não, porque ai não se sentiria insuficiente consigo mesmo por não conseguir suprir o que outro alguém pôde.
Naquele dia, três anos e alguns meses atrás, Tomlinson se arrependia por não ter dito "adeus". Acreditar que um dia, tão próximo assim, eles voltariam a se ver e se amar como antes, quando tudo o que faziam era tentar provar mais um pouquinho daquele sentimento para que ambos os corações batessem novamente.
E agora, tudo o que desejava era mais uma chance de se despedir.
21 de agosto de 2018
Harry Styles era alguém que chamava sua atenção. Porque, depois de chegar a casa e entrar ainda de cueca em sua banheira cheia, com a lamina mais afiada que tinha o menino de Holmes Chapel fez cortes tão fundos que gritou de dor ao atingir seu osso, o lábio já partido por seus dentes que descontavam ali a dor.
Quando Anne chegou a casa e achou que a porta estava emperrada, ou que seu filho havia dormido no banho (de novo), ela achou uma chave de fenda que resolveu seu problema. Anne gritou também. Mas era porque ali estava seu pequeno bebê que não era mais tão pequeno assim, apenas com a cabeça e os joelhos, caídos inertes para um lado, para fora da água de um vermelho tão escuro que a impedia de enxergar os cortes dos braços e das coxas.
E ao seu redor, cobrindo duas das paredes do banheiro, estavam post its de diferentes cores. Foi só uma semana depois, quando a mulher tomou coragem para ler o que estava escrito ali, que pôs a mão sobre a boca e chorou de novo. Eram as memórias felizes de Harry, porque ele não queria morrer tão triste assim.
"Quando Louis me levou para a biblioteca em nosso primeiro encontro e não podíamos falar nada porque a bibliotecária era chata". "Quando mamãe se casou com Robin e eles deram o primeiro pedaço para mim e Gemma ao invés de comerem eles mesmos". "Quando eu passei direto em física mesmo achando que ia reprovar". Eram varias. Simples, mas Harry se lembrava de cada uma delas. Só não eram o suficiente para lhe manterem a salvo da doença da tristeza.
Então, quando ele saiu do hospital, Anne nunca disse que Louis havia ligado porque tinha medo de que seu menino ficasse ainda pior. E quando lhe tiraram as laminas, Styles descobriu que se queimar trazia o mesmo efeito dos cortes, que agora eram brancos ou, os mais fundos, vermelhos e em relevo. Era por isso que chamava tanta atenção aonde ia.
Mas isso foi há anos atrás, porque a única coisa que restava eram as cicatrizes. Elas permaneceriam ali para sempre, como prova da sua luta. Harry gostava de encarar daquela forma. Naquele bar de sinuca, pelo menos algumas pessoas olharam em sua direção. Umas com nervoso, repudio, pena ou indiferença.
Mas Louis Tomlinson apenas soube que seus olhos brilharam ao ver Harry e seu coração quase saiu pela boca. Aquelas cicatrizes não eram nada, nada mesmo ao lado daquela certa felicidade em encontrar o menino de novo de poder dizer "adeus". Os dois se encararam e então sorriram. Fizeram um sinal de tchau com uma das mãos, e ambos sussurraram a palavra que acabava com os anos de amor.
Havia acabado, mas as memórias felizes de William e Edward nunca foram embora. Como velhos amigos se reencontrando, aqueles dois se sentiam livres para continuar suas vidas agora, porque a historia não havia acabado três anos atrás. Foi, talvez, o meio.

VOCÊ ESTÁ LENDO
To Say Goodbye - Larry OneShot
FanficMesmo após o fim, a imagem de Harry rondava na mente de Louis e o sentimento de que eles apenas poderiam de fato seguir seus caminhos quando se vissem novamente permaneceu anos depois daquele dia de inverno. Até que, então, puderam dizer "adeus" no...