Tenho vontades, e muitas. Pensava que eu não tinha nenhuma, mas me descobri cheio delas nos últimos dias.
Tenho vontade de chorar, sumir, nunca mais voltar, dizer adeus e não ir para trás novamente. Vontade de saber que ninguém se importa comigo e que não vão me procurar, de saber que ninguém vai se preocupar, mesmo que já esteja explícito. Tenho vontade de navegar para longe, me perder no horizonte sem um mapa, me dispersar de tudo e perceber que estou sozinho. Odeio me sentir solitário, mas não quero companhia. Quero pensar em mim mesmo e liberar esse desejo de nunca mais aparecer para ninguém, só para mim. Quero me enxergar, nisso ficar, entrar num barquinho e espera-lo afundar. Percebi que minha vida é feito barquinhos de papel, conseguem boiar e boiar, mas, uma hora, irão se molhar demais e desmanchar. Me afoguei em mim mesmo por não dizer o que sinto e, de tanto não falar, parei de sentir. Eu era meu barquinho, entrei em caos no oceano, não consegui me salvar, senti a vontade de chorar, contudo, agora quero repousar em mim, me imaginar como alguém e saber que nunca mais passarei a me tratar assim. Será apenas eu.