Muitas vezes ando, sem rumo, em um desses rumos sem destino, foi como um sussurro, senti em minha nuca seu respirar, minha pele sibilou em vários pelos, atônitos ao que escutava.
A voz era simples, como q de uma camponesa, porém entoava músicas antigas, carregada de sabedoria e muita dor. Eu sabia que aqueles arcos não eram para qualquer um, era uma música, contava a vida de um viajante que buscava um coração perdido.
Sua pele era fria quando toquei. Logo se aquecia como fogo, incendiava a minha alma.
E naquele espaço entre um leito e outro do rio, eu sentia q esse sussurro. Este toque. Não era de alguém que me queria deixar tomar meu rumo. Queria impedir meu corpo de navegar. Flutuar por sobre a água até meu ato final, o mar.
Meu corpo se bateu contra um tronco, olhei acreditando ter achado algum motivo novo para ficar. Aquele tempo em que passei olhando em seus olhos, foram tão longos, e depois de passado tão curto....
Eu podia sentir que estava chegando...
O sussurro ainda se mantinha ao meu encalce. E ele só me empurrava mais baixo, tomando velocidade.
Sua voz era doce, mas descia como espinhos pela minha garganta.
O sabor dos vermes já era insuportável.
Até que um grupo a costa, me pegou.
Acomodado em madeiras vermelhas escarlates como o sangue que um dia chorei, eu senti de novo seu suspiro.
Pronto para me reavivar.
Mas era novamente mais combustível para meus erros.
Aquele grupo, a qual cada um eu conseguiu distinguir sentimentos, um triste, alguém nervoso, um impaciente, o que mantinha todos unidos era calmo, alegre, sempre sorria.
Falso.
Tão porcelanado quanto eu já pude ser.
Porém o incêndio corria por minha pele.
Atingia minha coluna e subia.
Como brasa, como a língua gelada que um dia senti correr todo o torso.
Pairando minha nuca e cravando seus dentes.
Por fim, seu carinho chegou a meus cabelos enegrecidos tanto pela fumaça, quanto por suas palavras.
Um corpo queimava sobre a praia, alguém que morreu a muito tempo. Talvez havia se suicidado. Aquele lugar era comum ter isso. Uma tribo oferecia sua alma aos céus. Intercedendo pelo fúnebre, uma brecha para atingir o céu que nunca acreditou existir.
E lá queimava, ardia, sumia.
O que um dia eu pude ser.