"Querido diário.
Mais uma vez eu venho aqui lamentar mais um término desgraçado com um macho desgraçado.
Nada de novo, o famoso esquema pantufa: dentro de casa tudo lindo, maravilhoso, quentinho e gostoso, já na rua...
Em 2 meses ouvindo aquelas velhas desculpas de que "o que ninguém sabe ninguém estraga", que "a nossa relação precisava amadurecer" e outras babaquices eu pus ele contra a parede e ouvi de novo "eu gosto de você, você é legal e tal, mas..." que parece que todos os namorados que eu tive na vida combinaram de me dizer.
Desliguei o telefone sem nem deixar ele terminar. É, esse nem a coragem de falar na minha cara teve!
Foi uma droga! Tá, eu sei que eu já chego em alguém esperando que, no final das contas, seja só mais um babaca pra uma noite (isso quando aguenta a noite toda), e que depois não vai nem ligar, mas esse veio com um papo tão diferente... Achei que podia me despreocupar já que hoje é dia dos namorados e eu pensei que a ligação fosse pra me chamar pra sair... Isso explica porque nem pra me chamar pra comemorar num simples motel de beira de estrada que fosse ele teve coragem.
Eu achei que agora ia, mas não foi, aliás acho que voltou pra trás um pouco.
Muito difícil essa vida de lidar com homem que acha que só porque eu sou gorda eu não mereço nem a porra dum motel de beira de estrada no dia dos namorados.
Eu me recuso a crer na babaquice que o papai vive me dizendo de que mulheres como eu só servem pra "se divertir", ou naquele ex que disse que eu nunca vou ser levada a sério. Também já passei da fase de querer ser só o contatinho de alguém.
Pelo menos ele não veio com papo de aposta, igual o último, nem com proposta de ser amante... Ah, eu sei que eu não devia me chatear e que isso foi livramento, mas é uma pena que eu só ache caras que além de nunca me amarem ainda achem ruim que eu não me odeie. Mas tem aquele ditado que antes só que mal acompanhada, né? Talvez seja melhor ficar sozinha mesmo, melhor que perder tempo com mais embuste como os últimos.
Pelo menos a pizza continua sendo o grande amor da minha vida.
×
Fechou os aros do fichário e voltou algumas páginas com cuidado pra não amassar anotações importantes como queria fazer com a cara daquele idiota.
Pra cada babaca, uma lista onde os tratava da mesma forma que era tratada, um costume adolescente mantido apesar da problemática pra qual Hanabi, apegada à sensação vazia de ser como um policial fichando os culpados pelo crime de quebrar seu coração, não tava nem aí. Abriu o estojo e pegou o tubo de cola em bastão, o espalhando pela fotografia que ele usava como perfil do WhatsApp, a colando no espaço em branco da folha. Ao lado da imagem, completou a ficha já escrita com algumas das informações do rapaz da vez, preenchendo o espaço sobre o término.
Nome: Toneri
Idade: 28
Profissão: vendedor de tecido (nunca mais volto lá).
Como conheceu: no mercado.
Primeiro encontro: no barzinho depois do trabalho.
Nota: 8/10 (5/10 na cama).
Duração: 19/04 – 12/06.
Tempo que levou pra ser escroto: 2 meses.
Escrotices comuns: regulação de comida; me escondia dos amigos.
Causa do fim: efeito pantufa.
Como acabou: por telefone em pleno dia dos namorados.
Chance de volta: nem se o inferno congelar.Terminou as anotações e fechou o diário, agora de vez. Suspirou pesada, esfregando o rosto, tentando secar as lágrimas porque as notas só serviam pra reforçar que andava traindo seus preceitos de amor próprio por pura carência. Oh, mãezinha, porque a lançaste nessa terra onde seus hormônios arrasavam com sua pouca dignidade? Vai uma terapia aí, amor? A pizza do bairro saía mais barato.
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Plus Sexy
FanfictionHanabi nunca pensou que seu ritual de pedir pizza ao fim de cada relacionamento pudesse mudar de vez sua vida amorosa e colocar o homem de seus sonhos em seu caminho. Mas, também, quem imaginaria encontrar o amor chorando no ombro do novo motoboy de...