Capítulo 2 - O pombo

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Bea tinha acabado de acordar quando Melanie apareceu na porta, vestindo um vestido branco florido e luvas de jardinagem.

– Bom dia, minha flor! Acabou de acordar? Por que você não vá brincar no jardim com Helena?

– Ela já está acordada? – quis saber Bea, se espreguiçando. Ela sentiu um peso no seu pé direito e levantou um pouco a cabeça para encontrar o Bobby dormindo.

– Já tem um tempo que ela levantou. Ei, vamos precisar colocar regras aqui – Mel apontou para Bobby, que levantou a cabeça no mesmo instante. Agora ele usava uma coleira azul com um pingente com seu nome gravado – Não compramos uma cama para você à toa, mocinho.

– Eu gosto que ele durma comigo – respondeu Bea, se sentando ao lado do cãozinho e acariciando sua cabeça – Me sinto protegida.

– Ele pode te proteger do chão também, sabia? Agora levante-se – Mel bateu palmas para apressar Bea a se levantar, o som saiu abafado por conta das luvas que ela usava – Vá brincar com Helena no jardim. Aproveite o sol enquanto ainda o temos, apesar de eu duvidar muito que Tristan Bryan tenha acertado a previsão para hoje.

– Acho que a Helena não vai me deixar brincar com ela.

Isso era muito comum entre as irmãs. Helena não gostava de brincar com Beatrice, porque, segundo ela, sua irmã era chata e chorava por qualquer coisa. Agora que Bobby entrou para a família, Bea tinha a impressão de que Helena estava ainda mais distante dela.

– Mas foi ela quem pediu para eu te chamar. Ah, antes que eu me esqueça, olha só quem está aqui!

A mãe fez um gesto, como se estivesse chamando alguém que estava no corredor e então, segundos depois, apareceu ao seu lado uma garota com cabelos muito lisos e negros e pele muito pálida, seus olhos azuis se destacavam. Beatrice arregalou os olhos por alguns segundos e depois deu uma risada. Era a sua melhor amiga, Eleanor. Elas se conheceram na escola há três anos e depois disso nunca se separaram. Nellie, como Bea costumava chamá-la, era sua única amiga. Ela nunca gostou muito de Helena, por considerá-la estranha. Bea e Hel não estudavam na mesma sala, porque os professores não queriam ficar o tempo todo confundindo as duas, já que a mãe era a única que tinha o dom de conseguir diferenciar as duas. E é pelo fato de Nellie estudar na mesma sala que Bea que elas são tão próximas.

Nellie correu para abraçar a amiga e se encantou com Bobby. Ele lambeu o rosto da garota, igual fez com Richard quando se encontraram pela primeira vez.

– Bom, meninas. Vou cuidar das minhas plantas. Se precisarem de algo, estarei na estufa. Ah, e Helena está perto do balanço.

Mel saiu apressada, porque cuidar de plantas era o seu segundo hobby favorito.

– Se ele lambe o seu rosto, é sinal de que ele gosta de você. Ele faz isso com todo mundo, na verdade. Só nunca fez com Helena.

– Se eu fosse um cachorro, também não iria querer ficar perto dela – respondeu Nellie, achando graça.

As garotas passaram na cozinha e encontraram o Richard fazendo torradas.

– Olá, meninas! Estão com fome?

– Obrigada, Sr. Fisher. Eu comi em casa – disse Nellie, educadamente.

– Eu estou – respondeu Bea.

Richard entregou a ela uma torrada que acabara de pular para fora da torradeira e insistiu para que Nellie pegasse a segunda.

– Eu adoro o seu pai – Nellie deu uma mordida na torrada ao pisar no jardim – Ele sempre me enche de comida quando venho aqui.

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