A mais bela obra de arte

Capítulo 1

Logo as pessoas chegariam. Cecilia estava nervosa e feliz ao mesmo tempo, era a primeira vez que ela iria expor suas obras para o público, a única pessoa que já tinha as visto era Diana, sua melhor amiga. Cecilia estava ansiosa, mas Jo — como passou a assinar suas obras — não podia estar, Jo era séria e profissional. Foi essa a forma que Cecilia encontrou para desviar seu verdadeiro eu e o fardo que carregava da nova fase que iniciava de sua vida.

— Oi, Ceci — Diana apareceu por trás de Cecilia.

— Aqui é Jo —  a artista falou olhando ao redor.

— Ok, desculpa. — Diana revirou seus olhos levemente. — Como está se sentindo?

— Normal. — Jo passou os olhos pela galeria observando seu trabalho.

— Ah, esqueci que a  Jo não tem sentimentos — riu.

— Pare, Diana. Você sabe de toda a história, não sei porque ainda insiste em me irritar. — Ela passou as mãos por seu vestido vermelho.

— Não quero te estressar, desculpa. — a amiga se afastou e foi em direção à uma pintura. — Você tem um talento inestimável.

Enquanto Diana passeava pela galeria, Cecilia observava a amiga. Sua beleza e seu intelecto faziam dela uma jovem muito atraente, até mesmo Cecilia já duvidou se era realmente hétero algumas vezes quando estava perto da amiga.

Por um breve momento em que a pintora se distraiu, algumas pessoas chegaram. Cecilia estava nervosa e com uma pitada de medo, mas nada que Jo não pudesse esconder com sua expressão séria. Depois, mais e mais pessoas chegaram, a jovem,  certamente, não esperava que tantas pessoas viessem. Após muitas explicações sobre suas obras e muitos elogios, um homem que se aproximava chamou a atenção de Cecilia, ele  vestia um sobretudo que caía perfeitamente sobre ele e o deixava com um ar sério.

— Você é a artista por trás das pinturas? — o homem analisou Jo de cima a baixo.

— Sim — respondeu, um tanto intrigada.

— Hum, entendo. — o homem se aproximou do ouvido dela. — São um lixo.

No mesmo instante, Jo o afastou bruscamente, chamando a atenção de algumas pessoas que observavam a conversa de longe.

— Se o senhor veio até aqui para insultar meu trabalho... — Jo disse, quase deixando sua verdadeira personalidade transparecer, mas repensou sua atitude e se recompôs.  — Eu peço que o senhor tenha um pouco de respeito com minhas obras. — ela respirou fundo e o encarou.

Cecilia estava fervendo de raiva, queria socar aquele homem o mais forte que conseguisse, porém era Jo que estava ali, e ela era séria e profissional, não devia ceder às emoções do momento.

— Primeiro que você não tem nenhum senso artístico — ele riu —, segundo que seus traços são de péssima qualidade.

— E quem é o senhor para me dizer essas coisas? Um profissional, por acaso? — questiona Jo.

— Um dia você saberá, vejo que é muito inexperiente nesse ramo ainda.

— Senhor, será que poderia se retirar de minha exposição? — Jo diz, claramente alterada.

— Se assim deseja. — ele dirigiu um último olhar a jovem e saiu, com sua pose intacta.

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— Diana, ainda não creio na cara de pau daquele idiota. — Cecilia disse, recolhendo o último quadro da parede da galeria. — Eu fico ainda mais chateada porque eu o expulsei, eu tenho que saber aceitar críticas.

— Ceci, relaxa. Foi sua primeira crítica e ele não era lá uma pessoa muito educada. — Diana a consolou.

— Você não entende, eu não posso perder o controle, não ali, não naquele momento. — Ela envolveu a pintura no plástico com cuidado. — De qualquer jeito, ele poderia ser mais educado, sim.

— Óbvio que poderia! Quem ele pensa que é afinal? — Diana bufou em desagrado. — Deve ser um zé-ninguém que não tem o que fazer.

Cecilia riu de sua amiga, ela ficava muito engraçadinha quando estava com raiva. Ela terminou de guardar seu último quadro na mala do carro e encarou a construção moderna de que havia acabado de sair. A exposição era um sonho finalmente realizado, mas Cecilia sentia que não merecia aquela felicidade toda, ela não era digna, não quando seus pais não estavam ali.