A Loja de Velhas Fantasias

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Feita para o desafio Foda no Jutsu, do grupo FNS, no Facebook, com o fetiche "Primeira Vez Caótica".

Alguns anos no futuro, muito além do século 25, quando a humanidade está dividida entre viver os benefícios de uma sociedade robotizada, em que é ainda mais comum ver animais mecatrônicos nas casas, nos becos e nos zoológicos, ou tomar um ônibus voador para trabalhar nas grandes fábricas de produção em larga escala de modelos andróides para os mais variados fins, ou comprar um carro que te leve a qualquer lugar em velocidade hipersônica.

As cidades cresceram até o espaço fosse a "nova vista panorâmica". Os prédios, os antigos arranha-céus de gloriosas megalópoles do passado, convertaram-se em verdadeiras florestas preservadas, santuários naturais, uma vez que depois da Big Bang, ou Grande Explosão, o que se entendia por urbano desapareceu. As usinas nucleares colapsaram e os ricos fugiram para o espaço, deixando os pobres e desolados abandonados em terra. O planeta precisou de apenas alguns séculos para se recuperar do "susto", mas com a falta dos humanos, encontrou o rumo adequado.

Mais um século e logo a nova sociedade foi estabelecida: os ricos viviam em plataformas flutuantes no espaço, aproveitando os luxos que uma vida dentro de cúpulas altamente resistentes à pressão atmosférica podem oferecer e com serviçais mecanizados de tecnologia de ponta sempre ao dispor, enquanto os pobres se esgueiravam entre as antigas e as novas construções, amontoando-se perto das grandes montadoras de todos os tipos de veículos e perto das grandes fábricas de robôs, e buscando meios de ascensão social.

Mas esta não é uma história sobre o futuro, apesar de estar nele. É uma história sobre o passado. Ou pelo menos sobre algo que esteve no passado e resistiu todos esses anos para estar presente nessa história do futuro. Por isso, não se deixem encantar pelos painéis holográficos sobre inúmeras propagandas em tempo real de estilo de vida ou de produtos que vão tornar sua realidade melhor: ela pode ser um pouco mais assustadora que o esperado.

Dentre os inúmeros pobres, e entenda pobre como aquele que não tem condições de estabelecer moradia nas plataformas acima das primeiras camadas da atmosfera, havia um que se destacava pelos seus trabalhos sociais com os menos favorecidos ainda. Seu nome é Naruto Uzumaki e ele é o que se entende como um humano híbrido: não um filho de alien com humano, mas por uma eventualidade em seu passado, ele perdeu seu braço direito e ganhou uma prótese biônica que lhe concedeu um pouco mais de força naquele membro, entre outras coisas. Dessa forma, conseguiu trabalho numa fábrica que lhe rendeu alguns créditos a mais para comprar comida para quem precisasse. Não é porque o mundo é uma merda, que todos devem ser também, assim ele pensa.

No entanto, mesmo com toda essa postura de bom samaritano, Naruto se tornou uma pessoa solitária, vivendo num apartamento que fica no décimo andar de um prédio ocupado por pessoas que trabalham na Huntsman Interprises, famosa por construir naves para viagens interplanetárias, e não tinha com quem dividir experiências, como um simples aniversário.

Era tão sozinho que aos 30 anos, Naruto ainda é virgem. Um homem de 30 anos, notavelmente bonito, com uma situação financeira que lhe permite dormir sem preocupações com as contas e de boa conduta, ainda é virgem, solteiro e sozinho. Não por escolha, deve-se salientar, mas por falta de escolha. Num mundo onde a raça humana quase foi extinta e que os pobres recebem benefícios dos governos por causa de suas grandes proles, só os ricos podem se dar ao luxo de se deitarem com pessoas do mesmo sexo. Pois é, Naruto é gay.

E era, provavelmente, o único gay com coragem de se assumir sem medo das consequências que poderiam vir. Porém, falava-se de aniversários e hoje, exatamente hoje, Naruto completa lindos e bem vividos 30 anos e quer sair da condição de virgem. Quando entendeu a sua sexualidade, 15 anos atrás, ele era um sonhador de primeira classe: imaginava-se tendo sua primeira vez com um homem que lhe fizesse experienciar coisas indizíveis, de modo que nem o prazer de um brinquedo sexual se permitiu, apenas esperou pelo seu grande momento. Que nunca aconteceu.

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