O cadáver

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Eu só queria relaxar um pouco, estava farta de andar sempre atarefada o tempo todo a correr de um lado para o outro.
Então nada melhor para relaxar do que sentar me no meu sofá de pele preta enrolar me nas mantas mais quentes que encontrar e  apagar me do mundo.
Gosto de fingir que por um momento estou sozinha no mundo, não há ninguém a minha volta para me obrigar a fazer trabalho que eu não quero, a lembrar me das minhas responsabilidades, constantemente a dizer me que estou errada.
Não! Por um momento vou esquecer tudo isso.  Serei só eu o meu sofa, as minhas mantas, e a minha série que está prestes a começar.
Encostei me a ponta do sofá, estendi os meus pés para a frente pondo os em cima de um banquinho de madeira improvisado e deixo me ficar assim por umas horas, ou melhor, por quanto tempo eu quiser e bem entender.

~

As mantas deixaram de fazer efeito, quando dei por mim estava tudo escuro e gelado a minha volta, pensei que talvez a luz tivesse faltado por conta da tempestade que se instalou lá fora sem que eu me apercebesse.
Apressei me a levantar do sofá com um salto,por conta dos relâmpagos repentinos que vieram contra as arvores do meu jardim. Tinha de encontrar o máximo de velas e lanternas quanto possível.
Mas algo me conteve, eu morria de medo do escuro e isso impedia me de dar um único passo em frente, em direcção às escadas negras da garagem, onde eu guardava todo o material que precisava em alturas como esta. Condenei me eternamente pela minha inteligência de guardar tudo nos piores sitios possíveis.
Respirei fundo, peguei no telemóvel e fiquei a perguntar a mim mesma se realmente queria ver o que estava a minha frente ou não. O problema é que o que a mente não vê, inventa, e a minha era bastante criativa no que toca a estas alturas.
Dei um passo a frente e desci o primeiro degrau, outro e mais um a seguir, cinco degraus a baixo e eu já estava muito orgulhosa de mim com um sorriso de orelha a orelha. Mas o sorriso desapareceu e em seu lugar, uma expressão de receio veio ao meu rosto.
Eu ouvi gritos ensurdecedores vindo da garagem!
Gritos de ajuda, gritos de dor, gritos de prazer. Tudo misturado como uma solução homogénea, uma pessoa comum diria que eram apenas gritos comuns, mas eu havia experimentado de perto cada grito daqueles. Sabia o que significavam ao longe.
Petrifiquei. Não sabia se devia correr ou ajudar quem estaria em sofrimento.
Segundos pareciam minutos, minutos pareciam horas, e ali fiquei quieta e imóvel como uma rocha.

~

A luz voltou em flashes, constantemente a acender a apagar, abafada pelos gritos que cada vez vinham mais altos e mais próximos de mim!
Mas eu preferia que não tivesse vindo, preferia ter ficado as escuras sem saber o que me esperava.
A minha expressão de receio de à pouco deu lugar a uma expressão de pânico quando vi uma sombra a minha frente que parecia se mover vagarosamente na minha direcção.
Subiu um degrau e chamou por mim. Uma, duas, três vezes repetia o meu nome.

Melanie!...Melanie ....

Uma voz roca, prefurarava os meus ouvidos, como se tivesse perto demais de mim. Fui me apercebendo que de facto estava.
Arrepiei me quando senti a sombra tocar me o pescoço com as suas mãos frias e rugosas, eram finas, duras, tinha unhas enormes que me arranjavam os ombros conforme a sombra se movia a minha volta... Não consegui identificar do que seria mas... Nao era humano isso eu sabia.

Um cheio nauseabundo chegou me ao nariz, instalou se lá e não queria sair por nada. Eu tentava pensar em coisas bonitas, coisas cheirosas, rosas, bolos, o meu prefume preferido, a brisa do mar.... mas nada conseguia fazer abafar aquele cheio a carne podre de 4 semanas.

Os meus olhos arregalaram se de terror quando a luz voltou definitivamente e de repente, no fundo das escadas eu pude ver o que causava aquele cheiro horroroso.

GRITEI! Gritei tão alto quanto às minhas cordas vocais permitiram, até me deixarem rouca.

Eu via o seu interior, cada órgão seu retirado do seu lugar de origem, despedaçado em minúsculas partes, tornando  difícil de perceber que órgão seria. O seu esqueleto era bem visível com muito pouca carne agarrada a ele e pele era impreseptivel.

Não sei como, eu ganhei coragem para descer as escadas como um relâmpago, nem eu reconhecia aqueles reflexos em mim mesma. Algo me dizia que não tinha sido eu a mover me por vontade própria.

Cheguei bem perto do corpo em decomposição algo nele me chamou a atenção.
Algo me era muito familiar, demasiado familiar.

O cadáver estava sentado no meu chão, no fim das escadas a porta da minha garagem e eu só conseguia pensar que algo me era familiar naquele corpo.

Eu estava com o olhar fixo nas cavidades do crânio do cadáver onde deveriam de estar os olhos, esperava ver uma esperança de que aquele corpo havia estado vivo em algum momento, mas não conseguia.

Tentei ganhar coragem para me virar e ver o que me rodeava, mas o terror era tanto que eu estava com medo que algum assassino estivesse atras de mim a espera de um unico movimento meu para me apunhalar pelas costas.

Não foi perciso tanto. A luz apagou se mais uma vez. Uma corrente de ar percurreu o meu corpo e fez me sentir um forte arrepio espinha a baixo.

O meu corpo imóvel foi empurrado contra o cadáver fazendo me sentir cada órgão dele em contacto com a minha pele. Sentia me agoniada com vontade de vomitar. As minhas mãos arremessadas e pressas ao alto. A minha roupa arrancada ferozmente. Numa fracção de segundos fiquei nua em contacto com o cadáver, sentia algo tocar me, explorar o meu corpo mas não sabia o que era, não via nada na escuridão da noite.

Eu debatia me contra algo que não conhecia.
Usava todas as minhas forças para o combater  mas tudo era em vão. 

Sentia algo molhado percorrer a minha pele desde as minhas costas até ao meu pescoço e não consegui evitar sentir a excitação daqueles movimentos sedutores.

Por momentos consegui virar a cabeça o suficiente para ver o que me prendia e a minha visão foi assustadora.

Atrás de mim estava um homem com o rosto desfigurado,  cara de tarado, prevertido e sádico. Tinha um rosto pálido, olhos negros como a noite mas que brilhavam pelo mal que me fazia, a sua boca estava rasgada até as orelhas e tinha uma língua de serpente que me enrolava o pescoço. 

Ele fazia pressão em mim para que estivesse com o máximo de contacto com o cadáver enquanto passa a sua língua em todo o meu corpo, chegando finalmente no local que agora eu desejava.
Ele deitou me no chão fez me sentar de quarto e empinando a minha bunda o mais possível, introduziu velozmente a sua língua comprida e fina na minha vagina e fez me gemer como nunca tinha gemido. Fazia um movimento de vai e vem perspicaz até que gozei na cara dele.
Ele gritou feroz pois eu não deveria ter feito aquilo.
Ouvi um barulho atrás de mim como de uma faca a ser afiada e logo a senti espetada nas minhas costas!
Eu gritei de dor. Gritei muito o que o fez sentir ainda mais prazer.
E enquanto eu gritava ele preparava se para enfiar o seu membro dentro de mim. Enfiou  tão depressa e com tanta precisão que eu não tive tempo para reagir. Por mais que detestas se admitilo eu estava a gostar e não queria que parasse.  E não parou, passaram se horas e ele continuava ali a morder me, a meter o seu membro em todos os meus orifícios, a passar a língua molhada na minha pele nua e a esfaquear me freneticamente. 
De repente ele parou.
Tudo parou.
Senti um vazio dentro de mim.
Todos os sons, movimentos, sensações. Tudo estava deserto.

Até que oiço uma voz ao meu ouvido.

"Gostaste minha putinha?"

Ele olhava para mim nos olhos com um brilho tão intenso que me arrepiava. 
Olhou para o cadáver a minha frente e voltou a fitar me.

"Sim eu gostei!" Gritei alto para que o mundo ouvisse.

Mas ele respondeu da forma mais assustadora que poderia imaginar, apontado para o cadáver e aproximando o crânio ainda mais do meu rosto, gritou.

"POIS VAIS FICAR COMO ELE!!"

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