O som do despertador me tirou do meu devaneio, sai da cama pensando se eu realmente tinha feito à escolha certa do meu curso.
Minha mãe várias vezes me alertou, como seria difícil achar emprego na minha área, nunca dei ouvidos a ela, mas agora essa escolha começa a pesar. Há três meses estou enviando currículos, essa é a primeira empresa que me chama para uma entrevista!
Pelo que fiquei sabendo, O mercado de trabalho para os profissionais de secretariado encontra-se cada vez mais saturado. Me formei em Secretariado executivo bilíngue.
- Isa anda logo você vai se atrasar- A voz de minha melhor amiga Alice, me tirou do torpor.
Nós moramos juntas em um apartamento confortável, grande, com dois quartos com suítes, sala, cozinha, banheiro e varanda. Essa decisão veio quando fomos para Angra fazer faculdade, e também não queríamos mais morar no interior. Depois de muitos anos de amizade sempre sonhávamos em morar juntas.
Entrei no chuveiro tentando me lembrar de todas as informações que eu consegui ajuntar sobre o dono da empresa, ele é um engenheiro bem sucedido, e dono da maior construtora da cidade, ele é muito exigente com os seus funcionários, então fiquei ali ensaiado as melhores respostas.
A escolha da roupa certa está me deixado louca, preciso parecer profissional.
- Alice, o que acha dessa calça jeans e blusa de seda? – Entro em seu quarto com a roupa na mão.
- Não, muito cara de entrevista! Melhor procurar outra coisa – disse com cara de nojo.Gosto da opinião da Alice ela sempre é verdadeira. Optei por uma saia lápis, preta bem colada até o joelho que valoriza os meus quadris e uma blusa social branca e um salto meia pata preto.
Olho-me no espelho e gostei do resultado, fiquei com cara de mais velha. Mulherão, mais condizente com a vaga. Caminhei até o quarto da Alie já vestida
- Agora sim Isa, já está vestida de acordo com o cargo – afirmou contente.
Alice deu uma risada muito gostosa, adoro ouvir esse som! Ela é a minha família, minha mãe mora longe e o meu pai, eu nunca conheci e hoje percebo que não fez falta nenhuma. Minha mãe me criou muito bem sozinha. Não é hora de pensar sobre isso, me forcei a lembrar.
Eu já estava um pouco atrasada peguei minha bolsa a chave do meu carro e pedi que a Alice me desejasse sorte.
Entro no meu Carro, abro as janelas e tento relaxar, não conseguirei responder nada se continuar nervosa. Dirijo rapidamente pelas avenidas já bem movimentadas. Paro no sinal ao lado de um sonata, preto de invejar. Sorrio e peço desculpas ao meu Gol g6. Eu adoro o meu carro, ele é popular, mas é meu e nunca me deixou na mão! Me olho no retrovisor, começo a me questionar se não passei muita maquiagem, optei por uma base, pó, lápis, delineador e um batom nude que destaca bem os meus lábios. Obvio que não é uma maquiagem forte, mas todos sabemos que se uma mulher quer ser levada a sério em seu emprego, precisa ser admitida pela sua qualificação e não beleza. Não podemos exagerar na roupa, nem na maquiagem. Esse é o mundo machista em qual vivemos. Suspiro pesadamente.
- Ok Isabele, tem que ser o suficiente – balbucio.
Paro em frente a um prédio enorme, confesso que estou muito nervosa, o edifício é lindo e imponente. Construtora Müller, consegui ler tampando os reflexos do sol com a mão! Entro no edifício e me encaminho até uma recepção.
- Bom dia, em que posso ajudá-la? - Uma morena de dentes brancos e perfeitos me perguntou.
- Bom dia, sou Isabele Goulart estou aqui para uma entrevista com o S.r. Müller.
-Sim Sra. Isabele o S.r. Müller ainda não chegou, você pode pegar o elevador e esperar no vigésimo andar, lá terá outra recepção, a senhora mostra esse crachá. - Informou me entregando o crachá.
- Obrigada – disse
Dirijo-me ao elevador, reparo em cada detalhe desse edifício, ele é realmente lindo, O chão todo no porcelanato o mais bonito que eu já havia visto! Quase todos os detalhes em vidro. Não entendo muito de arquitetura, ou decoração, mas tenho certeza que esse edifício é muito moderno.
Aperto o botão do elevador e fico esperando. Quando a porta abre quase perco o fôlego, um moreno alto, eu não consigo disfarçar ao olhar para ele e quase não consigo mover os meus pés, me forço a entrar no elevador constrangida pelo meu rosto que certamente está corado.
Me concentro nas minhas mãos, tentando não olhar, mas em sua direção. Como ele é lindo é o que eu consigo raciocinar. Olho em sua direção mais uma, e vejo olhos azuis penetrantes me encarando. Coro novamente me sentindo uma idiota, e desvio os olhos rapidamente para os botões iluminados do elevador.
Espero que ele trabalhe aqui e que eu o veja muitas outras vezes. Ele é a visão do paraíso, alto, a pele bronzeada de sol o cabelo preto bem cortado à barba cheia, muito bem-feita, o corpo é atlético, isso o que eu consigo ver através do terno que ele está usando, que aliás eu tenho certeza que é feito sob medida, bem cortado e mostra os seus ombros largos. Mas o que mais me chamou a atenção foram os olhos, um azul tão intenso!
Ele ainda continua me olhando eu tento não olhar em sua direção. Me sinto envergonhada, não gosto muito de atrair a atenção masculina! Só consigo pensar no que Alice sempre me diz.
- Isa você tem que aproveitar a vida, deixa de ser tímida ou acha que você vai conseguir se esconder para o resto da vida? Você é linda vai aproveitar a sua vida. Você é a única pessoa de vinte anos que eu conheço que ainda é virgem.
Sim eu sou virgem, no auge dos meus vinte anos e virgem. O que posso fazer? Eu escolhi primeiro minha vida profissional, depois pensaria em namorar. Eu nunca consegui ficar tão sério com alguém ao ponto de me entregar ou me apaixonar. Não sou celibatária, já fiquei com alguns caras lindos, mas sempre estive focada no meu futuro. Queria ser alguém de sucesso, dar orgulho para a minha mãe, me criou sozinha e eu queria mostrar que poderia ser uma mulher tão forte quanto ela.
O som do elevador me trouxe de volta, havia chegado ao meu andar e só agora percebi que eu não tinha apertado o botão, então ele estava ido para o mesmo andar que eu! Sai do elevador rapidamente e sem olhar para trás.
Paro na recepção e me apresento, entrego o crachá e informo a recepcionista que tenho uma entrevista, ela me manda aguardar logo serei chamada.
Daniel
Sai do elevador intrigado, não me lembro de a última vez que uma mulher não se jogou em cima de mim à primeira vista. Claro que o meu dinheiro e nome sempre fazem isso, as mulheres se jogam para cima o tempo todo. Só pode ser pra chamar minha atenção! Fiquei esperando o de sempre, ela se insinuar para mim ou dar um jeito de puxar assunto ou até mesmo pedir logo o telefone. Isso é o que mais acontece, as mulheres agora sabem muito bem o que querem e fazem de tudo para conseguir.
Ela me olhou dos pés à cabeça e realmente ficou com vergonha quando foi pega! Eu vi o seu rosto corado. Se a intenção era chamar a minha atenção ela conseguiu.
É uma mulher muito bonita, corpo escultural, pernas bem torneadas, bumbum grande e empinado, barriga sarada e os seios não são grandes mais também não são pequenos! A blusa de botões que ela vestia me deu uma bela visão deles. O rosto é perfeito, com olhos azuis e uma boca carnuda, que incita o pior em mim. É muito sexy. Tinha cabelos loiros que com certeza eram naturais eles eram lisos e tinhas umas ondas nas pontas. O cabelo dela chegava até um pouco abaixo da cintura e eu adoro mulheres de cabelos longos.
Entro em minha sala já com um humor do cão, por ter que entrevistar várias mulheres, sempre é do mesmo jeito, os incompetentes do RH mandam mulheres bonitas e burras. Eu preciso de uma secretaria eficiente. Sempre aparecem mulheres parecendo modelos, mais não tem nenhuma capacidade para cuidar de uma simples agenda. Pego o telefone e digito o ramal da recepção.
- Viviane, mande entrar à primeira – digo mal-humorado.
Ouço a batida na porta e mando entrar.
Fico surpreso ao ver na minha sala a estranha do elevador. Dou mais uma boa olhada, aposto que ela não tem mais de vinte cinco anos.
- Sente-se, por favor, - peço gentilmente.
Ela deve ter percebido o meu olhar em seu corpo, está corando novamente o que me surpreende, com sua beleza já deveria ser se acostumado aos olhares dos homens. Eu a observo se sentar na cadeira a minha frente, ela com certeza é mais bonita de perto.
- Bom dia, eu sou Daniel Müller. Estendo a mão em sua direção.
Isabele
Tento não demonstrar a surpresa em minhas feições. Não acredito que o moreno lindo é o Dono. Imaginei um homem velho, careca e barrigudo. Ele aparenta no máximo uns vinte e nove anos. Estendo minha mão e pego na dele, implorando para não estar tremendo.
- Bom dia, Isabele Goulart – digo timidamente.
Rezo mentalmente para o santo das entrevistas. Espero que minha voz não tenha falhado, estou muito nervosa e esse emprego é realmente muito importante para mim. Ele está me analisando com aqueles olhos azuis maravilhosos e isso não ajuda a me acalmar.
- Então Isabele você tem experiência, na área de construtora?
- Aí meu Jesus Cristinho, por favor, não deixa minha voz falhar.
- Eu estagiei numa construtora antes de me formar, estou familiarizada com essa área. Os documentos e processos de construtora.
- Tem quanto tempo que se formou? – Perguntou
Senhor protetor das secretarias, me ajuda. Não consigo pensar direito, esse olho de "deus grego" parece que está lendo a minha alma. Eu não consigo sustentar o olhar dele e varro os olhos para longe.
- Droga ele vai pensar que não sou capaz!
Respiro fundo e sustento seu olhar, eu percebo que meu curriculum está em cima da sua mesa, então ele sabe todas as informações, estava me testando eu preciso me concentrar e responder a todas as perguntas, sem parecer nervosa. Ninguém quer uma secretaria que não consiga resolver as coisas.
- Me formei em secretariado executivo Bilíngue. Terminei há dois meses!
- Hum, qual o outro idioma você fala? - Perguntou calmo
- Eu falo inglês, espanhol e francês! - Consigo responder olhando em seus olhos.
- Que olhos lindos ele tem.
- Você é solteira?
Ham, como assim? Isso faz parte da entrevista?
- Isso faz parte da entrevista Srta. Isabele, preciso saber se a Srta. Vai se dedicar ao máximo as funções! Ainda mais como minha secretaria particular. – Explicou parecendo ler a minha mente.
- Preciso de uma pessoa sem compromisso, que possa viajar a qualquer momento.- Completou
Droga, eu devo ter feito uma cara muito estranha com a pergunta. Isa sua idiota se concentra
- Sim, eu sou solteira!
- Qual a sua disponibilidade para viajar?
- Minha disponibilidade para viajar é total, moro com uma amiga e não tenho nenhum animal ou qualquer outra coisa para me preocupar!
- Ótima Isabele, você é a pessoa que eu estava procurando.
Não acredito! Que vontade de pular de alegria.
Ele tira o telefone do gancho e vejo um botão sendo apertado.
- Viviane, cancele, por favor, as outras entrevistas, já achei o que estava procurando.
Ele desligou o telefone e olhou para mim, senti meu rosto queimar.
- Isabele, eu estou precisando de uma secretaria com certa urgência, será que você já pode começar agora e providenciar os documentos para o RH amanhã?
- Claro S.r. Müller!
- Por favor, me chame de Daniel, deixa a formalidade só para telefonemas e e-mails - disse dando um sorriso maravilhoso.
- Sim, compreendo! - Retribui num sorriso sem graça.
- Venha vou lhe mostrar sua nova sala.
Ele caminha até uma porta, dentro de sua própria sala, abre e faz sinal com a mão para que eu entre. A sala é grande tem mesa com computador, impressora e telefone. Há um banheiro particular e um armário, um frigobar e uma micro-ondas.
Ai Senhor, protetor das secretarias desempregadas. Obrigada
- Você pode ficar à vontade a sala é sua, não sei se você prefere trazer almoço mais a copeira vem servir o almoço ao meio dia. A propósito seu horário é de oito da manhã as cindo da tarde, e tem uma hora de almoço. O salário é na categoria de Secretaria executiva bilíngue que é seis mil reais. Isso você deve saber! Quando você for viajar comigo será pago hora extra não se preocupe e todo o gasto é por conta da empresa! - Explicou calmamente.
Ele saiu da sala e voltou com uma caixa de um iphone na mão.
- Esse celular é para uso funcional e ele deverá ficar ligado 24 horas. Espero que você atenda sempre que tocar. Às vezes eu preciso viajar com urgência e preciso sempre de uma secretaria comigo! Você terá acesso a minha agenda pessoal e da empresa, cuidará de todos os compromissos para eu não esquecer nenhum! Mais alguma coisa que queira saber?
Balancei a cabeça em negativa.
- Não, eu entendi tudo! Obrigada S.r. Müller.
Ele me dá mais uma olhada, de cima em baixa, me deixando corada novamente.
- Acho que nós vamos nos dar muito bem Isabele!
Sorriu de forma maliciosa e saiu.
Não consigo nem relaxar ainda, a felicidade toma conta de todo o meu ser. Meu Deus eu não acredito que a vaga é minha a Alice vai ficar feliz por mim, vou mandar uma mensagem de texto para ela só para não ficar preocupada!
Para Alice
Alice, eu consegui o emprego, já comecei a trabalhar! Não se preocupe comigo! Eu conto as novidades quando chegar. PS: Meu chefe é um gato.
Sento na minha mesa e resolvo limpar e organizar no meu jeito, afinal ele disse que a sala é minha, e que eu podia ficar à vontade! Faço praticamente uma faxina na sala, estava muito empoeirada. O tempo passou muito rápido. A copeira traria o almoço dentro de alguns instantes.
Sento na minha mesa e sorrio contente, levanto as mãos agradecida pelo meu novo emprego. Não dá nem para acreditar que meu telefone funcional seja um iphone seis, ouço um barulho tilintando no chão e vejo meu brinco, caindo em baixo do CPU. Isso sempre acontece comigo! Abaixo-me para pegar, tive que levantar um pouco a minha saia por que prendia nos meus joelhos, não conseguiria alcançar tão fundo em baixo da mesa! Essa sou eu de verdade o desastre em pessoa. Mas hoje eu estava feliz nada poderia me abalar.
- Precisa de ajuda?
Ouvi a voz do Daniel, tentei sair tão rápido que bati a cabeça na parte de baixo da mesa! Tentei recobrar a minha postura. O meu chefe acabou de ver de maneira humilhante, no meu primeiro dia de serviço. Eu estava de quatro, embaixo da mesa esticando a mão para tentar alcançar o meu brinco. Eu fiquei com tanta vergonha que não conseguia encara-lo.
- Sinto muito, devia ter batido na porta!- disse
Eu me levantei arrumei minha roupa, o meu rosto em chamas tentando reaver minha dignidade.
- Eu que peço desculpas, estava tentando pegar o meu brinco. - consegui dizer!
Tentei respirar fundo, desejando sumir. Ele agora estava me olhando de maneira diferente, havia um brilho estranho. Para mim parecia divertimento. Afinal deve ter sido engraçado me ver bater a cabeça na mesa e quase derrubar tudo.
- Eu vim para lhe avisar que o almoço já será servido. Eu não sabia se já está familiarizada com o voip, por isso não lhe chamei.
- Sim conheço. Aonde fica o refeitório?
Como eu queria um buraco para enfiar a minha cabeça.
- Ela traz o almoço. Eu pensei que poderíamos almoçar na minha sala, assim nós conhecemos melhor!
Ai Senhor protetor das secretarias desastradas, não me deixe passar mais vergonha.
- Claro, eu vou em um minuto. – Consegui responder.
Que maneira linda de começar no meu primeiro dia, sempre fui muito destrambelhada, minha mãe sempre dizia que possuo dois pês esquerdos. Tropeço em tudo, vivo com manchas roxas pela pele e nunca sei de qual batida elas vieram.
Almoçar com ele, para nos conhecermos melhor?
De jeito nenhum quero me envolver com o meu chefe, meus relacionamentos sempre terminam de um jeito ruim e eu acabaria perdendo o meu emprego. Antes ele era o moreno lindo, mas agora é o meu chefe e eu sou inteligente o suficiente para saber que isso nunca daria certo. Sem contar que não passei quatro anos em uma faculdade para ser a amante do chefe. Sempre quis ser reconhecida pelos meus méritos. Por isso nunca quis me envolver com ninguém na faculdade. Levo minha vida profissional muito a sério, apesar de as mulheres não terem muito valor nesse ramo.
Caminho em direção à porta, respiro fundo e a abro a porta. Lá está ele ao telefone, sentado atrás da sua mesa olhando para a sua imensa janela com a vista mais bonita que eu já vi. A janela dele era virada para a praia, com a areia branca alguns coqueiros, a vista era perfeita, mais não tão perfeita como ele. Ele realmente é lindo, olhou em minha direção e se despediu no telefone.
- Sente-se Isabele, a copeira já está trazendo o almoço!
Sento-me a sua frente. A sua voz é tão grossa, sempre que ele fala eu me arrepio. Me pergunto se ele está sentindo o clima estranho. Tento não parecer nervosa sem êxito.
- Obrigada Senhor. Quero dizer Daniel!
Ele sorriu bem descontraído. Senhor que sorriso lindo, era só o que eu conseguia pensar.
- Qual sua idade Isabele? - perguntou, olhando em meus olhos.
- Tenho vinte anos –respondi sem graça.
Sei que não deveria, mas reparei que olhos dele tem um tom de azul que nunca vi igual. Simplesmente perfeitos. Me forcei a parar de pensar, me lembrando que ele era o meu chefe.
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Um presente inesperado.
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