CAPITULO 5 - Run, Karla, Stay, Camila.

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Camila POV

Um desespero consumidor de almas estava dentro de mim enquanto eu encarava em minha frente uma pessoa melhor do que eu já havia sido em minha vida inteira. Seu semblante me trazia uma paz por completo mesmo tendo o conhecido a basicamente dois segundos atrás. Ao sentir sua mão sobre minha nuca, tudo mudou. De repente, o que foi uma noite linda passou a me assustar, eu não podia me apaixonar ou amar alguém novamente, é algo muito distante do que a realidade me permite.
Passei anos sem isso e foi algo tão fácil de fazer, então porque agora, olhando em seus olhos, passou a se tornar tão difícil? Talvez mama estivesse certa e eu não deveria deixar escapar, ou talvez fosso apenas algo estúpido que a minha mente criou para distrair-me da dor incondicional. Na via das dúvidas, eu resolvi fazer o que eu fiz a minha vida inteira quando algo dava errada ou eu ficava confusa. Fugir.
Depressa, dei um boa noite assoprado pelos meus lábios e saí correndo, distante de tantos sentimentos que me rodeavam. Quando cheguei em frente ao meu loft, percebi que eu não podia, ou conseguia, voltar para aquilo, ou eu teria uma overdose de tanta droga que usaria para esquecer e fazer sumir as pontadas de sentimentos que estavam começando a aparecer em meu coração. Dei meia volta e resolvi ir falar com aquele que me apoiou durante o período de crise, meu pai.
Inalei uma grande quantidade de ar antes de tocar a campainha. Por um minuto, meu coração parecia estar sendo arrancado do meu peito e tudo que eu queria fazer era me drogar, algo que tiraria essa dor. Mas o mais engraçado, era que não era a dor de perda, era a dor de alguém que por tanto tempo foi incapacitada de amar, agora estaria sentindo uma avalanche de emoções vindo em sua direção, sem previsão de parada.
Sem perceber, meus olhos estavam cheios de lágrimas e Дэвид me encarava com os braços abertos junto de seu cenho franzido. O abracei e sem força me deixei chorando em seu ombro. Conversamos por um bom tempo, até decidirmos ir dormir, quando era 2 da manhã. Algo me mantinha distante da realidade e a ideia de começar a sentir alguma coisa novamente me deixava apavorada. Meu corpo relaxou e a fragrância de seu perfume voltou à tona, seus olhos encarando os meus de forma quente, sua boca desejando a minha de uma forma quase desesperadora e seu toque preciso sobre meu corpo. Essa foi a imagem que vi antes de cair em um sono profundo.

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Acordei com um banquete em minha frente, uma fartura de comida jamais vista em toda a minha vida. Meu pai, é uma pessoa que faz negócios e comercializa com diversos países, pois sua droga e sua gangue é pesada, o tornando assim, um homem rico e poderoso, mas isso não o tirava a humildade e o caráter adquirido durante sua vida. Sentei em minha cadeira e então começamos a conversar sobre o que havia me deixado tão triste ontem à noite.

- Eu... não estou pronta para sentir coisas novamente. É algo perigoso para mim, é algo... difícil.

- Filha, nunca estaremos preparados o suficiente para iniciarmos um ciclo, entretanto é necessário, para o nosso próprio bem, ou então cairemos na rotina.

Recebi sabiamente o seu conselho, entretanto, permaneci em silêncio. Hoje, tentaria deixar de lado o que fosse que estaria me deixando... fora do normal, e me concentraria em achar a pessoa responsável por o que havia acontecido dias atrás, embora não colocasse muita fé naquilo. Provavelmente quem o fez, se deu o trabalho de não deixar pistas, no mínimo. Avisei que iria para casa, agradeci e comecei a andar.

Shawn POV

Minha cabeça realmente parecia que ia explodir, eu apenas havia dormido por 2 horas, isso não era suficiente para me manter o dia inteiro de pé, mas teria que ser, pois agora estava na hora de ir trabalhar e novamente enfrentar a ira de meu pai. Peguei uma barra de cereal e fiz meu caminho até lá, pensando na maioria do tempo: "O que porra foi aquilo?".

      Poder ter Karla em meio aos meus braços, me fez crer que talvez, amor à primeira vista seja realmente algo real. Você já se apaixonou à primeira vista? Não? Bom, deixe-me contar como é. Primeiro você sente que está delirando e que isso não tem como acontecer, depois você não para de pensar na pessoa e quando, finalmente, tem a oportunidade de juntar seus corpos tão próximos uns aos outros, sem tocar lábios, apenas toques suaves, você percebe que é realmente aquilo que você havia descartado: amor.

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