Capítulo 1 - O Encontro

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Cláudio saiu do banheiro segurando com uma mão a toalha em volta da cintura. Na outra mão, digitava no celular.

- Ei!

A voz feminina fez ele se assustar e o aparelho pulo de sua mão. Antes que ele pudesse impedir, o telefone colide com o chão. Cláudio pega o aparelho e constata algo que já imaginava: a tela agora exibia um rachado que ia de um lado para o outro. Ele olha para a irmão menor, Ana.

- Muito obrigado, Ana. Você acabou com o meu celular!

- Eu não tenho culpa se você anda por aí com o nariz enfiado nessa coisa.

- O que está acontecendo aqui?

Cláudio e Ana olham para a mão, que põe as mãos na cintura.

- Cláudio, quantas vezes eu já falei pra você não andar pelado pela casa? Que exemplo para a sua irmã!

- Ei! - Ana põe as mãos na cintura tal qual sua mãe. - Eu já tenho 12 anos!

Antes que mais alguém falasse algo, Claúdio corre para o seu quarto e bate a porta.

- Inferno!

Ele olha para o aparelho e torce a boca. Sua expressão muda quando uma notificação aparece na tela. Ele aperta com o polegar e a tela muda para um tom de verde, onde um trevo de quatro folhas surge na tela, girando como um catavento, dentro de um círculo. Logo abaixo, o nome "Lucky" surge.

Automaticamente a tela de mensagens se abre. Em negrito, a última mensagem recebida.

Ativo Sarado: Vamos finalmente nos ver hoje às 19?

Cláudio sorri e digita rápido.

Sigilo: Vamos. Onde?

Ativo Sarado: Minha casa. Rua Marta Rocha, 425, Mooca.

Sigilo: Combinado.

Cláudio deixa a toalha cair no chão e se encara no espelho de corpo inteiro pendurado ao lado da porta de seu quarto. Flexiona alguns músculos, que saltam de seu corpo. Se olha de cima abaixo. Vira de costas e empina sua bunda. Seu corpo é bonito e ele faz questão de melhorá-lo indo para academia todo dia.

Ele troca mensagens com o rapaz desde ontem. Ele mentiu seu nome, disse se chamar Pedro, nome de seu irmão. O rapaz diz se chamar Carlos. A foto de perfil exibe uma barriga de tanquinho, preto e branco. Nas fotos trocadas no chat, Carlos mostrou seu rosto. Loiro, olhos azuis e barba de três dias. Um sorriso encantador. Foi Carlos que enviou primeiro uma foto nu, exibindo seu pênis ereto em outra foto preto e branco e sem o rosto. O corpo era o mesmo da foto de perfil. Cláudio enviou duas nudes em retribuição. Chegou a se masturbar com as fotos de Carlos e imaginou que o rapaz também.

O celular apita novamente. Cláudio sorri ao ver a mensagem de Carlos.

Ativo Sarado: Não vai furar, heim.

Sigilo: Nem que a minha vida dependa disso.

Carlos responde com uma carinha sorrindo.

* * *

Cláudio não teve a menor dificuldade de encontrar a rua Marta Rocha. Não ficava longe do Metrô Bresser-Mooca, Linha Vermelha de São Paulo. Ele caminhou rápido, conferindo os números até encontrar o 425. Seus olhos verdes subiram dos números presos em uma fachada até o alto de um prédio enorme.

Cláudio pega seu celular e abre o Lucky. Ele vê o perfil Ativo Sarado em primeiro lugar na lista, indicando que o usuário estava próximo. Claúdio abre o perfil e a foto do tronco em preto e branco passa a ocupar a tela inteira. Embaixo, ao lado do nome Ativo Sarado, uma bolinha verde indica que o usuário está online.

"Ótimo" Pensa Claúdio.

Ele abre as mensagens e sobe a conversa, buscando o endereço.

Ativo Sarado: Minha casa. Rua Marta Rocha, 425, Mooca. 

Cláudio olha para o prédio. A rua e o número bate, mas na mensagem não há uma indicação de apartamento. Cláudio digita.

Sigilo: Cheguei. Qual ap? 

Ele volta para a foto. Bem embaixo, o aplicativo exibe que Carlos está a 9 metros dele. Cláudio volta a olhar para o prédio. Tenta calcular mentalmente a distância entre o lugar em que ele estava e o prédio. Parecia mais. Será que Carlos morava em um dos apartamentos voltados para a rua? Ou o GPS do aplicativo estava falhando? O aplicativo apita.

Cláudio abre as mensagens e lê.

Ativo Sarado: Preparado?

Ele leva o celular perto para digitar, quando sente um cheiro forte. Uma mão forte segura um pano em seu nariz e boca e instintivamente Cláudio segura a respiração. Um braço forte o segura por trás, impedindo que ele veja a pessoa que o segura. Seus pulmões começam a doer, ansiando por ar novo. Em seu peito, o coração bate rápido, martelando as costelas enquanto ele tenta se soltar. Por fim, a luta por oxigênio vence e ele sente o diafragma contrair, o ar inundado por um cheiro forte. Sua mente fica turva. Seus braços já não respondem mais, até que tudo fica escuro.

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⏰ Last updated: Sep 19, 2018 ⏰

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