Capitulo Único

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  Eu olhava para aquela ponte com a minha cabeça lotada de pensamentos mas ao mesmo tempo não pensava em nada.

  De uma certa forma ela me atraía e parecia me chamar para observar a água e as pedras que tinha lá em baixo onde tinha uma certa profundidade estonteante.

  E foi o que eu fiz.

  Andei em direção a ponte e me sentei na ponta dela olhando a água correr para apenas um destino. Ela estava tão calma e parecia chamar o meu nome para que eu a seguisse para onde quer que ela corria.

  A ponte era alta e eu balançava os meus pés enquanto fechava os meus olhos sentindo o vento bater em meu rosto. Era inverno e eu não gostava de invernos.

  Eles eram tão cinzas e obscuros, as pessoas diziam que o inverno era a estação que nós andávamos mais estilosos. Eu apenas ria delas e não falava nada, mas isso não tem nada haver com o assunto de agora.

  Estou apenas tentando fazer vocês esquecerem que eu estou prestes a pular dessa ponte...

- Por que eu não estou surpreso em vê-lo aqui?

  Uma voz soou atrás de mim me dando um tremendo susto. Me virei rapidamente e vi um homem parado ali.
 
  E ele estava estiloso naquelas roupas de inverno, bom... Talvez algumas pessoas realmente ficavam estilistas no inverno... mas não eram todas.

  Ele usava um moletom cinza com uma jaqueta jeans azul claro mas por dentro era forrado de lã, uma calça jeans apertada e um tênis cinza escuro. E ele estava com as mãos dentro dos bolsos da jaqueta.

  Ele tinha um sorriso nos lábios e me olhava atentamente parado atrás de mim.

  Me virei para a frente não falando nada. Não queria que ele me visse fazendo isso e talvez que ele pudesse salvar a minha vida de alguma forma.

  Ouvi os passos dele e o vi sentar bem ao meu lado. Seu cheiro era forte e pareceu acalmar um pouco meu coração que batia acelerado por conta do susto.

- O que você faz aqui, principalmente a essa hora da noite? - Ele perguntou com a voz calma e fitando a água abaixo de nós.

  Eu deveria perguntar o mesmo?

- Nada que eu não possa voltar amanhã, e talvez tentar mais uma vez - respondi quase como uma pergunta.

  O vento veio forte contra o meu rosto bagunçando meus cabelos enquanto o do outro ao meu lado permaneceu intacto.

  Não sabia se ele havia passado fixador naquilo ou de ele havia colado aquilo de alguma forma.

- Eu sei...

  Olhei para seu rosto depois que eu percebi que olhava por tempo demais para seu cabelo perfeitamente arrumado.

- Você sabe do que, tecnicamente?

  Ele me olhou e sorriu de canto - Que todas as noites você vem aqui, senta exatamente no mesmo lugar, olha para baixo por um longo tempo depois solta um suspiro parecendo se convencer a si mesmo de pular... - Ele fez uma pausa - Depois levanta, bate nas roupas como se estivessem sujas e vai embora para voltar na próxima noite e tentar fazer o mesmo.

- Eu estou devendo alguma coisa para você ou você fica a me observar todas as noites? - Perguntei não expressando nada.

  Ele riu.

  A risada dele era como uma música para meus ouvidos. Não era escandalosa ou tímida, era normal mas um tanto diferente.

  Eu não sabia explicar. Apenas parecia... Combinar com o momento. Confuso eu fiquei.

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