Capítulo 1

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Olhei pela décima vez pela janela, inquieto. Uma carroça passou pela enorme janela, coberta por um longo pano negro, sabia o que significava: cadáveres . E, pelo tamanho da carroça, eram mais de vinte corpos. Suspirei, cansado daquilo, daquele banho de sangue desnecessário. Ouvi uma batida suave na porta, virei-me para encara-la e caminhei ate minha mesa.

-Entre. – disse em tom baixo, mas suficientemente alto para a pessoa ouvir. Uraraka entrou, vestida com suas tradicionais roupas de caçadora, que consistia em uma calça de couro preta, uma regata branca, tênis preto e seu inseparável arco. Seus olhos castanhos e enormes me encararam com clara afeição, mas sua postura indicava seriedade; ela bateu continência de maneira séria e sua postura ficou completamente tensa.

-Capitão. – disse com respeito e logo em seguida ela relaxou e virou-se, fechando a porta e ficando virada para ela, quando falou, sua voz estava falha e carregava tristeza. –Iida morreu em batalha, Deku. Achei que, bom, você gostaria de saber. – Um soluço escapou dela e isso me fez estremecer.

-Vem cá, Ura-chan... – chamo-lhe hesitante, preparando-me mentalmente para o que veria. No momento que ela se virou, meu coração apertou-se, lágrimas grossas escorriam de seus olhos e por suas bochechas rosadas, caindo no chão através do queixo. Meu coração se apertou e eu acabei por caminhar até ela, circundando os braços pela cintura dela e puxando a cabeça dela para meu peito, abafando os soluços e palavras de dor dela; sinto minha blusa molhada e apertou ela mais contra mim. Após alguns minutos ela se afastou de mim, secando suas lagrimas com as costas da mão.

-Obrigada, Deku. – Sorriu-me agradecida, antes de sair dos meus braços e ir sentar-se no sofá perto da mesa central. –Bom, vim lhe comunicar das baixas que tivemos na batalha. Do batalhão de 500 homens que fui à batalha, pelo menos 250 dos nossos homens morreram, 150 continuam desaparecidos e todos os outros voltaram feridos, mas nada que corra risco de vida. – falou de maneira contida, tentando conter as lágrimas que queriam sair de novo.

-Compreendo... –disse, com a mão no queixo. – Fizemos algum progresso com essa batalha?

-Os lobisomens eram uma alcateia pequena, então, conseguimos lidar ate que facilmente com eles, o maior problema foram os vampiros que apareceram depois de nocautearmos eles, eram pelo menos 10 deles, e 5 deles muito provavelmente eram de sangue nobre, e foram os mais difíceis de lidar. Sinto muito Deku, mas tivemos de recuar antes de acabar com todos eles... – sua expressão era triste e decepcionada.

Suspiro e passo a mão entre os meus cabelos, tentando pensar em algo plausível para vencer pelo menos uma batalha.

-Pode ir descansar Uraraka, vou ficar aqui mais um pouco, não se preocupe. – Digo calmo e com a mão no rosto, para que ela não perceba toda a minha irritação e frustação. Seria uma longa semana essa, pelo que pude perceber.

-Promete que vai ficar bem? – Confirmo com um aceno e sinto um beijo ser deixado em meus cabelos. Ouço a porta ser fechada e passos no corredor fora da sala; levanto-me e caminho para minha mesa, sentindo minha frustração se alojar em meus ombros como um peso enorme. Observo meu reflexo no vidro branco atrás da minha mesa de carvalho: olhos verdes que expressam cansaço, olheiras enormes, cabelos longos e desalinhados, cheio de nos graças ao tempo enorme que passo dentro desse escritório, roupas largas e sujas. Há quanto tempo eu não tomo um banho de verdade? Semanas pelas minhas contas. Sinto que minha vida se tornou um grande inferno depois de assumir a responsabilidade por tantas vidas e por toda a sobrevivência humana. Dou a volta na mesa e me sento, tentando a me manter calmo.

-A população humana perdeu 25% de todos os humanos ainda existentes na superfície apenas neste mês, que já não eram muitos, isso me da uma perda considerável de poderio militar, sem contar as vilas menores que ainda não estão sob nossa proteção, as mulheres, as crianças, os homens tudo esta indo embora , que merda eu posso fazer agora? Eu preciso de alguma ajuda porra! – Murmuro, sentindo as lagrimas escorrerem calmas e frias.  Isso vem acontecendo com certa frequência atualmente, eu chorar pela falta de controle e por não saber o que fazer. Porra, milhares de vidas estão em minhas mãos, o que eu posso fazer? Sou um simples humano que de nada sabe sobre lutas ou coisas do tipo, a única coisa que eu entendo é sobre fazer estratégias, já que meu QI é bem acima da media.

Ouço a porta ser batida e uma voz conhecida dizer:

-Nii-sama, posso entrar? Trouxe sua comida. – sua voz é gentil ao pronunciar-se, expressando carinho e preocupação.

-Abra. – respondo simplesmente, esfregando o rosto para secar as lagrimas. Ela abre a porta com cuidado e entra segurando uma bandeja de prata com um copo e um prato cheio de comida. – Urgh, que fedor, quando foi a ultima vez que você tomou banho nii-sama? – sua careta indica o desconforto que o cheiro do local a desagrada.

- Também estou feliz em te ver Tsuyu. – respondo com certo sarcasmo na voz observando-a, os cabelos mais escuros que os meus estão na altura do quadril, os olhos grandes e observadores me olhando com cuidado e preocupação. – Pode deixar aqui a comida, estou ocupado agora, sinto muito. – ela suspira derrotada e me olha com certa tristeza.

-Tudo bem nii-sama, só não fique ate tarde pensando, sabe que depois de um tempo você começa a ter um treco por pensar demais e me prometa que você vai comer, precisa comer mais, olha como você esta esquelético. – ela comenta com um sorriso que ao mesmo tempo é triste e divertido, e tem um olhar completamente amoroso em minha direção. –Eu... não quero te perder como perdi nossos pais, nii. – dizendo isso ela se vira e sai com rapidez.

Fico com aquilo na cabeça, me sentindo culpado por não estar dando a devida atenção a ela nos últimos tempos, mas agradeço aos céus por ela ser tão compreensiva comigo. Caminho ate a mesa de centro onde esta minha comida, que consiste em carne (provavelmente de ovelha pelo cheiro), arroz, e bolinhos de feijão, com agua para acompanhar. Ajoelho-me e agradeço pela refeição que posso ter. Enquanto como penso em varias coisas diferentes, como de forma lenta e sem vontade, não sinto mais fome nem nada. Então, do nada uma ideia doida me vem à mente: por que não convocar uma reunião com os lideres dos grandes clãs? É uma ideia insana? Com certeza é, mas foda-se, vou ter de arriscar. Corro ate a janela e a abro com um baque, assobiando, chamando pelo meu falcão que envia minhas cartas; ele para no batente me olhando atento e com curiosidade, como se questionasse minha ideia. Sento-me em frente à mesa e escrevo as três cartas necessárias com rapidez, antes que eu mude de ideia. Coloco todas elas na pequena bolsa de couro do falcão e lhe digo os locais que deve ir. Ele inicia o voo e eu reço para que no futuro não me arrependa dessa decisão.

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E então? Ficou bom? Espero muito que sim!
Ate o próximo capitulo e beijos!

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⏰ Última atualização: Sep 23, 2018 ⏰

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