Morrer nunca foi algo tão bom. A minha vida começou a ficar interessante desde a morte dos meus pais. Não senti absolutamente nada com o acontecimento e foi então que percebi minha melhor qualidade, a sociopatia.
Um ano após a morte dos meus pais conheci um cara de pele tão branca que as vezes pensava que ele nunca tinha pego um raio de sol. Ele tinha feições tristes e olhos tão profundos e desconcertantes. Ele parecida estar sempre deprimido e eu não compreendia tal sentimento, me interessei subitamente.
Descobri com o decorrer dos dias que iam se passando que o garoto ao ficar com raiva tinha súbitas mudanças, seus olhos eram invadidos por uma coloração vermelha como o sangue dos inocentes, tão puro e sem culpa, além dos olhos sua boca inchava e ele a mantinha tão pressionada que as vezes um fio de sangue escorria por seu queixo. Percebi detalhes dispersos em suas ações do dia a dia, como habilidades sobre-humanas, uma velocidade extraordinária é uma força inigualável é uma destreza impecável. Notei que ele não era humano, não havia possibilidade alguma disso, ele só poderia ser algo que eu não compreendia, estudei e o entendi; ele era um vampiro. Mas não como os de Hollywood que brilham ao sair no sol, e nem como os de contos de terror, aquele vampiro ali era depressivo e não gostava de sua existência.
Ao segui-lo da escola para casa o vi entrando em um beco, ao me aproximar ele surpreendeu-me e fiquei entre ele e uma parede. Sem medo do que ele poderia fazer comigo disse o que eu sabia sobre sua pessoa, e ele apenas sorriu, perguntou-me se eu tinha medo e eu ri descaradamente mergulhando meu olhar no dele, respondi entre risos que eu não tinha medo de nada e que queria ser como ele.
Dois longos e tediosos meses se passaram enquanto eu tentava convencê-lo a me transformar e me fazer igual a ele, e finalmente consegui. Eu precisaria morrer com seu sangue em minhas veias para me renascer igual a ele, talvez pior é mais sanguinária.
Foi assim que eu morri, e enquanto eu morria uma onda de tristeza me invadiu me lembrando de tudo que eu fiz, a dor de matar meus pais, eu pude sentir o que era tristeza, remorso e culpa. E não gostei nenhum pouco. Quando eu despertei com a dor de ter assassinado meus pais que antes eu não sentia, decidi que afastaria minha humanidade e não sentiria mais dor alguma. Abracei o caos e o conflito novamente e virei a serial killer mais famosa da cidade, e a primeira pessoa que matei após meu renascimento, foi o meu próprio criador, que desprezava sua existência e não queria mais viver. Eu não matava pra saciar a fome, matava pra saciar a vontade de tirar uma vida.O caos habita dentro de todos, a única escolha que temos é ignora-la ou abraçá-la.