O som dos rápidos passos dados por alguém que tentava, em vão, fugir da morte iminente travestida da bela mulher que o perseguia em passos calmos logo deu lugar aos estridentes gritos que ninguém poderia ouvir e, mesmo que ouvisse, dificilmente alguém viria ao seu socorro.
A iluminação adentrava o galpão de forma precária, sendo “cortada” pelo lento giro das hélices de ventilação que de nada serviam para amenizar o calor, mas possibilitava a ele ver o rosto de sua assassina enquanto tentava fechar a ferida que ela havia aberto em suas costelas.
Seu rosto tão belo era incapaz de fazer qualquer um pensar ser o de uma assassina, o que fazia com que compreendesse que ela era inteira uma armadilha na qual havia caído como um gato faminto que acaba envenenado ao comer pão com veneno para ratos.
Shannar’oh ria em um êxtase quase orgásmico diante do cumprimento de mais um plano e da face de pânico de mais um em sua lista.
O sangue escorria pela luva que cobria a esguia e delicada mão que em nada combinavam com a faca que seus dedos seguravam firme.
Sua vítima ainda vivia e caía de joelhos, tomando a pose e o olhar de quem pedia por piedade, mas Shannar'oh não era piedosa.
O sorriso maquiavélico que brotou em seus lábios fez o ferido engolir qualquer pedido por clemência ao mesmo tempo que cuspia o sangue que subiu por sua garganta depois de ser esfaqueado na altura do estômago.
Ela poderia degolá-lo, mas Shannar'oh gostava de degustar o sofrimento das pessoas como quem saboreia um doce ou assiste um espetáculo e, aquele em especial, estava divino.
O rosto de um róseo saudável do homem atacado se empalidecia aos poucos como consequência da grave hemorragia que jorrava o fluido vermelho que sujava os sapatos masculinos que ela usava e que seriam deixados para trás quando se fosse, já que adorava plantar falsas provas para a polícia que só chegaria quando estivesse bem longe.
Ensacolou a arma do crime para que pudesse se livrar dela em um lugar que lhe fosse seguro, rindo admirando a cena que lhe era a mais bela obra de arte até então, se despedindo do morto com um beijinho voador, largando um dos sapatos à porta do lugar para que pensassem ter sido esquecido no furor de uma fuga.
Riu vitoriosa, saindo dali como se nada tivesse acontecido, jogando as luvas usadas no mesmo saco em que havia posto a faca, os guardando em sua bolsa, seguindo até onde seu carro estava parado, sem reclamar da distância entre os locais apenas por saber que era isso que assegurava sua segurança.
O sorriso se manteve enquanto ela cortava a rodovia com seu carro alugado com placa adulterada, dentro do limite de velocidade como a boa cumpridora das leis que era, sem nenhum tipo de culpa ou remorso, afinal, na mente peculiar de Shannar’oh, ela não havia feito nada demais.
Era mais um crime sujo de cunho perfeito onde ela sairia ilesa, com seus cabelos voando no vento gélido da noite, pronta para atacar o próximo.
×
Sasuke finalmente podia respirar ao fim do trecho lido, fechando o livro em seguida.
Era a décima vez, sem exagero, que lia aquele que era o quarto livro de sua série favorita, escritos por sua autora favorita Sakura S. Haruno, mas ainda assim se sentia impactado como se fosse a primeira.
Todos os livros da franquia Murder lhe eram arrebatadores, mas aquele em especial lhe destruía mentalmente da forma mais viciante de todas, principalmente por ter aquele final tão aberto.
Precisava saber se, como nos outros livros, Shannar’oh também sairia ilesa e sem chamar a atenção do Investigador Sussan’o, se ela havia deixado algum detalhe incriminatório para trás, quem seria sua próxima vítima ou qualquer coisa que diminuísse sua curiosidade, o que só aumentava sua expectativa para o lançamento do próximo livro de S.S.H.
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Murder
FanfictionApós ter uma carta respondida por Sakura S. Haruno, a escritora da série de romances policiais de maior sucesso do momento, chamada Murder, Sasuke, seu auto entitulado fã número um, começa a se sentir mais íntimo e tenta ao máximo saber mais da vida...