Capítulo 24

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Ao abrir os meus olhos eu demoro apenas alguns segundos para entender o que realmente aconteceu mas logo eu consigo recuperar todas as minhas memórias do que realmente aconteceu. Ao conseguir visualizar todo o acidente mais uma vez a dor invade com força o meu corpo trazendo a realidade para dentro de mim

Desço os olhos para o meu corpo e assim posso ver uma das minhas pernas está enfaixada e levemente inclinada para cima o que me preocupa de imediato. Não está doendo tanto e eu tenho plena consciência que a dor só não está maior por conta do remédio que está entrando na minha veia segundo após segundo

Olho para os meus braços e felizmente os dois estão inteiros mas com hematomas e a cada centímetro que os meus olhos percorrem do meu corpo eu sinto que tive grandes chances de morrer. Aquele carro veio em completa velocidade para cima de mim e eu não entendi muito bem o que aconteceu porque ele com certeza já estava a quilômetros de mim, a sua velocidade sem dúvida concluiu com que tudo se agravasse um pouco mais  e eu tenho dúvidas se aquele motorista conseguiu sobreviver a tantos estragos

A porta é aberta e assim eu consigo ver os olhos da minha mãe que estão húmidos por lágrimas. Eu não faço ideia de quantos dias ou a quantas horas estou nesse hospital mas o seu desespero me diz que eu não cheguei aqui em uma situação boa, ela corre até mim mas parece saber que todo o meu corpo está doendo e por isso não me abraça ou faz qualquer outro movimento que não seja segurar uma das minhas mãos mas esse simples ato já não é mais o mesmo porque dói

-Como você está, querida?

Ela parece bem preocupada e nesse momento eu gostaria de poder ver o meu rosto porque eu tenho certeza que está exatamente como os meus braços. A sua preocupação me deixa com medo então eu mexo o meu pé esquerdo para ter certeza de que eu estou sentindo o mesmo mas não consigo mexer o direito porque a dor que a tentativa me causa é extremamente intensa

-Com dor. Por que você parece está com medo?

Pergunto com o mesmo medo na voz. Ela balança a cabeça e seca uma lágrima que escorreu de um dos seus olhos, a dor em meu corpo está aumentando e eu tenho quase certeza que é apenas por conta da tensão que estou sentindo

-Eu sou sua mãe e me destrói ver você dessa forma por conta de um irresponsável

Consigo respirar um pouco mais aliviada por saber que não é nenhuma das coisas terríveis que estava passando por minha cabeça. Eu não sei o que perguntar a ela porque lágrimas não param de sair dos seus olhos e isso de alguma forma está sendo pior do que o meu estado agora

-Mãe eu estou viva e bem. Não a nenhum perigo agora

Tenho medo de que isso seja um sonho ou uma alucinação e que eu já esteja sendo velada em algum cemitério da cidade mas ao escutar a porta ser aberta novamente e agora os meus olhos encontram os do meu pai eu tenho a certeza de que isso é real... Eu tenho essa certeza porque a sua reação é totalmente diferente da que a minha mãe teve, ele tenta me abraçar mas assim que encosta em mim eu dou grito fazendo-o se afastar imediatamente com um pedido de desculpas

-Você nunca mais vai sair de perto de mim

Eu dou um sorriso e percebo o quanto é bom fazer isso. Eu com certeza corri um risco muito grande de vida mas de verdade não quero ter uma proporção do acidente enquanto não sair desse hospital porque esse ambiente é horrível e eu não quero tornar a minha estadia ainda pior. Os dois ficam por mais alguns minutos comigo e me informam que eu estou no hospital a três dias e tive uma fratura exposta na perna direita e precisei passar por uma cirurgia na qual consistiu com quatro pinos na mesma

Não vou mentir ao dizer que não fiquei assustada com isso mas logo os dois me acalmaram dizendo que isso não vai me trazer nenhum tipo de sequela mas a recuperação vai ser longa e difícil o que vai fazer com que eu fique um pouco mais de tempo nessa cidade

ZackOnde histórias criam vida. Descubra agora