Eu estava nervosa... Completamente nervosa.
Eu tinha perdido as contas de quantas vezes tinha ligado para Yugyeom. Nem minhas mensagens, as quais ele sempre dava extrema importância, tinham sido visualizadas.
Não sabia que se ele estava me ignorando, o que era pouco provável, já que não faz o estilo dele.
Então comecei a imaginar algo de ruim acontecendo com ele. A horas não recebia notícias! Ele poderia ter sido sequestrado, atropelado, queimado vivo por acidente... Cenários horríveis surgiam em minha mente e não demorou muito para que eu entrasse em desespero enquanto a noite caia.
Eu não sabia o que fazer... Não recebia nenhuma resposta, nenhum mínimo sinal de vida.
Tentei me acalmar convencendo a mim mesma de que nada tinha acontecido.
Fiz chá.
O relógio marcou meia noite.
Eu já sentia meus olhos marejarem. Estava assustada. Nenhuma luz estava ligada e eu ouvia coisas se arrastando pelas sombras. Via coisas impossíveis projetadas a minha frente, apenas visíveis por conta da macabra luz da lua.
Tentava controlar minhas respirações quando ouvi os primeiros pingos de chuva caindo serenamente sobre a terra de meu quintal.
Olhei para a porta da entrada. Nada.
Pensei em ligar a televisão, mas o controle estava longe demais para que eu pegasse sem tropeçar em algo.Me ajeitei, desconfortável no sofá.
Já não sabia a quanto tempo tinha ficado ali, mas estava exausta, embora não conseguisse dormir.Ouvi passos, xinguei minha imaginação fértil, mas os sons continuaram. Não eram sobras ou luzes, era alguém.
A porta se abriu e uma figura alta e molhada apareceu, entrando logo em seguida.
Meu tapete estava molhado e as respirações da figura estavam pesadas.
A luzes se acenderam e aquele que se estendia em cima do tapete falou algo que não compreendi.
"É ele" pensei.
Não ouvi mais nada do que o rapaz falou, apenas andei em sua direção e encarei seu rosto cansado, seus cabelos pingando da chuva que ainda caía, a blusa branca molhada e colada em seus músculos definidos, os ombros parecendo mais largos do que de costume.
Pela primeira vez em horas falei:
- Por onde andou, Yugyeom?!
Minha voz saiu fraca e cansada, rouca pela falta de uso.
- (S/N)... Já falei para não se preocupar comigo.
Ele me encarou com um olhar profundo, tenso e intimidante.
-Não fique acordada quando eu estiver fora... - ele se aproximou de mim, pude sentir o frio que emanava de sua pele.
- Como posso não me preocupar se você não falou comigo o dia todo?! Não deu um sinal de que estava bem! É claro que fiquei preocupada!
-Desculpe... - ele me encarou e senti algo dentro de mim se agitar.
Nunca fui boa em brincar de encarar com Yugyeom. Ele era muito intenso... Eu não conseguia resistir.
Observei nossa proximidade e percebi onde aquilo poderia acabar. Me afastei mas não quebrei o contato visual.
- Por quê?! - perguntei ainda preocupada.
- Queria fazer uma surpresa...
O observei curiosa.
- O seu aniversário é semana que vem e eu sei o quanto você queria um cachorrinho com pelos cor de mel, então passei os últimos três meses procurando alguém que estivesse doando um desses. Achei uma senhorinha que tinha três filhotes, mas como eles estavam sendo muito procurados, eu teria que pegar essa semana. Quando cheguei ao local de encontro recebi uma mensagem. A senhorinha ficou doente e não poderia ir, mas prometeu reservar o filhote que eu escolhi... Eu sabia que você estava brava, pois ignorei suas mensagens o dia todo. E do jeito que você é, eu tinha certeza que você conseguiria tirar a verdade de mim, então procurei um jeito para me redimir e lembrei daquela confeitaria que você gosta. Fui na mais próxima mas estava fechada. A única aberta vinte quatro horas fica a cinquenta quilômetros daqui, então eu dirigi até lá para comprar... - ele estendeu um pacote molhado em minha direção. - Molhou por causa da chuva... Mas acho que ainda está bom.