Capítulo 4

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Confesso que eu estava em choque assim que meu pai fez a pergunta.

E eu não sabia o que responder.

- Em Camila. Que porra tu tava fazendo na Maré?! - ele diz cruzando os braços e me encarando com raiva.

- E-eu fui pra um baile... - digo baixo.

- Você foi aonde? Repete alto, não escutei. - diz se aproximando devagar.

- No baile que teve na Maré... Eu não falei porque você não deixaria eu ir.

- Porra Camila! - ele grita - é óbvio que eu não deixaria, você é louca?! É a porra do morro inimigo e você andando por lá. Você quer morrer?!

Fecho os olhos com medo e ouço ele bufar.

- Me desculpa pai.

- Abre os olhos. - encaro ele - você não sai tão cedo de casa, ta me ouvindo?!

- Pai...

- Eu não quero saber, pisa fora de casa que você vai ver o que acontece.

- Eu to grávida. - digo alto.

Ele para de falar e me encara paralisado.

- Eu fiz o teste hoje, eu to grávida pai. - digo começando a chorar desesperada.

Ele não responde nada, até que cai no chão.

- Pai! - grito me agachando ao seu lado - pai, fala comigo por favor. Socorro! - grito desesperada, tentando acordar ele.

O Leandro entra correndo na sala, junto com uns caras.

- O que houve?

- Ele desmaiou! - digo chorando. - chama a Karla.

Um dos caras sai correndo e o Leandro abaixa ao lado do meu pai, sentindo a pulsação dele.

- Ele desmaiou sem motivos? - Leandro pergunta me olhando.

- Eu contei que to grávida... - digo baixo e ele arregala os olhos.

- Eita porra.

Karla entra na sala, ela era enfermeira aqui no morro e ajudava quando acontecia algo grave com a gente.

- Licença Leandro. - ela diz abaixando do lado do meu pai - calma Camila, foi um desmaio. Ele jaja acorda. Vamos por ele no sofá.

Os meninos pega ele e coloca deitado no sofá. Ela verifica se ele se machucou e passa álcool no algodão, passando o algodão próximo ao nariz dele.

Demora uns minutos mas ele abre os olhos lentamente, olhando tudo ao seu redor até seu olhar parar em mim.

- Que porra aconteceu aqui?

- Você desmaiou, Pai. - digo e ele evita me olhar.

Tenta se sentar e a Karla ajuda.

- Ta sentindo alguma dor? - ela pergunta.

- Na cabeça, um pouco.

- Toma esse remédio. - vira olhando pra mim - pega um pouco de água pra ele...

Me levanto e vou buscar água, volto e entrego pra ela.

Ela da a água e o remédio pra ele tomar. Ele toma e fecha os olhos, encostando a cabeça no sofá.

- Obrigado Karla. Mas vocês já podem ir, eu to bem.

- Certeza?

- Sim.

- Tudo bem, qualquer coisa me chama Camila. - balanço a cabeça concordando e todos saem, deixando eu e meu pai a sós.

Fico calada observando ele de olhos fechados.

- Você me decepcionou. - ele diz baixo e eu escuto.

- Me desculpa.

Ele abre os olhos e me encara.

- Eu sou seu pai, só quero o seu bem. Te escondi por um bom tempo pra ninguém saber de você e te machucar e você faz uma coisa dessa?

- Eu... - ele me interrompe.

- Parece que tudo que eu fiz pra te proteger, você fez questão de tacar o foda-se e correr perigo. Olha ai o resultado, 17 anos e grávida. Você sabe ao menos quem é o pai?

- Ele mora na Maré... Conheci ele no Baile e depois nos envolvemos....

Ele engole em seco e respira fundo.

- Escuta o que eu to te falando Camila. Você nunca mais vai ver ele e vai criar essa criança. Se eu souber que você ta de papo com esse garoto ou qualquer pessoa da Maré. Eu mato ele, entendeu?

Começo a chorar e abaixo a cabeça.

- Olha pra mim. Você entendeu o que eu disse?!

- Entendi.

- Tudo bem. Agora some da minha frente, que eu tenho assunto pra resolver.

Ele diz se levantando do sofá e pegando a arma em cima da mesa.

- O que você vai fazer?

- Não é da sua conta. - responde saindo da sala, me deixando sozinha.

Respiro fundo secando as lágrimas e saio da sala dele, os garotos me encaram e eu corro, indo pra casa.

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⏰ Última atualização: Sep 30, 2018 ⏰

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