001 - Bem-vindos, Casos Perdidos!

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"Acordei olhando em volta totalmente perdida. Minha cabeça doía, minhas costelas latejavam e eu sentia algo nos meus braços e pernas. Eu estava fraca, não ia conseguir sequer erguer a mão.

Levantei a cabeça e percebi que eu estava em um quarto de hospital.

Mas isso não foi o mais surpreendente, e sim quem estava me observando.

Ele abriu um belo sorriso e foi se aproximando aos poucos.

- Que bom que acordou... Você conseguiu!"

🌻Larissa Montanari

{Meses antes}

Entrei no pátio da escola cantarolando a música que tocava no meu fone e batucando os dedos no livro em minhas mãos.

Não ia demorar muito para...

Um garoto esbarrou em mim com brutalidade, cai no chão e quase bati a cabeça. Cerrei a mandíbula e cravei as unhas nas palmas das mãos até sentir dor suficiente para me distrair.

Odeio essa escola. Odeio muito esse inferno.

Um lugar ridículo, onde você é respeitado ou nao pela marca de roupa que usa, se sua aparência é boa ou não, se seus pais tem um bom trabalho... Tudo isso conta assim que qualquer aluno coloca os pés nesse colégio. E outra, sou estrangeira.

Já é de se esperar que excluam alguém como eu. Uma garota não tão arrumada, com problemas psicológicos, traços de ansiedade e, ah, claro, não podemos esquecer: "a loucura".

Desde que entrei acham que eu sou louca por agir como bem entendo, falar o que penso e ter crises de ansiedade. Não sou rica, mas não sou pobre. Não uso roupas de marca, mas tenho meu estilo. Tudo isso é usado contra mim.

Amigos? Não. Nenhum. Eu e meus livros, meus livros e eu. Sempre foi assim, pretendo que continue.

Senti o sangue escorrer pelas palmas das mãos. Suspirei e comecei a juntar minhas coisas jogadas no chão.

- Merda - Murmuro em português.

Coloquei a mochila nas costas e me levantei. Corri até meu armário, o abri sujando um pouco o cadeado de sangue e joguei algumas coisas lá dentro. Peguei um lenço de papel e limpei as mãos, guardei no bolso de forma discreta para que as pessoas não percebessem meu ato.

Peguei o material que precisava e segui para o banheiro.

Durante o caminho recebi alguns olhares de deboche, alguns risinhos, xingamentos e até mesmo uma bolinha de papel contra o braço.

Mostrei o dedo do meio com um sorriso totalmente forçado e mandei um beijo no ar com desdém.

Entrei no banheiro, deixei o livro na bancada, tirei meus anéis de prata e lavei todo o sangue que já havia começado a sujar meu moletom amarelo.

Voltei a cantarolar a música que ouvia, sem me importar com quem estava no banheiro.

De repente, uma das garotas populares entrou correndo e meio ofegante tentou falar algo:

- No... refeitório... o... Taehyung... e o... Rafael... tão brigando... de novo... Ah, calma, eu preciso de água - Ela se sentou na bancada e lhe trouxeram uma garrafa de água.

Lost Cases {KTH}Onde histórias criam vida. Descubra agora