A luz da lua iluminava as árvores em volta de Salém quando ouviram os gritos de Giles Corey que se recusava a dizer o paradeiro de outras igual a ele. As pedras faziam seu peito queimar enquanto o esmagava, uma após a outra foram esmagando seu tórax até seu peito ser todo tomado pela morte.
Curvelha olhou para o lado com a esperança de não ver a cena, mas os gritos pararam de ecoar pela pequena cidade e a fazia tremer de ódio, mas o medo por sua vida esta em risco era maior.
-Tudo bem minha irmã?- Fala uma mulher aparecendo atrás dela.
Uma reverencia seguida de um sussurro fez com que ambas se aproximassem mais, Curvelha olhou para a moça que tirava o capuz, deixando o cabelo enrolado cair sobre seus ombros. Um longo vestido preto se arrastava no chão, Curvelha olhava maravilhada para a mulher que sorria com ternura para ela.
-Não acredito que esta aqui- Fala Curvelha- Como... Como chegou aqui?
A mulher olhou para trás e apontou para um cavalo branco parado comendo capim.
-Demorei muito tempo, mas eu e as outras estamos a sua espera.
Curvelha olhou a cidade por uma última vez antes de seguir a mulher, ouviu pessoas falando e clamando por Deus e logo depois começou a andar, seguindo a moça até uma grande árvore com flores roxas.
-Já estão todas aqui?
A mulher confirma com um breve gesto com a cabeça e logo depois coloca a mão no tronco da árvore. As folhas começam a se tronar alaranjadas e depois caem no chão, à árvore se parte no meio e uma porta surge.
-Estamos te esperando irmã, falta só você para fechar o concelho.
Curvelha empurra a porta que faz um barulho de pássaro muito alto, uma grande mesa com varias mulheres estava no centro de uma sala toda de pedra com tochas penduradas na parede, iluminando livros e frutas em cima da mesa. Curvelha sentiu um arrepio subir por sua espinha, seus olhos se viraram para a mulher que estava atrás dela, olhando para as outras na sala.
Todas se levantaram quando ambas entraram no recinto e como um coro disseram:
-Bem vindas irmãs.
Curvelha olhou ao redor como se a anos não visse aquelas paredes, algo a fez sorrir, mas seu sorriso foi breve. Uma das mulheres se levantou, estava com um sobretudo todo branco, colocou a mão no capuz e o tirou. Tinha mais mulheres com o mesmo sobretudo que ela na sala, mas ela tinha algo de diferente, tinha um ar de superioridade.
-Eu convoquei esse concelho- Diz ela rispidamente- Temos que dar um jeito em nossos inimigos e os banir de uma vez por todas...
Todas estavam quietas, mas a mulher que estava com Curvelha soltou uma gargalhada e encarou a outra que falava.
-Minha irmã, me diga, como sua sede de vingança cabe nessa sala?
As duas se encararam, e antes que alguma das duas falasse algo, Curvelha se pós entra ambas e estendeu a mão para que se acalmassem.
-Veja, sei que esta com ódio, eles também estão nos caçando, mas temos que esperar para...
-Curvelha Corey falando em esperar? Você acabou de ver seu marido ser morto por pedras que o Conselho Santo em pessoa mandou colocar sobre seu peito e fala em esperar?
Os olhos de Curvelha ficaram roxos e a mulher sorriu com indiferença.
-Não venha me falar de raiva Cloar, eu sei o que é perder irmãs, mais que qualquer uma nessa sala. Não se esqueça de quem te colocou no posto de líder da Ordem de Heka e não esqueça quem pode te tirar desse posto- Fala Curvelha.
Cloar coloca a mão no pescoço como se estivesse engasgando, seu rosto começa a ficar vermelho e logo depois coloca as mãos sobre a mesa escura, tentando ficar em pé. Curvelha sorri ao ver seu dom entrando em ação, mas tem a atenção tirada por uma das mulheres.
-CHEGA!- Fala uma mulher de vermelho se levantando- Nós não somos inimigas aqui, somos irmãs e temos que agir como tal.
Curvelha olhou para a mulher, deixando Cloar respirar.
-Meus irmãos e irmãs são feitos de escravos e mortos todo dia pela sua cor e vocês duas brigam por poder? Que patético. Não vamos esquecer o porque desse Conselho, já fomos rivais a muito tempo, mas agora não é hora disso, temos que nos lembrar quem são os verdadeiros inimigos.
Curvelha encarou Cloar e volto o olhar para a mulher que falava.
-Tulam esta certa, eu vi o que estão fazendo o outro lado com quem seguia a nós e podem ter certeza que não vão querer morrer agora.
-Irmãs, temos aqui os três representantes de cada conselho, Cloar, Tulam, Orna, Hordicer a Curvelha. Temos aqui Egito, Brasil, Nórdicos, Gregos e nós de Salem, então porque estamos brigamos entre nós?- A mulher da uma pausa- Olha, não sabemos quem esta por trás disso, só sabemos que pode ser uma possível bruxa e que...
Uma batida na porta atrás de Curvelha ecoa pela sala, todas ficam em silêncio absoluta quando outra batida faz com que Curvelha tire o sobretudo preto, revelando um vestido com aberturas como se fosse lutar em uma batalha, uma espada estava presa em sua bainha no cinto de couro e uma sandália estava presa em vários fios que subiam por sua perna.
A porta se abre raivosamente, mas ninguém estava do outro lado, Curvelha olha para a amiga e da alguns passos para frente.
-Vocês são pedras no sapato- Diz uma voz feminina do outro lado da sala- Não a nada que o seu pequeno... conselho possa fazer contra nós.
As tochas começam a se apagar uma a uma, Curvelha puxa a espada e uma chama verde toma conta da lamina, as outras fazem o mesmo pegando suas varinhas e arcos, mas aquilo que estava na sala não se incomodou ou sentiu medo, ao contrario, soltou uma risada que apagou todas as chamas das tochas restantes de uma vez.
-Preto, branco, vermelho, verde e roxo, cadê o resto?- Diz a voz sarcasticamente- É uma oferta e só tem essa oferta em jogo, juntem-se a nós e irão viver ou...
-O que? Vai matar a gente? Pelo cheiro podre já sabemos que é um demônio e pelo jeito deve ser um dos mais fracos, deixe-me ver... Abaddon?
O silencio se expande pela sala e um grito ensurdecedor faz com que as rochas comecem a rachar, caindo sobre a mesa.
-CHEGA!- Grita Hordicer estendendo a mão- Apokálypsi!
Uma chama roxa sai de sua mão e ilumina toda a sala, no teto uma figura metade cobra, metade mulher olhava para Curvelha com raiva, depois sorriu ao ver que todas conseguia ver sua presença indesejada.
-Prazer, eu sou Lilith- Diz a criatura se soltando do teto e caindo em cima da mesa, que se quebrou com o impacto de seu corpo. Todas olhavam apavoradas para a mulher ali, sua calda era prateada e seus seios cobertos por duas folhas que pareciam ouro, seu cabelo caia em seu ombros e seus olhos brilhavam vermelho ao olhar para as mulheres.
-Prontas para morrer?- Fala ela sorrindo e voltando o olha para Curvelha.
Uma sombra escura atravessou a porta quando um raio cortou o céu noturno, a porta se fechou, fazendo que Melin levantasse soada de sua cama.
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A última bruxa.
AdventureMelin sempre soube o que era diferente, mas o que não fazia sentido era o quão diferente ela era. Criada por sua avó, Melin era descobrir que o mundo dos humanos escondem muito mais segredos do que eles imaginam.