O cão

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Os olhos de Melin se viraram para a janela por onde uma pequena fresta de sol entrava e batia em seu pijama de caveira. Ainda confusa, a menina tentava entender a onde estava enquanto lutava contra o sono e o corpo mole que uma noite mal dormida trazia.
Seu cabelo estava todo embaraçado, apontando para lados diferentes do pequano quarto. Com muito esforço, Melin coloca os pés no chão, sendo dispertada por uma frio que sobiu pela sua espinha dando um pequeno choque em seu cerebro para a menina ficar acordada, mas logo a sensação passou e seus olhos voltaram a pesar.
A porta parecia mais um desafio que uma simples porta para a garota de dezessete anos, a madeira antiga parecia empurra-la para trás a cada passo que ela tentava dar, mas Melin esfregou os olhos e colocou a mão na maçaneta fria, puxando a porta para ela sair do quarto. Uma brisa fria se esbarra ao rosto de Melin quando coloca os pés para fora do comodo, o cheiro de café estava por toda a casa, junto com um cheiro adocicado que ela sabia muito bem o que era.
Depois de escovar os dentes, Melin colocou a cabeça para fora da porta do banheiro e olhou para o corredor que dava na cozinha onde sua avó estava cantarolando uma musiquinha que ela nunca parava, a garota não sabia muito bem o que era o que a avó dizia, mas a fazia feliz. Era uma sábado, Melin não tinha aula e não precisava fazer nem um dever, mas tinha que ir ver os tios do outro lado da cidade já que sua avó tinha compromisso todo sábado com o pessoal da igreja.
-Bom dia!- Grita Melin enquanto saia do banheiro.
Sua avó olha em sua direção e da um sorriso para a menina, sua cabelo caia em sua pele já sendo tomada pelas rugas, uma pequena linha atravessava a sua testa atá a bocheca formando uma diagonal que um acidente de carro causara a muitos anos atrás. Melin retribui o sorriso e voltou oa quarto para tirar o pijama, seus dedos doiam por conta dá água fria do banheiro e do vento frio, mas era uma sensação que ela gostava.
Não tinha muitas roupas em seu guarda-roupa, ela mesmo não gostava de comprar porque achava que dava prejuizo para a avó, mas quase sempre ganhava uma blusa ou shortes que sua avó trazia quando voltava do centro da cidade. Melin tira a parte do cima e olha para o corpo magro, tinha três pintas do lado esquerdo, bem em cima da costela e do outro lado outras pintas na mesma direção que as outras, Melin falava para as amigas que era um charme, coisa que fazia as mesmas gargalhar.
Depois de por uma blusa escrita "If your life is a hell, turn the devil" e uma calça preta, Melin tentou lembrar se tinha algo para fazer, mas não tinha nada escrito no quadro perto da cama que ela marcava os compromissos importantes, então foi até a cozinha onde sua avó colocava chá em uma pequena xícara, o cheiro de lavanda e de hortelã toma conta da cozinha. Os chás de sua avó eram os melhores chás que ela já tomará, nem o dela ficava tão gostoso, mas o sonho e o pão de mel que ela fazia era de invejar, até sua avó.
-Bom dia- Fala ela sentando- Dormiu bem?
Melin afasta uma cadeira da mesa para sentar-se e pega uma bronha, um pouco de café em um copo todo rosa e antes de falar olha em direção a janela, algo no tempo estava estranho, algo parecia errado.
-Melin?
-Ah, oi, bom dia- Diz Melin virando o olhar para a avó- Dormi sim e a senhora?
-Dormi muito bem, uma das minhas melhores noites de sono.
Melin sorri.
-Vó- Fala ela- A senhora tem sonhos... Estranhos?
-Estranhos como?
-Não sei, com mulheres...
-Já tive uma vez na faculdade, com uma colega de quarto...
-Não vó!- Diz Melin rindo- Não esse tipo de sonho, quero dizer o tipo de sonho que parece ser muito real, como se estivesse lá.
-Já tive alguns, mas não eram nada de mais para mim, por quê?
-Porque tive um hoje, bem estranho- Diz Melin tomando café, depois voltou a falar- É estranho, eram várias mulheres reunidas em uma espécie de caverna, mas a porta se abria em uma árvore, tinha uma que se chamava... Cloar e depois uma mulher com corpo de...
-Serpente apareceu e matou todas- Fala sua avó olhando para a menina.
-Sim- Fala Melin assustada.
-Era de um conto antigo que eu lia para você, quando era bem pequena, você amava essa historia.
As duas ficam em silêncio, então Melin volta a falar:
-A senhora ainda tem esse livro?
-Sim, devo ter uma na estante- Fala a senhora se levantando e indo até a sala.
Melin fico olhando a avó procurando o livro de onde estava, seus olhos percorriam a estante de livros antigos que a avó tinha e que ela mesma já leu vários, depois de alguns minutos a senhora volta e entrega o livro para Melin, limpando a mão do pó que o livro trazia consigo.
-Bruxas, caçadores e outros seres?- Fala Melin olhando a capa do livro velho- Eu gostava disso?
-Muito, a sua favorita era "A bruxa e a serpente", é igual o seu sonho, talvez seja uma lembrança da historia que te contava- Fala a senhora sentando-se ao lado de Melin.
-Tudo bem se eu ficar com ele, quer dizer, até eu terminar a leitura.
-Claro querida, só cuidado com meu livro ou já sabe- Diz ela sorrindo.
Melin sorriu desconfortavel, mas logo volta a falar com a avó. As duas conversaram e riram por algum tempo, Melin se sentia bem com ela, era uma senhora boa e gentil, não exigia muito de Melin, as unicas regras da casa ficava em um quadro na sala, coisa que Melin achava engraçado.
1- NÃO AMASSAR AS FOLHAS DO LIVROS
2- FAZER SEUS DEVERES
3- LAVAR O QUE SUJA
4- LER UM LIVRO POR MÊS
As regras eram bem claras, e as punições também, Melin já ficou sem comer o famoso pudim de chocolate da sua avó por dois meses, só por ter desobedecido duas regras, mas logo se acertou com a senhora, que fez um pudim só para ela. O que Melin mais achava engraçado era quando sua avó ligava para as amigas e ficava conversando sobre a igreja e as reuniões que elas faziam.
-Melin, minha querida, não tem nada que queira me falar?
Melin estica a mão para pegar um pão de queijo e encara a avó, que desvia o olhar para a porta da frente. A campainha toca seguida de uma batida. Melin volta o olhar para a porta juntamente com a avó, ambas se encaram e Melin lavanta, indo até a porta.
Estava tudo quieto do outro lado, Melin olha pelo olho mágico e vê uma mulher parada na porta com uma garrafa de água, seu cabelo estava preso em um coque e ela olhava diretamente para porta, como se soubesse que Melin estava ali. Logo depois a mulher bate na porta de novo, então a idosa se levanta e vai até Melin, coloca a mão em seus ombros e olha pelo olho magico.
-Vá para seu quarto- Diz a senhora- É uma visita da igreja.
Melin sente um pingo de raiva na voz da avó, mas ignorou e fui até a cozinha pegar uma maça, depois passou pela porta onde sua avó esperava até Melin chega no quarto e se jogou na cama, batendo o pé na porta para que fechasse.
Melin ouviu a porta se abrindo e sua avó falando algo, depois a mulher soltou uma risada e a porta se fechou, um clima do quarto pareceu sufocanrte, como se o ar estivesse esquentado. A menina fica sem saber o que fazerv, volta o olhar para a janela e vai até ela e a abre para o ar entra, vê uma pesada nuvem se aproximando rápido, logo depois se ouve um trovão e um raio corta o céu, algo estava errado, Melin olha para a porta e vê uma sombra se mexendo do outro lado, como se alguém estivesse ali ouvindo ela.
Vozes e risadas vem da sala, então foi até a porta de vagar e colocou o ouvido para ver se conseguia ouvir algo.
-E o que vai fazer?- Diz a mulher em tom ameaçador.
-Eu? Nada, mas sabe quem pode fazer.
Melin respirou fundo e prendeu a respiração, mas as duas ficaram em silêncio, o clima teve uma mudança repentina tornando-se frio, como se caisse neve dentro do quarto, uma fumaça gelida saia do nariz de Melin quando ela respirava e um som estrondosso veio do outro lado da porta.
A garota então se afastou e logo depois abriu a porta, correu até a cozinha e viu tudo revirado, sua avó estava no chão e a outra mulher jogada do outro lado da cozinha com facas enfiadas na cabeça, peito e barriga, era algo que Melin nunca tinha visto, fazendo a menina entra em desespero e gritar para avó acorda,por ajuda.
Outro barulho surgiu vindo da sala, Melin olhou assustada na direção da porta e se levantou, foi de vagar até a pia e pegou um rolo de macarrão que. estava perto da pia. Um rosnado ferroz tomou conta da casa e logo depois uma poltrona voou até a porta de entrada fazendo Melin segurar um grito. A cada passo que Melin dava, parecia que a casa ficava mais gelada, garras cortavam o teto da sala, o chão estava cheio de lascas de madeira e com marca de sangue, os livros de sua avó jogados e rasgado por toda a sala e o sofa atravessava a parede que separava a sala do banheiro.
Melin sentiu uma forte pressão seguida de um outro rosnado, o cheiro de enchore se apossou da sala e o frio piorou, algo estava lá, algo não humano. A garota se colocou a mão no batente da porta e respirou fundo ignorando o cheiro podre no ar, enclinou a cabeça para o lado e procurou o que estava na sala, e para sua surpressa não tinha ninguém.
Segurando ainda mais forte o rolo de macarrão, Melin sente seu olhos lacrimejar e em seguida ouviu um barulho de vidro quabrando, voltando seu olhar para a cozinha. Sua avó estava jogada no chão e uma sombra apareceu em cima dela, tinha o formato de um grande cachorro com olhos vermelhos, rosnava raivosamente ao cheirar a idosa no chão então voltou o rosto demoniaco para Melin e rosnou com mais raiva ao ver ela parada olhando.
Melin não teve reação a não ser sentir um onda de medo se espalhar pelo seu corpo, deixando a menina imovel. O cão latiu e uma gosma avermelhada caiu de sua boca, seus dentes era afiados e ponteagudos, seu corpo parecia uma fumaça densa, coisa que fez Melin pensar que tipo de criatura era, mas antes mesmo te termina o raciocínio o cão pulou em sua diração, mas atravessou a parede quando Melin se abaixou e saiu correndo até o quarto, fechando a porta.
Depois de alguns segundos Melin viu era burrice fechar já que o cão atravessou a parede então ela fez o que achava mais sensato, correu para baixo da cama, ficando em silêncio. Depois de um tempo o cão atravessou a porta, farrejou o ar e uivou. A casa toda estremeceu, a cama voou para a parede, deixando Melin a vista da criatura que a olhava com raiva, mas antes de ataca-la uma forte explossão quebrou a porta e jogou o cão para longe.
Uma mulher entrou e foi até Melin, que a encarou e voltou o olhar para o cão que se levantava sem saber o que tinha acontecido.
-Venha, temos que ir- Fala uma mulher.
-Quem... O que... Minha avó- Fala Melin apontando para a cozinha na direção da avó, mas ela ja não estava mais la.
-Vamos Melin, esta tudo bem- Diz a mulher com a voz suave.
-Mais o que... Pera, quem?
-Melin- Fala ela- Eu te explico tudo, juro, mas vamos.
Ambas desvião o olhar para o chão que rosnava com raiva, Melin segura firme na mão da mulher que toma a frente da situação e estende a mão para o cão.
-Fale para ele que ele nunca vai ter nem uma de nós duas- Fala a mulher- Prissão de espinhos.
Uma bola surge em volta do cão e varios espinhos saem de uma massa de ferro densa que toma o lugar da bola, o cão então uiva e a jaula extremesse, depois uiva uma segunda vez e antes de uivar a terceira e quebrar a jaula, a mulher puxa a jaula para perto, atravessando a fumaça e fazendo o cão sumir junto com a jaula no ar.
-Vamos- Diz ela voltando o olhar para Melin- Temos que conversa.

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⏰ Última atualização: Oct 08, 2018 ⏰

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