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Yuta e sua mãe estavam em casa quando chegou esgotado fugindo de seu amigo. Era tudo por uma boa causa e Jaemin não podia mais atrapalhar a vida de todos a sua volta, mesmo que repetisse em sua mente esses pensamentos como se estivessem em loop automático sentia-se ao ponto de transbordar.

"Olá irmãozinho, como foi a aula? Tudo bem?"

Seu irmão veio até si sorridente se inclinando um pouco pela diferença de suas alturas. O acastanhado se forçou a estampar um sorriso no rosto, um falso e quebrado sorriso. Envolveu o pescoço do irmão em um abraço buscando conforto, mas aqueles não eram tão quentinhos e confortáveis quanto os que ele queria estar. Após se afastarem Jaemin respondeu fingindo uma animação, deu um beijo na bochecha de sua mãe como comprimento e avisou que já iria para o quarto, pois estava com dores musculares pela educação física.

"Me diga se piorar, eu irei lhe dar o remédio para melhorar."

O mais novo supriu a vontade de perguntar se tinha um remédio que fosse amenizar sua real dor, a dor que estava o sufocando tirando seu ar como punição por fazer Jeno sofrer. Seu coração se contraia com força dentro da caixa torácica, parecia que seu tamanho diminuía a cada instante, como se estivesse sendo espremido e forçado a entrar em um lugar menor. Era horrível,  como sentia um bolo se emaranhando em sua garganta, mas era como se fosse de arame farpado que o perfurava e sangrava em seu psicológico. Seu primeiro amigo de verdade, ou era isso o que ele era.

O que ele faria agora sem a sua alegria?

Jaemin queria voltar atrás e pular nos braços de Jeno, agradecer apropriadamente por ele te-lo salvado do atropelamento, queria contar a verdade por trás de suas ações, passar mais momentos divertidos ao seu lado, criar mais memórias coloridas e inesquecíveis, beija-lo até descobrir o que causava as belas faíscas entre eles.

Tudo isso estava acontecendo e sua vida que por um momento pareceu mais perfeita que um conto de fadas agora se desfazia sob seu olhar embaçado pelas lágrimas grossas que eram agora impossíveis de serem paradas. Porque o mundo é tão maldoso? Porque as pessoas nele o tornam assim?

Aquele garoto, amigo do Jeno, ele tinha o mandado ficar longe do moreno, o ameaçando. Ele disse que iria fazê-lo aprender a lição e mostrar a barreira enorme que os segregava e que ele deveria se por em seu lugar, longe de Jeno que é normal, ele era tóxico a ele, era uma aberração, um erro. E por fim avisou que tornaria a vida dos dois um inferno se continuassem sendo amigos.

Nunca pensou que um pedaço de papel pudesse machucar tanto, uma folha com um escrito meio rabiscado que saia um poco das linhas, mas que pesou tanto em sua consciência. Não podia mais ser amigo de Jeno, tinha que se afastar, não queria que o mais velho passasse por situações como as que ele passou em sua ultima escola. Mesa rabiscada de xingamentos, brincadeiras de mal gosto, bullying e até agressões físicas.

Encolhido no canto do quarto,  chorando sem produzir som algum, o acastanhado pensava que aquela era a melhor solução.

Iria protegê-lo mesmo que quem tivesse prometido isso fosse o outro.