Sinopse: Em quais lugares você guarda suas melhores lembranças? E aquelas que você mais quer esquecer?
Helena guardava boa parte dessas lembranças em seu diário, no qual escreveu por vários anos e guardou com muito zelo.
Com uma data que traz tristeza e nostalgia se aproximando, Helena decide que já é hora de mostrá-los às suas filhas para tentar reaproximá-las, e também para que elas possam finalmente saber de coisas que ela nunca contou a ninguém. Mas ela tem uma exigência: as filhas devem ler juntas.
Um imprevisto faz com que elas adiem a leitura temporariamente, mas não a impedem de cumprir aquilo que prometeram à sua mãe
Resenha
Os laços familiares nos abençoam com um poder imensurável. Mas também temos que aceitar o que vem junto. Dá-nos a responsabilidade de amar incondicionalmente. Sem justificativas. Nunca podemos renunciar ao poder deste laço, mesmo quando ele é testado. O laço nos nutre. Nos dá força. Sem este poder, não temos nada.
Elijah Mikaelson.
Foram com as palavras de minha personagem preferida em séries vampirescas na mente que finalizei a leitura de Apenas uma lembrança. Uma história que retrata acima de tudo, o amor parental de uma mãe por suas filhas e por sua família.
O enredo da trama é simples e gira em torno de Helena, uma mulher cheia de segredos revelados apenas aos diários que acumulou durante a vida e suas duas filhas que, após um acontecimento inesperado, iniciam a redescoberta dos verdadeiros valores do laço sanguíneo.
Logo no início, a autora nos presenteia com um fato passado que influencia toda a trama assim como o comportamento de suas personagens. Confesso que, em poucas linhas, meu subconsciente começou a trabalhar em buscar de respostas e caminhos óbvios que poderíamos percorrer ao longo da leitura, pois toda a narração apontava para o velho e bom clichê.
Não foi surpresa o que veio após os momentos introdutórios. Eu já esperava algo naquele nível, afinal a sinopse já nos prepara para um possível evento de conexão ao segundo ato da trama. Surpreendente, intimista e emocionante foi o modo escolhido para nos inserir no acontecimento. A autora, antes do plot, soube criar a atmosfera necessária para tornar o leitor parte da trama e completamente ansioso pelo momento crucial ao nos deixar conhecer e partilhar com Helena, a dor da perda de um ente querido e o desejo em reencontrá-lo.
Ela me fez querer saber sobre aquela história. Conhecer aquele amor e torcer, mesmo que de forma improvável, para vê-los reunidos. Parabéns!
Outro ponto em que a sensibilidade na escrita aguçou minha curiosidade fora na abordagem de apresentação de outra ótica da história. Ao nos iniciar na personalidade de Amélia, uma das filhas de Helena, começamos a nos aprofundar no relacionamento familiar distante que possui e a entender suas motivações. Um elemento importante para qualquer enredo.
Compreender as motivações de cada personagem e tomá-las como válidas, torna a história crível e empática ao leitor. Em enredos dramáticos tal artifício é vital e Apenas uma Lembrança caminha para nos tornar não só expectadores desse superficial relacionamento familiar, mas também nos faz entender que ao fim das contas, o amor que possuímos por nossos entes queridos é a única coisa importante ao final e que, mesmo sendo tão próximo, nunca conhecemos de fato a dor que o outro leva no coração.
Se há o que ressalvar como ponto negativo, acredito que seja o fato de, por algumas vezes a autora utilizar o recurso de repetição de nomes e termos na mesma sentença em demasia o que acabou tornando a leitura um tanto preguiçosa. Recomendo, portanto, fazer uso da assistência de um beta reader para que a narrativa flua mais rápida e sem tantos excessos (Solicite um na página da editora).
Nos mais, recomendo a todos que se deixem apaixonar por essa história que me conquistou e que me fará derramar algumas lágrimas teimosas ainda.
