Alimento o meu gato, Nicholson, com um pouco de ração e coloco água para que ele não me incomode mais tarde. Parece que vai chover, pois a moça do jornal falou sobre uma possível tempestade que irá cair essa noite. É melhor usar dois cobertores para que eu possa dormir sossegada.
Acordei com Nicholson fazendo barulhos ao pé de minha cama. Ele parece agoniado e querendo sair pela janela, mas ela é bastante alta. Tenho que levá-lo para o lado de fora. Seus olhos estão arregalados e ele está agoniado, com o corpo tenso. Está muito assustado. Fico preocupada com o meu felino, mas quero acreditar que seja apenas vontade de fazer cocô ao lado de fora de minha casa. Quando abro a porta, ele me arranha e sai em disparada, desaparecendo em meio ao quintal. Está chovendo e a chuva é fraca; talvez continue assim a noite toda.
Vou à cozinha para preparar um pouco de chocolate quente. Costumo fazer isso quando acordo, pois isso me ajuda a relaxar e dormir novamente. Estou saboreando aquele líquido quente e delicioso, a caminho de meu quarto. Quando passei perto da escadaria, que dá para o porão, vi que tinha uma luz vindo da porta de lá. Fiquei curiosa — aproximei-me e observei que a porta estava aberta. Não costumo deixá-la destrancada por segurança própria. Quando cheguei até a porta, notei pegadas de lama: as marcas de passos estavam indo para dentro de minha casa. Fiquei um pouco assustada, mas ignorei ao mesmo tempo, fechando a porta e indo rapidamente para onde fica o meu quarto.
Quando estava perto de subir as escadas, senti um calafrio. Ao mesmo tempo, a temperatura do ambiente havia caído bruscamente. O frio foi tão grande que larguei a xícara com o chocolate no chão, deixando cair a coisa que iria me deixar com sono. Droga! Precisaria voltar à cozinha para pegar algum pano. Enquanto me dirigia novamente para perto da escada, abaixei-me para limpar o chão e, neste momento, notei algo... tinha alguém dentro de casa: era uma sombra quem me observava, escondida no escuro da sala.
Estava escuro e eu não tinha coragem de acender a luz para ver quem era. Em uma fração de segundos, um relâmpago iluminou toda a sala e, neste milésimo de segundo, observei que se tratava de meu marido. Fiquei chocada, e ao mesmo tempo amedrontada porque não poderia ser ele. Era impossível, não havia como! O seu comportamento estava diferente. Antes mesmo de que fizesse qualquer movimento em meu corpo, ele correu em minha direção como um animal atrás da presa. Para tentar defender-me, subi as escadas rapidamente. Enquanto me dirigia à cozinha, subindo as escadas com a intenção de pegar uma faca, ele agarrou meu pé e eu caí ao chão. A coisa ficou em cima de mim, tentando enforcar-me, e seus olhos estavam diferentes. Aquilo não era o meu marido, mas algo semelhante a ele!
Acertei um chute em seu estômago e ele caiu; com isso, consegui correr para a cozinha. Peguei uma faca, a mais afiada de todas, e ele rapidamente vinha em minha direção. Eu o acertei no estômago, enfiando a faca em sua barriga. A coisa olhou para a faca enquanto derramava sangue e calmamente puxou o objeto de seu estômago, jogando-o ao canto da cozinha como se nada tivesse acontecido. Agarrou o meu pescoço, pressionando-me contra a parede: vou ficando sem forças. Peguei um garfo que estava na pia e enfiei-o em seu olho. Nesse momento, a coisa me largou, deu alguns passos para trás e corri, entrando no banheiro e fechando a porta.
Está escuro e não tenho mais para onde correr. Sinto-me como um animal encurralado; estou preocupada e morrendo de medo. Aquilo que está dentro do corpo de meu marido quer me matar por algum motivo! Escutei batidas na porta do banheiro — ele está arremessando seu corpo para tentar derrubar a porta. Ficou batendo várias vezes, até que parou. Abaixei a cabeça para ver por debaixo da porta e notei que estava parado como uma estátua. Saiu, demorou alguns segundos e voltou novamente.
Eu estava com as costas encostadas à porta, pressionando meu corpo a fim de tentar dar mais forças para que a porta aguentasse as pancadas. É quando, de repente, uma batida forte faz com que a ponta de um machado atravesse a madeira. Aquela coisa, agora, estava com um machado, derrubando a porta. Afastei-me, ficando assustada ao canto da parede e vendo, a cada momento, ela quebrando mais a porta. Fez um buraco suficiente para que sua cabeça entrasse e ficou me encarando. Neste momento, senti o ódio em seus olhos: aquilo não eram olhos de uma pessoa comum. Talvez fosse um demônio! Voltou a quebrar o resto da porta para que pudesse me matar.
Aquilo não poderia ser o meu marido, pois fazia três dias que eu o matei e enterrei em meu quintal...
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Meu marido está possuido
HorrorAquilo não poderia ser o meu marido, pois fazia três dias que eu o matei e enterrei em meu quintal...