Finais infelizes

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Emília: Ei! Você não era a MINHA fã? Até pediu um autógrafo! E agora nem se quer lembra de mim. Olha Lobato, sorte sua que Narizinho não fez isso comigo, viu!

Capitú entra em cena.

Capitú: Sim, Emília, agradeça pelo seu bom escritor, olhe para o meu! Em sua obra e minha história, eu morri precocemente. Longe de meu marido, com saudades de casa, apenas com o meu filho já adulto e cheio de obrigações! Fui abandonada, fiquei sozinha e isolada.

Maria: Produção, traz a pipoca que a treta vai começar!

Machado: Ora Capitú! Marido seu cujo o cérebro estava doente, louco de ciúmes e coração pesado com a maldição do rancor. Foi uma pena, mas por causa de sua história a antiga sociedade começou a pensar mais abertamente sobre esse assunto. E diga: sua história de amor com Bentinho foi doce e cheia de juventude, não? Sei que você adorou viver aqueles doces momentos.
Capitú: Sim, foi sim. E para quê? Olha como acabou nossos sonhos! Separados, carregando tristeza nos ombros até o túmulo!
Machado: Capitú…
Capitú: A culpa foi sua de ter feito Bentinho tão ciumento! O que custava me dar um final feliz?

Capitú vira de costas para Machado com as mãos em seus olhos, chorando.

Maria: Ah, Capitú, sinto muito por você. Mas, olha, vai ficar tudo bem! E, olha: se o Bentinho desconfiou de você, você já sabia que ele não era o homem certo para você! Não é pessoal?

Os outros personagens afirmam com a cabeça.

Clarice: Os adultos são solitários. Agora você sabe.

Clarice diz com a expressão fria.

Maria: Clarice, assim você não ajuda!

Macabéa: Oxente! Mas Maria, ela nunca ajudou, não! Como se não baixtasse o meu nome, ela ainda fez o bexta do meu ex me largar. Depois, veio a tal tuberculose, passei numa cartomante, Madame Carlota, se chamava. Ela viu que eu tava pra conhecer um homí loiro, do estrangeiro e me casaria com ele. Realmente conheci o tal homí, e conheci mais ainda a Mercedes que ele passou por cima di mim!
Clarice: Macabéa… Já disse que adultos são solitários. Pelo menos, antes de morrer você viu um carro caro de perto, olha que legal!
Maria: Meu Deus! Como vocês dois tiveram a coragem de fazer isso com os coitados? Sinto muito pelo seu nome… moça.

Maria abraça Macabéa, os outro personagens se juntam ao abraço. Os escritores ficam envergonhados.

Machado: Ora! Todos nós temos personagens que poderiam nos odiar, por a caso estou mentindo?
Guimarães: Bom… acho que existe um vaqueiro…
Maurício: Estou quase me arrependendo de ter criado tantos vilões…
Lobato: A Cuca me mataria…

Emília se solta do abraço.

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Conclusão: cuidado com os destinos que você dá aos seus personagens, eles podem se revoltar.

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