Christian S. carvalho
Eu queria ter feito mais por ela. Queria ter sido mais presente. Queria ter dito que era verdade meus sentimentos por ela. Queria que tivesse retribuído e queria que estivesse bem para que eu pudesse colocar tudo para fora. Mas, ela nem parecia a mesma. Eu ainda consigo ver seu rosto desconfigurado e seus olhos abertos, seu corpo nu e todo sujo de sangue e esperma. Isso me aterroriza terrivelmente mais do que defender o assassino de uma chacina.
— Não, não. — empurro Ronnie do meu colo, fechando minha calça e levantando da minha poltrona preferida para me concentrar — Não vai rolar. Eu não consigo.
— O quê? — ela berra, sem nem se importar em arrumar o vestido justo e brilhoso — Você tá de novo todo esquisito e sempre que sua prima aparece quando lembra de você, te deixa pior!
— Não, não fale do que não sabe. Por favor. Ronnie, ei. Olhe pra mim. — ergo seu rosto coberto por plásticas e maquiagem que a deixam parecer literalmente uma boneca, mas não é tão agradável quanto o rosto da minha prima, o dela é gracioso, delicado e natural. Como o de Aisla. — Eu sei que você se esforça para me agradar sempre, ok? Só não estou num bom dia.
— Por quê? — ela abre os braços — Você ganhou mais uma causa, saímos em inúmeras revistas como o casal do ano, eu fui chamada para fazer até um filme e você tá ganhando mais dinheiro do que consegue gastar. O que torna esse dia ruim?
Os olhos dela estavam abertos. São de um castanho tão intenso. E ela ainda estava consciente e provavelmente se sentindo tão humilhada. Eu me sinto humilhado também. Constrangido. Com vergonha da minha classe. Com vergonha de não termos chegado antes de tudo, de não ter premeditado o que viria a seguir.
— Eu acho melhor você ir para sua casa. Eu... não durmo há dias. Preciso de um descanso.
— Por favor, amor. Eu não vou poder nem dormir aqui? O que os paparazzis escondidos vão pensar de nós dois?
— Eu, honestamente, não estou dando a mínima pra eles. Que pensem o que quiser. — caminhei na frente e abri a porta para ela que ainda estava chateada no meio da minha sala — Qual é, Ronnie? A gente se vê depois.
— Eu não sou dispensável, ok? — respondeu, cruzando os braços — Não é como se eu fosse te deixar livre para qualquer uma se jogar nos seus braços e eu ficar... sobrando!
— Eu não sou um troféu. — rebato. Eu não sei porquê ainda insisto em ficar com ela, tendo que repetir isso, pelo menos, duas vezes ao dia — E nós não temos nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Negociante
Lãng mạnSegundo livro da série As Detetives de LA. Aos poucos a vida vai se tornando mais... sublime, tragável. Seu pulmão parece finalmente ceder ao oxigênio e então tudo o que mais importa é viver outra vez. Renascer mais uma vez. Como uma fênix que sur...