Treino

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- Você demorou!- Vinícius diz irritado com o amigo- achei que ia virar fóssil aqui.
- Desculpa, eu fiquei treinando mergulho- respondeu tímido- vamos para a sua casa ou pra minha?
- Pra sua, minha mãe não para de me encher o saco por causa de eu vir te buscar. Aliás, seu pai não está em casa né?
- Não, ele está trabalhando no colégio. Só volta depois das 19h- fala distraído.
- Que bom... assim ficamos só nós dois- pausa sua fala quando nota a expressão surpresa do outro- N-Não pense besteiras! Não estou falando desse tipo de coisa!
- Oxi, eu nem disse nada...
Ambos seguiram andando para a casa de Gustavo, que não era muito longe. Mal passava das 15h, estava cedo.
Passaram pelo portão da espaçosa casa, conversando sobre assuntos aleatórios.
- Quer comer alguma coisa?- O mais velho perguntou largando sua mochila em qualquer canto da sala- Tem morango com leite condensado- pega o pote da geladeira, cheirando-o para ver se não estava estragado- Quer?- Se senta ao lado de Vinícius no sofá.
- Quero, valeu- estendeu a mão para pegar a colher, mas Gustavo já havia ele mesmo pego uma boa quantidade do doce e encaminhado até a boca do amigo, que imediatamente ficou vermelho como pimenta.
O mais alto ri da vergonha do baixinho- Você é tão fofo sabe?- diz limpando o canto da boca do outro com o dedão e lambendo-o em seguida- Às vezes você consegue ser mais amável que a Belle, a Nil e a Malu juntas- riu acariciando a bochecha do mais novo- Ainda tem um pouco de doce aqui- sua voz muda para uma mais rouca e grave, causando arrepios no mais novo. Ele segura o queixo de Vinícius com uma das mãos, aproximando seus rostos devagarinho. Lambeu os lábios antes de junta-los aos do loirinho. Alguns segundos pareceram se tornar uma eternidade na visão dos dois. Quando voltaram à realidade, se separaram bruscamente. Fora apenas um selinho, porém significou muito.
Muito envergonhado e surpreso, o mais novo saiu correndo da casa, sem ao menos olhar para trás.
- ESPERA! NÃO VAI EMBORA!- Gustavo tenta impedir o amigo, mas é em vão- Que merda que eu fiz...
♡Quebra de tempo: manhã♡

Todos haviam percebido a mudança súbita no relacionamento dos dois. Claro, não era a primeira vez que os viam assim, pois bons amigos estão sempre brigando. Porém desta vez, ao invés de olharem-se com desprezo ou culpa, todas as vezes que seus olhares se cruzavam, suas bochechas ganhavam um tom avermelhado inconfundível.
A turma inteira estava com a língua coçando para perguntar o que havia acontecido, mas não o faziam por medo de despertar a raiva dos dois, já que ambos eram conhecidos como "nervozinhos".
A porta voz dos alunos ansiosos foi a amada e odiada professora de geografia, Tanise.
- Você e o Gustavo estão estranhos hoje, aconteceu alguma coisa?- a mulher pergunta despreocupada enquanto corrige alguns exercícios no caderno de Vinícius.
- N-Não foi nada, Sora- O menino respondeu rapidamente morrendo de vergonha- N-nós, e-eu perdi pra ele em um jogo... é foi isso! E como eu não sei perder direito... eu fiquei chateado.
- Hm, okay- a professora olhou para o aluno com desconfiança.
Em algumas horas, Lívia, a garota mais próxima do loirinho ficou sabendo da verdade, sendo ela contada diretamente da boca do menino.
Ela praticamente tombou quando ouviu, soltando gritinhos histéricos.Em menos de 20 minutos todo o seu grupinho de amigas já sabia da novidade, todas tiveram reações exageradas, sendo as mais escandalosas os dois casais do grupo: Sofia, Laura, Nil e Nina. Todas gritavam e até choravam, acertando-se com tapas para descontar a euforia. Vinicius jurou que iria caçar elas se contassem a alguém.
- E ele beija bem?- Sofia perguntou fazendo sua clássica cara de pervertida.
- Foi só um selinho, como eu iria saber?- respondeu indignado- E pra que tanta curiosidade? Pretende beija-lo também?- mostrou uma pontinha de ciúmes com o "amigo".
- Claro que não, tá louco? Jamais trairia essa praguinha- diz se agarrando ao braço da loira alta ao seu lado- Não pode nem mais ter curiosidade hoje em dia.
- Galerinha, olha o Gustavo, ele parece tão triste...- A cacheadinha fofa Nil comentou apontando para o colega que ouvia música com seus fones de ouvido carregando um semblante depressivo- O Zillig beija tão mal assim que o menino entrou em depressão?
- Não! Deve ser... porque.... eu saí correndo da casa dele- confessa, já sentindo suas bochechas esuquentarem.
- Você o QUE?- Laura gritou segurando com força os ombros do loirinho, graças a Deus ninguém se virou para eles- Você foi beijado por um dos meninos mais bonitos e legais do Colégio e fugiu? Se fosse eu teria aproveitado a chance pra reproduzir- fala indignada recebendo um olhar ciumento da namorada.
- F-foi meu primeiro beijo!- Tentou se defender- Foi tudo muito rápido! Em um segundo estávamos comendo doce e no outro ele estava me beijando!
- Own, que fofo, foi o primeiro beijo dele, foi muito rápido- a garota de cabelos esverdeados desdenha- Meu filho, a população inteirinha da Índia já sabia que ele tava afim de te dar uns amassos.
- A-agora não sei mais o que dizer, ele parece tão triste- suspirou preocupado.
- Você gosta dele?- Lívia perguntou.
- S-sim.
- Então vai lá, tasca outro beijo e deu, resolvido. Vocês começam a namorar, se casam, tem 17 filhos e dão o meu nome para a mais nova- Nina sugere, distraída, mexendo no celular.
- Meu Deus, se mata, você nunca leva essas coisas a sério- Gabriela a xinga e acerta um tapa em seu braço- Zillig, vai lá falar com ele, explica a situação, talvez até pinte um clima- Nem mesmo a mais séria das dez meninas conseguia controlar a sua mente impura- Você gostou do beijo dele não foi?
- Sim, muito- sua vergonha decidiu fazer uma curta viagem, permitindo que o menino soltasse essa pérola.

Os risinhos das garotas na quadra quando estavam na educação física incomodava tanto Vinícius que por alguns momentos ele desejou que fosse surdo.
- Okay, hoje a brincadeira chama fidelidade- anunciou o professor Pipa- Vocês tem de escolher um parceiro e jogar caçador em duplas, mas lembrem-se: não poderão soltar as mãos uns dos outros.
Quando ele terminou de falar, o loirinho, de imediato, procurou o olhar de Gustavo, que estava parado à poucos metros de distância e já o observava. Quando percebeu que seu olhar fora correspondido, começou a andar na direção do baixinho e estendeu a mão.
- V-vamos jogar juntos?- falou coçando a nuca, nervoso.
- O-ok.
O jogo corria bem, até sobrarem poucas pessoas no campo, e os canhoes: Schafer e Ricardo, conseguiam acertar qualquer um, mesmo estando de mãos dadas.
Vinicius olhava atento por cima do ombro, planejando evitar qualquer coisa que ameaçasse acertar seu "amigo".
Gustavo também se mantinha atento, e quando uma bola voou na trajetória para o ombro do mais novo, puxou-o contra seu peito, o abraçando no processo. A atenção de vários colegas recaíram na cena, principalmente porque o mais alto olhava Arthur, quem atirara a bola, com raiva e não demonstrava sinais de que queria soltar tão cedo o loirinho, que por sua vez, só faltava explodir de vergonha.
Quando se tocou de suas ações, o garoto mais velho soltou-o, alegando estar muito focado no jogo. Virou o rosto para não ter que encarar Vinicius, e se deparou com Nil e Nina com expressões de aprovação.
O resto da aula seguiu-se em um clima estranho, com os dois garotos tentando não fazer mais nada, as garotas adorando tudo e os meninos chamando-os de criados.

Ao meio dia, Gustavo esperou todos saírem da sala para poder falar em paz com o loirinho.
- Então.... e-eu vou ter um campeonato este fim de semana m, e.... Eu queria saber se você vai querer ir- falou BASTANTE nervoso.
- Claro, eu sempre vou estar lá- sorriu gentilmente- não se esqueça disso.
- Você.... está tudo bem? Quer dizer..... eu te beijei e depois te abracei na frente de todo mundo...
- Sim, estou plenamente bem- mentiu, fingindo calma.
- Que bom.... então.....- se inclina e dá um selinho no mais novo, que fica atordoado- Te vejo amanhã!- saiu animado da sala.

ι fєℓℓ ιи ℓσνє ωιтн му вєѕт fяιєи∂ [нιαтυѕ]Onde histórias criam vida. Descubra agora