HIM [hes + lwt/ oneshot].

Capítulo único.

Capítulo único.

"Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.

Eu nasci da iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.

Eis que te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria.

Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve.

Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste.

Esconde o rosto dos meus pecados e apaga as minhas iniquidades.

Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.

Não me repulses da tua presença, nem retires o teu Santo Espírito."

— Davi. Salmos 51:4-11. Bíblia Sagrada.

Harry teve certeza que toda a sua vida mudaria drasticamente de rumo no instante em que viu, de relance, alguém se sentar ao seu lado sem dizer uma única palavra sequer. O rapaz, falhando ao tentar parecer circunspecto, havia percorrido boa parte do corredor do local com passos lentos e nem um pouco discretos. O cacheado, sentado com postura ereta no banco comprido, quase pôde ouvir as solas dos sapatos da figura ignota deixarem pequenos fragmentos de sujeira trazidos do lado de fora.

Sem realizar contato visual com ninguém, o rapaz lúgubre e desconhecido sentou-se no primeiro banco assim que percebeu que o mesmo era o mais vazio disponível no momento. Procurou uma posição que seria capaz de fazê-lo passar despercebido, mas desistiu da ideia assim que se deu conta de que havia realizado algo próximo de uma performance assustadora ao andar com vestes escuras e passos ruidosos pelo corredor de uma igreja cheia.

Era notório que todos aqueles que se perderam no meio de seus múrmuros dirigidos ao deus que eles falsamente carregavam no peito eram conscientes da identidade do garoto que havia atravessado as portas da igreja quase meia hora depois do início da missa. Harry tentou dissimular todo o nervosismo que atravessou seu corpo — tão rápido quanto um raio inesperado em uma tempestade intensa — entrelaçando uma mão na outra, mas suas palmas começaram a transpirar excessivamente no mesmo instante.

Harry evitava ao máximo fazer acepção de pessoas — principalmente quando se tratava de amor ao próximo —, mas era incapaz de ignorar o fato de que Louis Tomlinson havia se sentado ao seu lado, dispersando-o da reza de volume baixo que ele realizava com a cabeça levemente curvada.

Tomlinson possuía uma fama difamada espalhada pela região em que viviam. Menos de um terço das acusações de atitudes anarquistas e vandalismo haviam sido confirmadas ou provadas, mas ele nunca se dava o trabalho de negar o restante. Louis nunca era pego e, por isso, ninguém sabia o que ele realmente fazia — mas tomar as acusações sem fundamento como verdade absoluta parecia muito mais fácil para a sociedade.

Uma movimentação foi percebida no banco posicionado atrás do que aquele em que eles estavam sentados, entregando a inquietação de alguém que observava ambos. Nenhum dos dois se atreveu a olhar na direção da agitação, mas logo um sussurro ensurdecedor foi solto no silêncio quase absoluto: