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DOMINGO, 7 DE ABRIL 

Falta zero dia

Hoje é o dia: o aniversário da morte de Gemma. Quase não tive coragem de vir ao hospital, mas sabia que, se não viesse, nunca me perdoaria.

E pela primeira vez em três anos eu realmente me arrumo, coloco uma roupa diferente, com uma cor mais alegre, diferente da minha antiga camisa cinza. Não que eu ache que Harry se importe nesse momento com minha aparência, mas eu me importo. E estou tentando mostrar isso a ele.

Assim que chego ao quarto de Harry, dou uma olhada lá dentro e vejo seus pais juntos ao pé da cama.

– Ah, Louis – fala a mãe.

Ela me dá um sorriso alegre. Estou começando a acreditar que o carinho da mãe de Harry não é de fachada, como ele diz; ela tem mesmo esse tanto de amor dentro dela.

O sr. Styles está com o braço ao redor dela e, quando me vê, puxa a sra. Styles para si.

– Entre – diz ele. Sua voz é menos efusiva que a da mulher, mas também não é fria.

Harry olha para mim. Não diz nada. Talvez seja minha imaginação, mas juro que seus olhos se iluminam um pouco. A pele ao redor ainda está manchada, mas está menos impressionante que na sexta-feira.

– Estou com fome, você não? – pergunta a mãe de Harry ao pai. Ele parece confuso por um segundo, mas entende a deixa.

– Ah, sim – responde ele. – Morrendo de fome.

A sra. Styles vira-se para mim.

– Querido, se importa de cuidar de Harry por alguns minutos enquanto vamos comer alguma coisa?

– Sem problema.

Sorrio para ela a fim de agradecer a gentileza. Agradecer por ainda me deixar ver Harry, por me colocar na lista de visitantes e me tratar como família.

A sra. Styles beija a testa de Harry e, assim que seus pais saem, me sento na poltrona ao lado da cama.

– Eu deveria estar diante do túmulo dela – diz Harry por fim. Sua voz ainda sai com esforço, mas mais firme que na sexta-feira. – Principalmente hoje, eu deveria estar lá.

– Ela não precisa que você esteja diante do túmulo para saber que se importa.

Ele aperta os olhos.

– Acredita mesmo nisso?

Faço que sim com a cabeça.

– Acredito, Harry. Talvez não esteja aqui fisicamente, mas ainda está aqui. E ela quer vê-lo feliz. Sei que quer.

Ele fica em silêncio por alguns segundos. Os lençóis vão até o queixo, e ele está imóvel. Nós nos olhamos em silêncio até ele perguntar:

– Quando eu sair daqui você vai lá comigo?

– Ao túmulo dela?

Os lábios dele se retorcem, e eu interpreto como um sim.

– Vou a qualquer lugar com você.

Meu rosto fica vermelho. Não costumo dizer esse tipo de coisa, mas, quando vejo seu sorriso se abrir devagar, toda a minha vergonha desaparece.

– Olhe para mim, ainda estou sendo brega pra caramba. – Ele deixa escapar uma risada baixa, rouca. – Por falar nisso – digo, pegando minha mochila.

Puxo o livro que comprei sobre as praias da Carolina do Norte. Coloco na bandeja de comida para que ele o veja.

– Pensei que quando você melhorar talvez a gente possa ir lá.

Meu coração e outros buracos negros ❁Larry version❁Onde histórias criam vida. Descubra agora