Prólogo

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    Aquele não costumava ser meu habitat natural. Não fazia ideia do que estava fazendo ali. Minha mente estava confusa por conta do álcool e minha visão rodava, turva, como se meu cérebro pedisse socorro.
    Já faziam alguns anos que ele havia ido e mesmo assim minha mente continuava num tremendo esforço para tentar apagar seu rosto até mesmo de meus sonhos. Não sabia o porquê de continuar sendo perseguido por aquela figura.
    Decidi ir embora. Bêbado, passei em meio às pessoas que dançavam, também alteradas. Sentia meu estômago revirar com a vontade de por todo o meu almoço para fora junto com o pânico que se instalava em meu corpo. Mal conseguia andar e ouvir o que acontecia ao meu redor. Com dificuldade, cheguei a saída. Sentindo o suor escorrer pela minha testa, olhei para trás por pura precaução... e lá estava ele.
    Sua face estava expressando divertimento e tranquilidade, estava envolto de mulheres muito provavelmente apenas desconhecidas provisórias. Meu coração estava acelerado da mesma forma que esteve no dia em que ele foi embora e se permitiu a esquecer todas as nossas melhores lembranças. Não tardou para seus olhos azuis se direcionarem para mim; acabado, bêbado, destruído emocionalmente, tentando fugir da política e dos sentimentos, estando cara a cara com o amor da minha vida. Era certeza que ele estava usando e abusando de seu auxílio moradia neste exato momento. Meu estômago acabou por se revirar mais do que o normal e encerrei por vomitar ali mesmo, tendo apenas uma visão preta após isso.

opostos • bolsonaro & haddadOnde histórias criam vida. Descubra agora