Capítulo 1

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— Sua vagabunda, você é igualzinha ao seu pai! - Esganiçou Rosemary Sanchez, jogando seus saltos em Sarah Sanchez.
— Ótimo! Vou seguir o exemplo dele, assim que eu conseguir vou fugir daqui como ele. - Retribuiu Sarah em espanhol para mãe latina, que por ter a filha ainda adolescente, está com uma ótima idade e um corpo pouco diferente do de Sarah. Sempre que brigavam, brigavam na língua em que foram alfabetizadas, apesar de estarem longe da terra natal - Não tenho tempo para discutir com você, to atrasada para o trabalho. - Sarah anda rápido pela sala, desviando dos saltos e dos pinos de cocaína jogados no chão e sai batendo a porta.
Chegando na lanchonete, onde trabalha muito e recebe pouco, revirando os olhos e bufando ao entrar, por ser assediada por caras de uma gangue que costumam ficar em frente a lanchonete. Atravessa a lanchonete sorrindo para os rostos familiares dos clientes. Após estar devidamente uniformizada na sala dos funcionários, Sarah prendia o cabelo em um rabo de cavalo padrão.
— Bom dia, delícia, dormiu bem? - Sarah nem precisou olhar para trás, reconheceu a voz asquerosa de seu chefe.
— Com certeza. - Respondeu curta e irônica, virou-se para sair, passando por aquela figura enorme em que o uniforme mal lhe cabia.
Encontrou sua amiga Helizabeth ja atendendo os clientes. Anotou o pedido de uma garota com traços tão latinos quanto os seus, levou o pedido à cozinha e encontrou Heliza.
— Nossa, você chegou tão cedo hoje. - Disse Sarah enquanto à abraçava cumprimentando a amiga.
— Tô aqui desde manhã. - Helizabeth disse cansada, com seus cabelos loiros presos em um nó mal feito, tão diferentes dos de Sarah, escuros e ondulados.
— Você deixou o Matt sozinho denovo?
Mesmo sendo três anos mais velha que Sarah. Aos seus vinte e três anos já era mãe de um adorável garoto de oito anos. Se conhecem desde a escola, e Sarah ajuda a cuidar do garoto desde que a garota foi expulsa de casa por engravidar de um membro de gangue.
— Claro que não, né, ele tá com a vizinha.
— As gostosas aí, ja podem voltar a trabalhar? - Disse a voz asquerosa com uma risada nasal.
— Queria matar ele, mas é três dias até a faca chegar no coração. - Sussurrou e riu para Heliza.
Ao dar 18h, Sarah e Helizabeth já estavam indo embora e Sarah contava do ocorrido mais cedo.
— Ela é louca! Cada dia tá mais drogada, encontrei até uma seringa na cozinha! Todo o dinheiro que ela ganha, ela gasta em droga. Tanto dinheiro que eu podia estar economizando para a faculdade e dando o fora daqui, mas ela não ajuda e sobra pra mim ter que pagar o aluguel e as contas.
— Relaxa amiga, esquece ela, vamos dar o fora daqui logo logo. Vou correr para casa, se cuida. - se despediram e Sarah seguiu seu caminho rotineiro, foi pensando em como seria sua vida longe daqui, na sua faculdade, com seus problemas, sem sua mãe. Ela sempre se virou sozinha, seu pai as abandonou quando era pequena, a mãe sempre fora uma viciada e raramente se davam bem. A região em que viviam era pobre, a grande maioria dali fazia parte de gangues ou era prostituta e os traços latinos eram comuns nas ruas.
Virando a esquina de casa, Sarah vê uma silhueta caída na calçada, em frente sua porta. Sentindo um pouco de medo se aproximou. Viu que era sua mãe desacordada, cheia de hematomas no corpo, sangue escorrendo pela boca e seu vestido vermelho rasgado. Ajoelhou-se ao seu lado e tentou acorda-la
— Rosemary, o que aconteceu? - tentou levanta-la. Rosemary abriu os olhos com dificuldade, a pele em volta de um estava completamente roxa. - Vem, vamos entrar. - entrou na casa com a mais velha.
— Ele não quer me dar meu dinheiro - soprou as palavras
— O quê?
— Eu ganhei muito essa semana e ele não quer me pagar. - se esforçou para falar e se deitou no sofá escuro da pequena sala - eu preciso desse dinheiro, da até para pagar o aluguel.
Sarah saiu de casa nervosa, iria até o sex club famoso da cidade, Kailua e tiraria satisfação com o "patrão" de sua mãe que trabalhava como prostituta e atendente do bar as vezes.
  Kailua era um pouco longe de sua casa, era em um bairro sofisticado e melhor frequentado. A noite estava fria, mas as garotas que saiam e entravam nos carros esportivos estacionados, elas não se importavam com a brisa gelada batendo em seus corpos impecáveis pouco cobertos.
   Entrou no estabelecimento, as luzes eram todas vermelhas, deixando o lugar bonito e monocromático, passou a se sentir deslocada pelas roupas que usava, mas não se abalou, andou firme e forte até ao bar enquanto tocava alguma música alta do Travis Scott com uma letra de baixo calão, passou por umas garotas que faziam acrobacias em um dos muitos pole dances, então avistou uma amiga de sua mãe atendendo no bar.
— Oi April, tudo bem? Onde está seu chefe? - falou alto e direta para a mulher de lingerie vermelha ouvir.
— Oi, Sarah, querida, ele fica lá atrás, na porta preta. - gritou por conta da música alta, apontando para trás.
— Valeu, April. - sorriu e foi na direção contrária da multidão.
— Sarah, espera, o Zack tinha dito que está ocupado! - Sarah ouviu a mulher gritar e não se importou, caminhou em direção a um corredor com algumas pessoas passando e algumas se beijando.
A iluminação era baixa, e diferente da pista na entrada, a luz era roxa. Avistou quatro portas vermelhas e a última do corredor era preta. Chegou na porta, já nervosa, pois não era a primeira vez que não pagaram sua mãe, já passaram dificuldade por isso, mas Sarah nunca precisou pôr os pés no Kailua.
Abriu a porta que foi de encontro com a parede e a primeira coisa que viu foi um cara de pescoço tatuado com uma camisa social preta, sentado, inclinado em uma cadeira olhando para o teto, sem notar sua presença, o que ela agradeceu mentalmente, porque estava buscando a maçaneta para fechar a porta ao ver que havia uma mulher de joelhos debaixo da mesa. Tocou na maçaneta para fechar a porta, ele abriu os olhos e se encararam. O homem a olhou de cima a baixo enquanto ela reparava o quão bonito ele era. Voltaram a se encarar, com ela puxando a porta para si. Ele abriu um pouco os lábios e logo em seguida mordeu o inferior, fechou os olhos novamente, inclinando a cabeça para trás e forçando os músculos do braço no que seria a cabeça da mulher.

Secrets of KailuaOnde histórias criam vida. Descubra agora